Essa questão foi um tema de prolongada discussão por muitos anos. O que separa um objeto inerte de um corpo vivo? O que faz um emaranhado de componentes químicos ter propósito? Produzir e consumir energia, fabricar cópias e evoluir. Estes conceitos não parecem ser destinados ao acaso.
Experimentos em câmaras completamente fechadas já foram tentados no passado. Ainda que se reúna todos os elementos orgânicos necessários para a vida, uma vez esterilizado aquele ambiente interno, nenhum micro-organismo aparece espontaneamente a partir de uma sopa química. Salvo destes ensaios apenas as formas císticas, esporos, encapsulados e extremófilos que se resguardam da desintegração provocada por fatores naturais ou artificiais. Estes seres jamais estiveram mortos, mas sim em um estado parecido com o de hibernação. Porém, mesmo entre eles, uma vez retirado o fator abstrato da vida, é impossível devolvê-lo.
Os Assimiladores conseguiram um grau de exatidão nunca antes imaginado na reprodução de tecidos orgânicos. Vamos tomar como exemplo a síntese de uma parte de um tecido muscular perdido em um acidente. A máquina faria uma varredura da área afetada e um molde seria reconstruído à nível molecular, reproduzindo cada filamento de actina e miosina bem como tecidos conjuntivos e tendões adjacentes. A peça final se encaixava perfeitamente no local afetado. De início, o músculo reproduzido obedecia todos os comandos do membro ao qual foi enxertado. Contudo, ao passar dos dias, se percebia uma mancha no local da inserção. O tecido não estava vivo, ele não conseguia se nutrir do sistema circulatório. A solução para isso foi a de criar uma nanopartícula capaz de substituir as células artificais defeituosas, proteínas desnaturadas e qualquer outro tipo de dano. Algo que o organismo faz diariamente com bastante naturalidade.
Era inútil tentar reproduzir um ser humano, um animal ou qualquer outro ser vivo. Não há como atribuir consciência ou algum valor metafísico à matéria, por mais quimicamente fiel que seja a cópia.

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Caso encerrado em 3034
Science FictionEm 2003 Marco recebe um e-mail intitulado "Do futuro".