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Corri diretamente para meu quarto, arranquei a fantasia de meu corpo, coloquei uma roupa leve e me joguei na cama, abraçando-me a um dos travesseiros. Mordred ficou agitado ao me ver, mas o deixei no chão. Meu coração não voltara ao ritmo normal. Eu ainda sentia como meu corpo houvesse caído em um formigueiro, e eu não pudesse ficar quieto por muito tempo. Fiquei revirando de um lado para o outro, sem parar, sorrindo em alguns momentos, ficando sério e angustiado em outros.

O que havíamos feito?

Toquei meus lábios e senti-os quente, formigando. Quando Harry me beijou, eu não pensei em nada além do calor de sua boca, ou a maneira como ele me segurou firmemente, prensando-me na parede com seu corpo. E era estranho, pois agora quando eu parava para pensar e relembrar, eu me sentia angustiado, nervoso e amedrontado.

Talvez por isso eu houvesse corrido no lugar de deixar que ele tirasse a minha máscara. O que eu faria agora? E, teria ele me reconhecido? E se tivesse? O que eu falaria quando ele chegasse ao palazzo? Afundei o rosto no travesseiro, não querendo nem imaginar.

E se ele não havia me reconhecido... Por que me beijara daquele jeito? Seria ele o tipo de pessoa que agarrava qualquer um que se insinuasse? Pensei nas mulheres com quem ele saía - Cho Chang como o exemplo mais atual - que se jogavam em cima deles como moscas no mel, e cheguei à conclusão que sim, talvez ele fosse esse tipo de pessoa. E isso me deixou ainda mais atormentado.

Passei horas deitado na cama revirando de um lado para o outro, sem saber o que fazer. Até que Anna apareceu. Ela deu duas batidinhas rápidas na porta antes de se esgueirar para dentro. Só então percebi que a noite já ia alta. Ela sorriu para mim e correu para a cama, jogando-se no colchão. Não vestia mais a fantasia, mas sim um de seus vestidos simples de poucas rendas.

"Draco, eu vou me casar!" Ela exclamou, segurando meus ombros e balançando-se na cama, fazendo o colchão ondular. Eu pisquei atordoado, enquanto ouvia "Hics!" indignados de Mordred por estar sendo deixado de fora da festa.

"Você vai sair aqui do palazzo?" Foi a primeira coisa que consegui perguntar. Ela parou e me olhou com carinho antes de deitar do meu lado.

"Sim, mas ainda vai demorar um pouquinho, então não precisa ficar triste." Ela falou.

"Eu não estou triste. Estou muito feliz por você." Reformulei rapidamente, revirando os olhos e dando-lhe um beliscão. Ela começou a me contar todos os detalhes, sobre como Justino a pediu em casamento, até que, de repente, soltou uma exclamação de susto, sentou-se de rompante e encarou-me com os olhos brilhantes.

"Esqueci completamente de você! Como sou egoísta! Vai, sua vez de me contar tudo que aprontou hoje!" Ela me encheu de perguntas, parecendo ainda mais jovial e entusiasmada do que nunca.

Contei-lhe o que havia acontecido. Ela tinha olhos tão esbugalhados ao final do relato, que a cutuquei no ombro, para certificar-me de que ainda estava consciente.

"Isso é tão romântico!" Ela gritou de repente, deixando-se cair novamente na cama. "Mas isso está errado. Você deveria ter deixado ele tirar a máscara, e então se declarado! Vamos, vem comigo. Acho que ouvi sons lá embaixo. Harry deve ter chegado." Ela saiu da cama e me arrastou junto. Eu tentei fincar os pés no chão, mas ela estava determinada.

"Anna... o que está planejando?" Sussurrei, como se alguém pudesse nos escutar.

"Você vai lá embaixo, e conta toda a verdade para o Sr. Potter. E eu poderei assistir em primeira mão a reação dele. Isso vai ser tão legal!" Ela cantarolou, com um sorriso enorme. O pedido de casamento a deixara mais maluca do que eu me lembrava.

Era uma vez em Veneza (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora