Era uma vez em Veneza (Concluído)

16

Acordei zonzo, com uma terrível dor de cabeça. Senti minha meu corpo afundado em um colchão macio e, por um momento, jurei que estava no palazzo, em meu quarto, seguro. Mas assim que abri os olhos, vi que eu estava muito longe da segurança. Olhos de caçador me encaravam profundamente, e eu ergui o corpo rapidamente, mas com isso apenas ganhei uma tontura e olhos desfocados.

"Acordado, finalmente." Tom Riddle falou com divertimento. Eu ofeguei baixinho e olhei ao redor assim que meus olhos resolveram funcionar. Estávamos em um quarto pequeno e havia um sacolejo estranho em toda estrutura. Logo compreendi que estávamos em um navio.

"Onde está o Andrej?" Perguntei assim que voltei a olhar para Riddle. O caçador ergueu as sobrancelhas e se levantou, aproximando-se da cama. Tentei me mover para longe dele, mas não tive mais para onde fugir quando a madeira do navio bateu contra minhas costas.

"O garoto junto com você? Dei como diversão para meus homens, antes que o Potter venha te salvar." Ele sorriu cruel. "Ou tentar te salvar."

"Desgraçado!" Gritei e tentei atingi-lo de alguma maneira. Estava desesperado por Andrej, imaginando o que ele estaria sofrendo. Deuses, ele não merecia aquilo de novo. Riddle me imobilizou facilmente, segurando meus pulsos de forma dolorosa. Meu coração disparou de desespero e medo. "Me larga, bastardo!"

Riddle riu.

"Durante todos esses anos..." Riddle me puxou contra ele, e pude sentir seu hálito contra meu rosto. Fechei os olhos com repugnância quando ele aproximou os lábios de meu ouvido. "Potter deve ter aproveitado bem seu corpo. Sabe, aquela noite, eu estava comprando você especialmente para a minha cama."

Soltei um gemido baixo de nojo ao sentir a língua dele em meu pescoço e seus dentes mordendo-me. Empurrei-o com toda força que consegui reunir e tentei correr para a porta, mas ela estava trancada. Tom riu enquanto se erguia – havia caído de costas na cama e agora vinha lentamente na minha direção, com um brilho sádico nos olhos negros.

Eu me virei e o encarei cheio de ódio.

"O que você quer comigo?" Ele parou no meio do caminho, e sua cabeça pendeu para o lado, analisando-me com divertimento. Eu odiava todas as expressões dele. Todas pareciam cruéis.

"Você é a isca." Ele informou abrindo um sorriso calmo. "Acha que eu não sei que é amante de Harry Potter? É óbvio que ele virá resgatá-lo em desespero assim que souber que você está comigo."

Meu coração falhou uma batida e eu levei uma mão ao peito, tentando manter a calma.

"Harry vai acabar com você." Rosnei sob a respiração alterada. "Ele já te venceu por três vezes. Foi você quem fugiu de Veneza. E é você quem precisa usar golpes baixos para atingi-lo."

Em um piscar de olhos, minha garganta já era violada pela mão forte de Riddle. Eu sufoquei, o ar não entrando nos meus pulmões. Minhas costas estavam pressionadas contra a porta, e eu quase não sentia meus pés no chão. Segurei o braço dele, tentando afastá-lo, mas não tive forças. Ele me encarava com tanta raiva que achei que me mataria ali mesmo.

"Um golpe baixo seria matá-lo e causar o maior dos desesperos em Harry Potter." Ele ameaçou em um tom detestável, que mais parecia o sibilar de uma cobra. Ainda apertou com mais força minha garganta antes de me soltar. Caí de joelhos no chão, levando minha mão ao pescoço enquanto puxava o ar ruidosamente. "Mas preciso fazer isso na frente dele. Doerá mais."

"Filho da mãe... você matou os pais de Harry!" Acusei com a voz arranhada, erguendo o olhar. Riddle sorriu desdenhoso e não tentou negar. "Por quê?"

"Por quê? Potter nunca lhe contou?" Tom riu pelo nariz, cheio de escárnio, e se ajoelhou à minha frente, nivelando seus olhos aos meus. Seus olhos ônix eram mesmo terríveis, sem qualquer sentimento que não ódio, amargura, crueldade. "James Potter era uma pedra no meu sapato. Sempre foi, desde que éramos mais novos."