Mar do Sul
ÍRIS X
A tensão no semblante de Naloan Gael traduzia o sentimento de todos os tripulantes. Ninguém dizia uma palavra. Só se podia ouvir o som suave da calmaria do mar depois da tempestade em harmonia com o farfalhar das velas do Fúria do Leste. Íris levou a mão direita involuntariamente ao cabo de uma das espadas cruzadas na lombar enquanto observava a destruição e sentia o cheiro de morte em todo lugar.
Mastros, velas, remos e todo tipo de destroços, boiavam deixando claro que houve uma batalha intensa há poucos instantes. Havia alguns vestígios de incêndios em partes de navios e todos tinham as velas amarelas com o brasão da Casa Kol de Porto da Baixada. Apenas um navio era diferente. Tinha velas vermelhas e uma grande estrela pintada na popa, a única parte que restou pois não havia o meio e tampouco a proa.
O primo de Lorde Laio Kol estava desesperado e aos prantos. Alguns tripulantes tentaram acalmá-lo mas o homem estava inconsolável.
Íris já estava sentindo aquele alerta incômodo e involuntário que seu corpo fazia quando algo estava errado. Sentiu um calafrio e se virou bruscamente para alguém que se aproximou de si.
— Mas que bagunça — disse Fin.
— Você? O que está fazendo aqui? — perguntou Íris.
Fin era um dos rapazes que treinava esgrima com Íris antigamente. Mas ele ficou muito próximo de Jule e Roger enquanto Íris ficou mais próxima de Hugo e Gunter. Não eram grandes amigos, mas também não tinha nada contra ele, embora todos gostassem de chamá-lo de covarde. Ela só não entendia o porquê dele estar a bordo se cada pessoa foi selecionada por Sor Vincent. Fin nem recebeu o título de cavaleiro como os outros.
— Por que a surpresa?
— Nada... eu só não esperava te encontrar aqui. Todos são tão mais experientes...
Fin cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha.
— Você nunca percebeu o que eu realmente faço nas batalhas, não é? Os outros rapazes eu até entendo, mas achava que você já teria descoberto.
— O que eu deveria descobrir?
— Venha ver.
Fin tirou um pequeno estojo de um bolso oculto do casaco e o desenrolou sobre a mureta do convés do Fúria do Leste. Debruçou sobre o conteúdo e puxou Íris para que ninguém pudesse ver o que ele estava lhe mostrando além dela.
O estojo continha dez dardos de sopro. Cinco eram amarelos, três eram de cor laranja e dois eram vermelhos. Íris ia tocar em um, mas Fin lhe deu um tapa na mão.
— Não toque nos vermelhos se não quiser morrer.
— E nos outros?
— Não toque também se não quiser ficar paralisada por várias horas.
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Invulnerável
FantasiOs deuses abençoam aqueles cujo destino é entrelaçado ao equilíbrio. Porém, num mundo onde a maior parte dos territórios é unida por uma fé intolerante, os conectados aos deuses são perseguidos e suas existências são negadas. Uma resistência formad...