Capítulo 13 - Observada

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Como toda a noite, Hermione saiu do salão principal e rumou diretamente para a sala precisa. Nem se importava mais em dar desculpas esfarrapadas aos amigos. Em geral, eles já não faziam mais perguntas. Aparentemente preferiam a ausência de resposta a uma mentira bem inventada.

Carregava um sorriso de canto no rosto, aquele sorriso que parecia esconder o mundo. Nos últimos dias tudo parecia estranhamente fácil, agora que a grifinória e o sonserino haviam firmado o acordo de não fazer nenhum tipo de promessas.

É claro... O fato de estar cada vez mais envolvida pelo menino parecia causar certo desgaste em seu próprio ego, mas tentava não pensar a respeito. De qualquer maneira, Malfoy não era diferente.

Estava cada vez mais difícil passar pela menina no corredor e desferir um xingamento e não a puxar para o canto mais escuro que encontrasse. E, céus, porque diabos ela insistia tanto em mexer no cabelo durante as aulas?! Ou porque mantinha aquela ruguinha entre as sobrancelhas durante as aulas de poções?! Durante essas, Draco precisava se controlar para não atravessar a sala e explicar detalhadamente cada passo da poção. Não que se importasse com as notas dela ou com ela verdadeiramente, é claro... é claro que não se importava! Imagina...

A menina abriu a porta lentamente e olhou para o corredor que continuava vazio. Sabia que logo Draco apareceria. A sala logo ganhou a iluminação trêmula dos candelabros. Tirou sua capa e a jogou em um canto qualquer, agitando os fios de cabelo com uma das mãos. Bateu a varinha algumas vezes na perna e olhou em volta.

Mais do que nunca não queria esperar. Queria que o loiro chegasse de uma vez e, assim, pudesse gastar integralmente com ele as últimas horas do dia. Havia acabado de soltar um suspiro quando, fazendo um som aterrorizador, uma única coruja entrou pelas janelas pequenas do fundo da sala.

A fenda no vidro era tão estreita que um animal muito grande não poderia passar. A ave tinha a plumagem escura e olhos cortantes. O bico parecia feito de metal e ela voava perigosamente em direção a Hermione.

A menina se jogou para o lado para não ser atingida e pensou em lançar um feitiço no animal, porém ele já havia partido, largando sobre o chão o que se parecia com um envelope.

Não estava endereçado, mas sabia que era para ela. Aquele tipo de coruja, de raça, normalmente entregava correspondência apenas para o destinatário.

Franziu a testa. A única pessoa que enviaria correspondências seria o ministro da magia, mas não via motivos para entrar em contato. Ajoelhou-se no chão e abriu o embrulho com cuidado, derrubando o conteúdo no chão antes de checar.

Eram vários pedaços de papéis. Hermione pegou o primeiro e olhou curiosa, sentindo uma pontada pinicar em sua nuca. Era uma foto. Uma foto que a menina não fazia ideia que existia. Era dias antes do incêndio. O incêndio que a levou até Hogwarts. A foto foi tirada do lado de fora da janela, e aparecia Hermione lendo um livro na casa que pegara fogo.

Passou a mão em total desespero pelos próximos papéis. Pedaços de jornal com reportagens sobre sua família, mais fotos em que ela aparecia ao lado de algum familiar ou sozinha. Percebeu também pedaços de livros. Sua família estava presente em vários livros de história da magia por conta de todos os acontecimentos. Em nenhum deles havia seu nome, pois nunca fora divulgado, mas, nas linhas riscadas pela ponta de uma pena, havia citações sobre sua existência.

Passou a mão pelo rosto, sentindo urgência em fazer qualquer coisa. Aquilo não poderia estar acontecendo. Não outra vez. Olhou novamente para o chão e um último pedaço de papel continuava sem ser lido. Com cuidado, como se fosse uma bomba relógio, o pegou.

Born to DieOnde histórias criam vida. Descubra agora