VII

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Manuel On*
Ajudei-as na cozinha mas depois fui para a sala ver televisão. Estava a navegar pelos canais todos, mas não encontro nada de interessante.

Júlio - Então Manuel, o que se passa?

Manuel - Só estou com saudades de casa, nunca estive tanto tempo longe da mãe.

Júlio - Haha não fiques assim rapaz. Olha vem-me ajudar ali fora.

Segui-o até a uma casinha no jardim, onde ele costuma cortar lenha.

Júlio - Para cortares lenha, precisas de força. Agarra aqui.

Manuel - Mas isso está mesmo muito sujo.

Júlio - Agarra já! - gritou ao ponto de me deixar assustado

Era um machado, estava tão sujo que a parte onde se agarra, em vez de castanha estava preta.

Júlio - Para cortares é fácil, dás impulso e acertas no meio da lenha, percebeste?

Manuel - Sim, mas não acho que eu seja capaz disso. Aliás, nem gosto muito disto.

Júlio - Pois mas nem tudo é como queremos, e por isso vais cortar. Corta.

Não tive outra escolha senão cortar. Dei impulso, agarrei bem no machado de forma a que não me saísse das mãos e cortei. Agora era a vez do Júlio cortar, enquanto ele cortava várias lenhas de seguida, eu olhava em volta. Passou um carro, vermelho e pequeno. Quem conduzia era um homem, não muito velho e não muito novo. Não olhou para mim, olhou só para o Júlio. Olhou de uma maneira confusa, como se o conhecesse ou como se a cara do Júlio não lhe fosse estranha. Ignorei.

Voltámos para dentro pois o sol já se estava a pôr, e começou a ficar frio. Jantámos e fomos dormir. Tudo isto está-me a deixar cada vez mais cansado psicologicamente e fisicamente. Não estava preparado para nada disto.

Os Meus AvósOnde histórias criam vida. Descubra agora