THOR POV •
— Você não precisa dormir no chão... — Peter mordeu o labio, olhando para o teto. Parecia um pouco culpado por ocupar a única cama sozinho.
Franzi o cenho e me permiti sorrir, de onde estava o garoto não podia ver meu rosto.
— Quer que eu durma com você, é? — questionei num tom misto de ironia e safadeza.
— N-n-não. Não, espera. Não foi o que eu quis dizer... — Peter negou avidamente, ainda mirando para o teto.
Dei risada, imaginando o quanto o novaiorquino devia ter ficado corado.
— Relaxa, Parker. — acalmei-o num tom neutro — Eu entendi o que quis dizer.
[...]
Mais silêncio se estabeleceu.
Estávamos ambos a meia luz. Peter vestia minha camisa dos Yankees e calças moletom ligeiramente frouxas na cintura. O mais próximo de um pijama que ele conseguiu encontrar no meu armário.
— Então... — o menor relembrou a proposta de dividir a cama.
Suspirei um pouco, mantendo as mãos sobre o peito. Tinha várias coisas para considerar, mas parte de mim implorava para dividir na cama com ele. Especialmente as partes mais baixas de mim.
— Eu até aceitaria a proposta, mas eu sou um cara meio espaçoso na cama. Atrapalharia o seu sono.
Era mentira. Eu ainda estava excitado por causa do banho e não queria que ele percebesse.
— Ah... — notei uma pontada de desapontamento no seu tom — Tudo bem.
Ouvi um rangido na cama, como se Peter tivesse subitamente decidido deitar de bruços e logo em seguida a luz do abajur se apagou.
[...]
Por alguns minutos, tudo que consegui ouvir foi o som dos grilos chiando do lado de fora.
De olhos abertos, eu assistia o que imaginava ser a silhueta de Parker se perder na penumbra. Mas bem quando finalmente consegui fechar os olhos, eu ouvi a voz dele:
— E se eu não for o cara certo para Nova Iorque? — Parker questionou em voz alta — Quer dizer. É uma cidade muito grande, talvez eu até servisse sei lá... No Tenesse? Mas Nova Iorque? Tem que haver um herói mais... Profissional para servir aqui...
— Você é um herói profissional. — eu o interrompi sem hesitar.
— Eu sou só o Peter Parker... Por que não chamamos sei lá o Doutor Estranho? — ele propôs de sobrancelha arqueada.
— Na verdade, Strange já reside em Nova Iorque, mas ele é ocupado demais com... — eu não sabia muito bem com o quê — Aquela coisa com espelhos e... Bem, ocupado demais com alguma coisa.
— E a Capitã Marvel?
— Eu não sei onde ela está, mas também deve estar ocupada.
— Máquina de Combate?
— Pete. — foi a primeira vez que usei esse apelido na sua frente — Nova Iorque não precisa de nenhum outro herói, eles tem você. O Homem Aranha. O "amigão da vizinhança", não é assim que te chamam?
Peter suspirou profundamente, como se tentasse digerir o meu ponto a seco.
— Você dá conta. — eu reiterei.
O escuro deixava a conversa reticente em cada pausa. Eu não sabia se ele ainda estava acordado, se estava refletindo em silêncio ou só me ignorando. Tinha que esperar uma resposta de Parker, mesmo não sabendo se haveria uma. O que trazia certa adrenalina à conversação.
— Eu perdi. — a voz rouca do garoto me machucou de muitas maneiras — Eu... Levei uma surra, Thor. Teria morrido na explosão se não fosse por você... Eu não dei conta.
Bem, era verdade. Eu o encontrei quase morto.
Pensei bastante antes de lhe dar outro conselho porque não queria errar. Eu não tenho muita experiência com conselhos. Só sou bom em esquecer deles bem na hora que preciso. Odin ficava furioso, mas enfim isso não vem ao caso.
O fato é que por vezes esquecia que Peter era só um garoto terminando o High School, um adolescente cheio de inseguranças e medos do futuro, os quais tambem já enfrentei em algum momento.
Como todo garoto, Peter Parker só precisa de alguém que o abrace e diga que vai ficar tudo bem.
E sim, eu senti vontade de abraçá-lo.
— Todos os heróis já levaram uma surra, Peter. — fiz uma pausa justa, antes de reconsiderar — Quer dizer todos menos eu, eu sou um deus e digno.
Peter sorriu, debochando.
— Não foi o que o sr. Stark disse... — ele resmungou baixinho.
— Stark mentiu, com certeza. — neguei severamente com a cabeça, mesmo que Peter não pudesse me ver e o mesmo caiu na risada — E o que quer que Banner possa ter dito sobre um duelo em Sakaar, também não é verdade...
Ele riu.
A risada solta de Peter me deixava duas toneladas mais leve, como se a gravidade estivesse bem perto de parar de funcionar.
Ele estava sorrindo. Mesmo naquele dia tão difícil. Era o que importava.
— Ai, ai... — o jovem herói resmungou, tentando conter a risada.
Ouvi algumas batidinhas vindo da cama, como se estivesse inquieto para dizer algo, mas levando em conta o silêncio que fizera por um bom tempo, considerei tentar dormir outra vez.
Talvez todos devêssemos fazer isso.
— Thor.
Pisquei os olhos algumas vezes quando o ouvi me chamar.
— Huh?
Minha voz soou grave e sonolenta de uma forma arisca.
— Eu não quero dormir sozinho...
O jeitinho manhoso como Peter pronunciou isso foi o suficiente para derreter todas as minhas defesas. Suspirei outra vez, tentando não pensar demais no que poderia acontecer em seguida.
Você pode se controlar, Thor. Você consegue.
Apanhei meu travesseiro, ainda envolto pelo cobertor e caminhei sobre passos pesados até a cama. Pete estava deitado de bruços, com as costas viradas para mim, então bati aquele lado da cama e posicionei meu travesseiro no lugar.
O que quer que tenha acontecido no metrô lhe deixou assustado demais até para dormir sozinho. E aquilo para mim era um sinal de alerta.
Com uma expressão cuidadosa, deitei ao lado dele na cama, mantendo uma distância confortável suficiente para mim e minha ereção indesejada. Não queria ultrapassar nenhum limite, mesmo que a tentação de sentir o cheiro de Parker tão perto fosse fatal.
Tenso e temendo qualquer movimento brusco, acabei me sentindo engessado na cama. Em algum momento não percebido por mim, Peter acabou acomodando sua cabeça sobre meus bíceps. Sempre manhoso, ele acariciava meu pulso em movimentos circulares com a ponta dos dedos, brincando de arrepiar os pelos do meu antebraço.
Minhas sobrancelhas arqueavam sempre que ele fazia isso. Aquele garoto novaiorquino não tinha nenhuma noção do quanto me tirava do sério.
— Boa noite, Thor... — ele sussurrou sonolento, encontrando conforto em me ter por perto.
Minha voz demorou a sair, mas não soou tão enrijecida quanto imaginei que poderia ser.
— Boa noite, Peter Parker.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Thor - Amor e Trovão
Fiksi PenggemarDepois da queda de Asgard e declínio dos Vingadores, o mundo precisa se acostumar a uma realidade sem o Homem de Ferro, a Viúva Negra ou o Capitão America. Thor precisa encontrar um propósito e Peter precisa urgentemente perder a virgindade. De uma...