Os deuses abençoam aqueles cujo destino é entrelaçado ao equilíbrio. Porém, num mundo onde a maior parte dos territórios é unida por uma fé intolerante, os conectados aos deuses são perseguidos e suas existências são negadas.
Uma resistência formad...
A Batalha da Mata Solitária virou, ainda que por enquanto, a balança de poder a favor da Península do Leste. Quatro exércitos retornam vitoriosos para seus respectivos territórios, entretanto, sem tempo suficiente para comemorar. Um ataque marítimo iminente está a caminho e tolos são aqueles que não se preparam para enfrentar a Terrassanta.
Íris, Hugo e Gunter juraram a Rando que as suas habilidades de cura ficariam em segredo para sempre.
Além disso, eles ainda não sabem explicar o que realmente aconteceu naquele lugar.
Tampouco que uma deusa foi a responsável pela vitória.
Tampouco, ainda, que a tal deusa não é bem uma divindade.
Enquanto a guerra começava e desenrolava, outros acontecimentos ocorriam paralelos do outro lado do mapa
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Extremo-Norte, Desolação
ROSE V
A expressão de decepção no rosto de Gani ao retornar do buraco deixou Rose com um grande sentimento de culpa. Era a nona escavação errada e a situação não estava nada agradável. Se Rose não fosse uma invulnerável, Zenabu, com certeza já teria lhe passado na espada. Fazia quase um mês que a tripulação estava congelando na Desolação do Norte e todos temiam retornar de mãos vazias.
Enquanto isso, os ouvidos da invulnerável estavam atentos às orações concentradas na Mata Solitária. Uma distância enorme que ela nem sabia contar. Mesmo estudando todos os dias, os mapas nunca foram o seu forte. Mas não podia deixar de ouvi-las, a palavra "bastarda" estava sendo dita com frequência e isso não era um bom sinal.
Não podia demonstrar o que estava acontecendo. Zenabu deixou claro que não queria ouvir mais sussurros do Leste. A última vez foi há doze anos quando Íris escorregou da escada do castelo. A capitã tinha as razões dela e Rose achou melhor não perguntar. Além disso, misteriosamente, ficou mais difícil ouvir a Íris depois disso. Como se a energia do colar diminuísse. Somente em raras situações de perigo Rose conseguia ouvi-la. Por isso torcia para que não a ouvisse tão cedo.
Respirou fundo e tentou disfarçar a preocupação.
Acenou para os piratas e entrou no buraco de gelo no solo congelado como se isso fosse fazer alguma diferença. Vasculhou o pequeno túnel recém escavado e nada encontrou exceto mais gelo. Ainda fez a façanha de se cortar ao se segurar numa pedra pontiaguda para voltar à superfície.
Estava frio demais e todos estavam cobertos de roupas quentes. Rose deu um aceno triste para os que estavam ao redor sinalizando que ela mesma iria dar a notícia ruim à capitã. Mais três dias inúteis naquele inferno.
Zenabu estava completamente coberta exceto os olhos. Vestia um xale pesado por cima do sobretudo de inverno e um grande tecido cobria o cabelo e quase todo o rosto. Ela já devia saber o resultado da escavação. Se fosse bom, a tripulação gritaria de felicidade e não retornaria furiosa ao Lágrima do Mar.
