Mudanças Abruptas

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De pé em frente ao longo espelho e rodeado por várias costureiras que estavam apressadas para fazer os últimos retoques em seu traje de gala, Giyuu encarava seu reflexo com um olhar distante e vazio. A roupa apertada, toda em preto e elegante, composta por calça, paletó e colete, custou boa parte da pouca reserva dos cofres do reino. Tamayo parecia longe da serenidade que costumava transmitir, já que a beta estava sobrecarregada com tantos afazeres que precisavam ficar prontos antes do casamento, por isso a mulher apenas deu uma olhada na roupa a rigor do príncipe ômega e aprovou, saindo para fazer algo em seguida. Agora, com a ausência das costureiras e da governanta, Makomo se encontrava sozinha com Tomioka.

Nervosa e trajando um vestido longo azul-marinho com detalhes rosa, a Urokodaki se aproximou receosa do príncipe. Ele não lhe direcionou o olhar, não parecia aberto para diálogo desde o fatídico dia em que Sabito invadiu a casa do plebeu ruivo e depois chegou ao castelo enfurecido, deixando todos os servos com um ponto de interrogação na cara. Sabito manteve distância de seu irmão até então, como se tivesse vergonha dele. Honestamente, Giyuu amava muito o irmão e nunca havia duvidado que era recíproco, mas algo dentro dele dizia que Sabito nunca mais iria olhá-lo na cara. Afinal, o ômega perdeu a pureza antes do casamento e aquilo manchava a honra da família real.

Em contrapartida, Makomo sabia que havia feito algo errado, apesar de ser nas melhores das intenções, mas a garota nunca tinha se arrependido de algo quanto estava arrependida agora. A ômega arrumava a gravata borboleta de Giyuu e se incomodava por ele estar evitando encará-la.

— Pronto, está perfeitamente arrumado para seu casamento. — Makomo disse dando um sorriso fraco que não foi retribuído, Tomioka deu as costas e seguiu para a saída da sala. — Espere, príncipe Giyuu! Por favor, me desculpa, sei que o que fiz foi errado. — Suplicou a garota entre lágrimas, porém ele ignorou-a e seguiu seu caminho.

Naquele dia, diante ao altar, padre, convidados e seu noivo Obanai Rengoku, Giyuu encarava a porta de entrada da igreja gótica esperançoso pela possibilidade de um certo alfa ruivo aparecesse. Apesar de saber que isso seria um escândalo e Tanjiro provavelmente seria preso no calabouço, ainda existia esse fio de esperança. A contra gosto, quando o padre perguntou se ele aceitaria permanecer casado até que a morte os separasse, Giyuu respondeu "sim". Já Obanai, antes de responder essa pergunta, fitou Mitsuri Kanroji com um semblante triste.

Tomioka observou toda a igreja: os convidados nobres que nunca viu na vida com rostos felizes comemorando um casamento entre Nagi e Taiyo, pois significava que agora o reino seria próspero; a aliança em seu dedo anelar praticamente gritando que agora estava condicionado a um alfa que não amava, o olhar heterocromático apaixonado pela sua guarda real. Tudo era insuportável, essa é a palavra que Giyuu usaria para descrever esse momento.

— Um momento a todos — pediu Sabito chamando atenção de todos os quase duzentos convidados. Ele se levantou do banco da igreja, local onde ficou sentado sem olhar para Giyuu durante toda a cerimônia. — Tenho um comunicado a fazer.

Sabito andou até o altar sendo seguido com o olhar por todos os presentes. Giyuu chegou a pensar que ele não tinha aguentado guardar o segredo desonroso e iria revelar para todos agora, seria um escândalo. No entanto, assim que passou por Tomioka e seu noivo como se não tivessem ali, Giyuu soltou um suspiro de alívio. O príncipe herdeiro, na verdade, foi em direção das damas de honra, que estavam todas em pé em fileira. Ele se ajoelhou diante de Makomo, que olhou para aquilo assustada e sentindo suas bochechas ficarem vermelhas.

— Senhorita Urokodaki. — Ele pegou uma caixinha de seu paletó e mostrou para ela. — Aceita se casar comigo?

Logicamente que todos da igreja ficaram chocados, até mesmo o rei que até o momento estava com um semblante radiante de felicidade. A garota ômega estava em uma disputa interna, pois ao mesmo tempo que estava explodindo de felicidade, também estava receosa por não ser uma moça da realeza e o casamento não ser aceito. Makomo, buscando por uma saída, fitou as orbes cor de lavanda confiantes do príncipe herdeiro e seus lábios que diziam sem emitir som um "Eu te amo". Com isso, ela se sentiu confiante para estender sua mão para o alfa ajoelhado.

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