VI

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Tirei uma fotografia de uma moldura e guardei no bolso. Saímos do sótão, voltei a trancar a porta e escondi a chave dentro da minha mala.

Helena - Ok, agora vamos fingir que nada aconteceu. Não podemos ir ter com a polícia porque não temos provas disto.

Manuel - Temos de pensar bem nisto tudo. Então vimos que os nossos avós verdadeiros são os da foto certo?

Helena - Certo.

  Manuel - Então os corpos que estavam na geladeira, são eles?

  Helena - Provavelmente sim.

  Manuel - Eu queria ter a certeza mas ao mesmo tempo não quero voltar lá.

  Helena - Nós temos de voltar, se calhar está lá a arma do crime e nem sabemos. Eu preciso é de descobrir quem são os que estão aqui em casa, porque nós avós não são mesmo.

  Manuel - Vou começar a ver as notícias, caso apareça algo estranho eu aviso-te.

Helena - Tabom.

Não os chamo mais de avós, não sei quem são sequer. Depois de terminar a conversa com o Manuel, ouvimo-los a chegar a casa.

Louise - Meninos, ajudem-nos com as compras.

Helena - Vamos já.

Fomos ter com eles e ajudámos a carregar os sacos até ao balcão da cozinha e a arrumar as coisas. Até que tive uma ideia, e que tal eu conversar com ela sobre a infância da minha mãe?

Helena - Avó, como era a mãe em pequena?

Louise - Ah era uma criança igual às outras.

Helena - Mas ela não era assim especial em alguma coisa?

  Louise - Não.

  Helena - Ela gostava de desenhar ou de pintar?

  Louise - Isso todas as crianças gostam né.

Desisti de falar sobre este assunto, visto que ela não falou nada. Enquanto arrumo a comida enlatada no armário, vi e que ela tinha comprado uma faca grande, como as dos filmes de terror. Mas o que me chamou à atenção não foi isso, foi que ela passou quase um minuto sem parar a olhar para a faca. Não mexeu, não disse nada, apenas olhou.

  Helena - Está tudo bem?

A Louise, já não a chamo de avó, olhou para mim, da maneira mais séria que já vi, e falou.

  Louise - Porquê?

  Helena - Não sei, eu vi-a a olhar parada tanto tempo e achei que algo tivesse acontecido.

Louise - Não aconteceu nada, agora continua a arrumar.

Fiquei assustada após a sua reação relativamente à minha pergunta, porém algo maligno se passa. Quem que fica tanto tempo a olhar para uma faca? Um objeto que poderia ser usado num crime..

Os Meus AvósOnde histórias criam vida. Descubra agora