Capítulo 15 - Natal

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Draco bebericou seu chá enquanto olhava para a lareira. Seus pais sentavam ao seu lado segurando suas próprias canecas. Seu pai, usando óculos de meia lua, lia um livro grosso de fantasia e sua mãe, com pantufas de lã, encarava o fogo crepitante parecendo cansada.

O natal era naquela noite e já estava em casa há uma semana. Não queria admitir e também não entendia ao certo a urgência que sentia em seu peito. Sempre esperava ansiosamente pelas férias, sempre sentia-se feliz e animado ao chegar em casa para as festas do fim de ano. Dessa vez, no entanto, sentia-se agoniado, queria que as férias acabassem para que pudesse voltar para a escola. Suspirou frustrado.

-Suspiros de frustração, inquietação, olhares perdidos e murmúrios ao ouvir música... me pergunto se toda essa ansiedade tem nome, sobrenome, varinha e endereço. –O pai comentou em voz baixa sem tirar os olhos das páginas de seu livro. Draco arregalou os olhos sem desviar da lareira.

-Não entendi. –Mentiu coçando a nuca.

-Eu também não, meu filho. Eu também não. –Lucius Malfoy bebericou seu chá.

Houve um silêncio infernal por um minuto. Draco cruzou as pernas e sacudiu seu pé suspenso enquanto fingia estar distraído. Narcisa observava o filho com certa diversão demoníaca.

-A pessoa está em Hogwarts? –A mãe perguntou em meia voz, também fingindo não estar interessada.

Draco pensou em fingir que não havia ouvido a pergunta, mas seria estúpido. A casa estava silenciosa a não ser pela movimentação dos duendes na cozinha. Sentiu seu corpo contrair.

-Que pessoa? –Sem coragem, preferiu fingir que não estava compreendendo a conversa dos pais.

-A que deixou essa marca que você tentou esconder com um cachecol. –Narcisa apontou em direção ao pescoço de Draco, que deu um pulo passando a mão sobre o pescoço. Havia sido muito descuidado. Lucius fechou o livro, marcando a página com um dedo.

-Já faz uma semana e apenas agora a marca está desaparecendo. –O pai notou sorrindo de canto. –Deve ter sido uma noite e tanto.

Draco sentiu a vergonha o invadir ao recordar as lembranças da última noite que passara na escola. Puxou o cachecol, o enrolando novamente envolta do pescoço e cobrindo até a altura de seu queixo.

-Sim, ela está em Hogwarts. –comentou baixo para a lã de seu cachecol, sentindo-se mal-humorado.

-Por que ela não foi para casa?

-A família dela... É complicado. –Draco se calou sem saber ao certo se devia ou não contar a verdade para seus pais. Era a vida de Hermione em jogo, quanto menos pessoas soubessem a verdade melhor, por outro lado, pensava se os pais não poderiam ajudar de alguma forma.

-Entendo, e porque você não a chamou para vir passar o natal conosco? –Narcisa voltou a perguntar, desta vez observando o filho bem de perto.

-Pelo mesmo motivo. –Draco fez uma careta olhando as folhas flutuando em seu chá.

Todos ficaram em total silêncio por algum tempo. Draco se sentia um tanto envergonhado e um tanto melancólico. Jamais pensou que em algum momento estaria conversando com seus pais com tanta naturalidade sobre uma menina. Lucius ainda o observava, agora com uma sobrancelha levantada.

-Sabe, acho que está na hora de um Malfoy saber fazer algo além de curtir a vida boa. –O pai comentou fingindo desinteresse enquanto bebia mais um gole de chá.

-O que quer dizer, querido? –Narcisa ergueu uma sobrancelha para o marido.

-Quero dizer, querida, que a melhor coisa que eu já preparei foi uma xícara de chá para você. –Ele ergueu a caneca e a esposa ergueu as sobrancelhas.

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