As mãos pequenas e velozes pareciam mergulhar no tecido junto da agulha, não traçavam linhas, apenas faziam marcas que logo dariam vida à arte. Os olhos ferozes e castanhos corriam pelo cetim branco em suas palmas, se esforçavam para caçar qualquer erro e expor sua visão nele. Ou para esquecer certos problemas.
- Ai! Unnie, cuidado! - Soojin, a modelo cujo corpo estava servindo como molde para a nova criação de Miyeon, exclamou - Já é a terceira vez que você me espeta com essa agulha!
- Ah, pare de ser dramática - Miyeon respondeu revirando os olhos e voltando a fazer as marcações com a agulha - E pare de se mexer.
Cho Miyeon era uma estilista no auge dos seus vinte e quatro anos. Tinha terminado sua faculdade havia pouco tempo e já tinha embarcado na primeira de muitas, esperava, Semana da Moda de Seul. Havia criado alguns crôquis que foram aprovados para participar do desfile e agora estava arrumando as marcações para mandá-lo à custura. Não podia estar mais feliz. Mas com certeza não esperava que pudesse ficar mais estressada. E surpreendentemente a causa pouco tinha a ver com suas criações ou seu trabalho.
- Não estou me mexendo, você quem está estressada por causa da Minnie e está descontando em mim - Soojin resmungou contrariada na esperança de Miyeon não ouvi-la, mas foi e inútil. Apenas em escutar aquelas seis amaldiçoadas letras, a Cho sentiu seu corpo borbulhar em uma raiva que pareceu correr pelas suas veias e contaminá-la em questão de instantes. O que resultou em outra pontada bem na cintura da pobre modelo a sua frente - De novo, unnie!
- Não tem nada a ver com aquela... ugh! - só de pensar em dizer o nome da garota, os dentes de Miyeon rangiam e suas mãos se apertavam, mas seu coração também amolecia e um suspiro ficava preso em sua garganta.
Miyeon e Minnie não eram o exemplo mais fiel de um casal. Ou um par. Ou de amigas. Sequer as duas sabiam descrever o que eram exatamente. Mas isso não as impedia de trocar beijos, toques e gemidos entre si. Acreditavam não conhecer nada além dos seus corpos.
Haviam se conhecido por meio de Shuhua, a namorada de Soojin. Era atriz e seria a protagonista de uma peça teatral, por isso não pensou duas vezes em convidar suas amigas para a assistirem. Miyeon, que era uma amante do teatro, não tardou em aceitar o convite, e depois de ver e se encantar com cada um dos atos, pediu para que a Yeh apresentasse-a ao escritor do espetáculo. Com certeza a Cho não esperava que fosse uma mulher, uma linda e interessante mulher chamada Nicha Yontararak que assinava como Minnie. E certamente não imaginava que ela iria transformar sua vida num dos dramas que amava escrever.
Se encontravam, se beijavam e quando percebiam, estavam debaixo das cobertas se satisfazendo. Minnie fazia-a se sentir tão bem naqueles momentos prazerosos, acreditava que ninguém além daquela tailandesa de beijos quentes podeira lhe deixar daquela forma. Mas sempre acabavam de alguma forma se desentendendo e nessas horas a Cho pensava que seria melhor se não se conhecessem. Contudo, quando ela punha as mão em sua cintura a coreana perdia o rumo e se esquecia disso. Talvez essa fosse a razão de serem boas na cama.
Agora, Miyeon se encontrava cheia de sentimentos tão intensos quanto a garota que os causava. Estava com raiva, com o mais puro ódio de Minnie e desejava nunca mais vê-la. Os sentimentos vermelhos percorriam sua pele até perfurar seus ossos e cobrirem-na. Entretanto, a aflição, preocupação e saudade se conflitavam em seu âmago. Queria chorar pela mulher de fios rosados até que ela voltasse para seus braços e isso a enfurecia. Não deveria ser assim.
Pensando nisso, Miyeon mal percebeu quando parou de pregar os alfinetes e apenas passou a encarar o tecido em suas mãos, deixando um suspiro cansado escapar dos seus lábios. Todavia, Soojin percebeu o estado de sua amiga e logo se afastou dela para se sentar a sua frente. Perguntou com os olhos a fitando em acolhimento:

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Good in Bed
Hayran KurguMiyeon e Minnie não eram o exemplo mais fiel de um casal. Ou um par. Ou de amigas. Sequer as duas sabiam descrever o que eram exatamente. Mas isso não as impedia de trocar beijos, toques e gemidos entre si. Acreditavam não conhecer nada além dos seu...