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Eu estava no mercado com meu pai fazendo compra para a minha casa, ele empurrava o carrinho enquanto eu colocava as coisas dentro. Eu estava contando para ele como foi a cirurgia que eu participei, eu não havia visto nada igual, era um tumor enorme, enquanto eu falava, tirei os olhos da embalagem de farinha panko e pousei no loiro, que estava com um olhar perdido na farinha de trigo da estante ao lado.

-Você não ouviu nada, não é? - falei o olhando

-É claro que estou ouvindo - ele disse se ajeitando, mas eu sabia que era mentira - Pode continuar!

-O que eu acabei de dizer então?

-Que a comida do refeitório estava boa...? - ele arriscou

-Não - falei me aproximando - Está pensando na produção daquela máquina do tempo, não está?

-Eu to sim! - ele disse baixando o olhar

Já fazia um mês que ele havia desistido disso tudo por mim, ele só fazia missões que o mantivessem neste espaço-tempo, mas aquilo estava o matando e eu sabia disso, só não queria aceitar.

-É... - respirei fundo - Eu acho que você deveria voltar a trabalhar nessa máquina.

-Claro que não, Lexxi! - meu pai disse arrumando o cabelo, pelo nervosismo, acredito. - Eu abri mão daquilo por você e é pra valer!

Eu realmente queria que aquilo fosse verdade, por isso que eu dei por válida aquela resposta e continuei a minha compra, obviamente o clima ficou mais tenso, porém, eu não queria lutar aquela guerra, eu não tinha estrutura para isso.

-Talvez você possa jantar no complexo amanhã, após o trabalho, o que acha? - meu pai disse colocando azeite de oliva no meu carrinho.

-É claro! - falei

-Que bom! - meu pai sorriu

-É... pai? - chamei

-Sim? 

-Tem um tempo que eu queria te perguntar, acho que poderia ser agora, existe um lugar onde trouxeram a minha mãe, após o traslado dela para cá?

Eu vi que logo ele ficou tenso, mas então disse.

-Não! - curto  e grosso.

-Eu gostaria de ter um lugar para visita-la, sabe?- tentei explicar meu interesse.

-Eu não sei onde a sua mãe está! 

-Você não sabe ou... não quer me falar?

Meu pai não disse nada, mas sua expressão já me explicava tudo.

-Acho que já entendi - falei antes de me virar para continuar minha compra.

-Acho que já entendi - falei antes de me virar para continuar minha compra

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Quando eu ia me virar pra sair dei de cara com minha colega de trabalho.

-Oi Lexxiiii! - ela disse sorrindo

-Oi, Mia! - falei me recompondo -Tudo bem?

-Sim! - ela sorriu, mas estava mais interessada em quem estava atrás de mim. - Não vai me apresentar?

Respirei fundo de forma sutil, com meu melhor sorriso falso falei.

-Mia, este é meu pai! Pai, esta é a Mia! 

-É uma alegria conhece-lo, sou uma grande fã! - ela disse sorrindo

-Obrigado! - meu pai disse sorrindo simpático.

Eu apenas virei as costas e continuei andando, deixado meu pai preso com Mia para trás. Já fazia uns dias que meu pai estava "azedo" comigo e isso estava me irritando, porque ele nunca queria resolver a situação e quando eu tocava em alguns assuntos ele ficava mais azedo ainda. Não sei porque tanto stress por um motivo tão simples, ele era casado com a minha mãe, o que tinha de errado eu querer saber dela? Da mulher que ele amou?
Eu estava pegando algumas verduras quando meu pai chegou.

-Sua amiga não parava de falar.

-Eu sei, por isso te deixei lá com ela - falei sem olha-lo.

Eu apenas ouvi um risadinha abafada dele, segundos depois veio a fala.

-Não quero que fique chateada comigo.

-Não estou chateada com você - falei o olhando - Eu to tranquila, pai. Eu só não entendo porque é tão irritante o assunto "minha mãe".


-Por que tudo o que você precisa saber sobre ela, você já sabe! - ele suspirou - Sua mãe não era uma santa e tem coisas nela, que eu não quero que você se inspire. Você é a MINHA filha e isso terá de ser suficiente para você!

-E é suficiente, mas, eu só queria um lugar onde eu pudesse ir chorar.

-A mulher que te pariu, não merece nenhuma das suas lágrimas! - ele disse um pouco irritado.

Parei a conversa ali, não queria piorar as coisas. Após a compra mensal, nós fomos para a minha casa e eu fiz uma janta. comemos e ele se despediu para ir embora, o abracei com força, para que ele soubesse que eu estava ali e que sim, ele era suficiente. 
Enquanto eu tomava um gole do meu chá, eu pensei comigo.

"O que você fez que o ofendeu tanto, mãe?"

Lexxi Rogers A filha do Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora