Capítulo 1

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Aqui estou eu a caminho da cerimónia de casamento do meu pai com minha madrasta... Eu e meu pai estamos discutindo sobre esse pequeno assunto.

- Sim pai eu sei que você ama Carla, mas tem a certeza que é isso que você quer? - Pergunto olhando meu pai de lado no carro a caminho da igreja.

- Filha eu amo muito ela, e você sabe que quando se ama alguém você quer dividir tudo com essa pessoa. - Ele fala me olhando.

- É... Eu posso tentar entender... Mas você também tem de entender que ela não é minha mãe, por isso já falamos que eu vou morar com minha verdadeira mãe, tá?

- É eu sei, mas você também vai ter que entender que eu vou ter muitas saudades e que eu não quero perder o contacto com você! - Ele ri e eu fico em silêncio. - Vai filha não fique assim que eu não gosto.

- Tá... Mas você também tem que entender que eu não gosto dela! - Rimos apesar de a minha frase ser um pouco doloroso para ele. - Podemos parar de falar nisso? - Falo séria agora.

- Claro... - Ele me encara e eu desvio o olhar para admirar a paisagem pela janela.

Chegamos na igreja e tudo correu normal, jantamos, dançamos e fizemos lá aquelas coisas que se faz em casamentos. Eu não convivi com quase ninguém, só com Xico, meu melhor amigo, que eu implorei a meu pai para ele ir. Assim passou o resto do dia.

No dia seguinte :

- Fillha! - Oiço meu pai me chamando no andar de baixo enquanto acabo de arrumar minhas coisas para morar com minha mãe. - Você já tem tudo pronto?

- Sim pai! Deixa eu só pegar uma última coisinha e já desço! - Pego numa foto de nossa família toda reunida de quanto os meus pais ainda estavam juntos, acaricio ela antes de a colocar numa caixa.

- Nossa... Nem tentou destruir nada no casamento... Tá saindo cheia de pressa... - Carla olha para mim encostada na parede do meu quarto. - Eu não entendo porque você não gosta de mim, afinal você é que nunca foi educada e obediente, tudo o que eu fiz foi para o seu próprio bem.

- Tudo o que você fez foi para o seu bem, não o meu. Não sei o que meu pai viu em você, eu espero que você não o faça sofrer como fez a mim. - Falo passando por ela levando a última caixa para a sala.

- Filha deixa isso que os senhores que contratei arrumam no carro, você pode ir ter com sua mãe, como tinha falado que queria ir de bicicleta. - Meu pai fala enquanto pega as malas para sua lua de mel.

- Tá bom, só vou levar essa mochila comigo. - Pego a mochila e dou um beijo na bochecha do meu pai. - Tchau!
- Adeus filha, vemo-nos depois.

Saio de casa e vou até a minha bicicleta. Falei com meu pai que não queria ir de carro porque eu tenho uma bicicleta que significa muito para mim porque foi meu avô que me deu antes de morrer e também adoro praticar desporto para além de ler e escrever. Já na saída dou de caras com meu melhor amigo sentado à porta de sua casa com o celular na mão.

- O que tá fazendo aqui? Não tem a Internet boa em casa e tá roubando a da vizinha? - Pergunto e ele ri.

- Tava esperando você sair para saber se tá tudo bem. - Diz meio preocupado.

- Tá tudo, porquê? Sabe de algo que eu não sei?

- Não é isso, é... A Carla não fez mais nada com você?

- Ah isso... Felizmente não neh, mas agora esquece isso. - Dou-lhe um sorrisinho carinhoso.

Francisco é um grande amigo para mim, ele sabe de tudo o que se passou comigo, ele é meu diário mais precioso. Somos vizinhos desde pequenos, mas agora vamos deixar de ser, o que é bom é que estamos na mesma escola, assim, facilita mais as coisas e a separação não fica muito dolorosa. Francisco adora ler as histórias que escrevo e eu adoro ouvir as batidas que ele faz em sua bateria. Ele quer muito criar uma banda e eu espero muito que um dia ele consiga, ele merece isso e muito mais.

Entre Dois IrmãosOnde histórias criam vida. Descubra agora