Pele de Cobra

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Na ponta dos sapatos, sobreponho meu peso para frente e forço a minha mão na escada para observar um pouco de diversão correndo no espaço da grande sala do chefe do meu pai. Até parece que eu, Gina Franklin, estava gostando daquele jogo absorto. Depende, gosto bem mais do homem convidado pelo chefe da quadrilha. Ele pode ser um bandido mal, porém deve ser menos criminoso do que Jungkook. Mais simpático também.

— Aposto na cobra. — o apostador visitante de voz estrondosa e cabelos longos presos em um coque alto, grita e sorri para a mesa que eles estão.

O Jeon ajeita os óculos retrô e se remexe dentro da camisa florida, correspondendo a perda com uma lufada de ar intensa. Ele cobre a aposta e retorna com um animal. Eu juro que ainda não compreendi as regras do jogo estranho, mas levando em conta que estamos em um outro país deve ser daqui.

Como eu fui parar nessa situação? Vejamos… Realmente sei pouco disso, já que o meu pai apenas ordenou que eu entrasse em seu barco secreto e não fizesse muitas perguntas sobre o que estava acontecendo.

Espiono mais de perto a pequena prova de liberdade que tenho desde que pisei na mansão isolada. É tão chato estar trancafiada um mês sem poder ter contato com outras pessoas.

Fugir da polícia. Quem diria que um dia estaria sentindo essa sensação terrível no peito de ser perseguida por um órgão do estado, correndo perigo, descobrindo coisas cinematográficas e vivendo uma vida maluca mesmo eu sendo inocente nisso tudo.

Tudo deveria ser normal pra mim, não terminei o ensino médio há meses e recebi um puto diploma cheio de notas que ralei para conseguir, só pra colar como um pôster na parede. É terrível ter a nossa vida impedida e interrompida por algo que você não tem controle algum.

Há vinte homens do outro lado da sala, uma música fodida alta e dezenas de mulheres desfilando como se estivessem em açougue. O cheiro forte de bebida alcoólica e até de maconha, transformam a minha ida lá embaixo rapidamente em um grande pesadelo.

Talvez, eu não esteja preparada para lidar com esse tipo de confronto social. Ah, eu não acredito em como o meu pai pode ser tão… tão hipócrita. Desde sempre me educou para ter valores e uma vida bem distante de tudo aquilo que ele assumia ser quando eu não estava observando.

— Porra! — é a vez do homem que acabei de conhecer, perder, ele põe sua arma dourada na superfície, antes a descarregando sob a jurisdição minuciosa de Jungkook, que teme qualquer movimento não-convencional. Todos são inimigos e medo é o que extravasa sua expressão.

As balas batendo uma a uma na mesa, me causam revolta. Como uma situação assim é comum para um ser humano? Ok, talvez eu esteja sendo moralista demais para uma pessoa que tem um pai que não é flor que se cheire.

— Eu não quero só isso, Kim. — Jungkook desafia com um sorriso cretino nos lábios, ele encara amplamente o maior rival no fundo das pílulas decepcionadas do cabeludo.

— O que quer então? — o moreno tenciona o campo de visão, agora que está com suas conquistas em saldo negativo. — Uma das suas frentes. Quero dois pra vigiar uma parte específica da casa, por pelo menos dois meses. — faz um pedido estranho, provando que a sua paranóia está em níveis estratosféricos.

— Certo. Eles são de confiança. — obriga-se a aceitar o acordo e passa a sua platina para o Jeon, derrubando três ou quatro projéteis no chão devido ao movimento expansivo. — E, quem é aquela garota que tá ali? É a sua nova putinha? — constata, me doando uma grande expressão de espanto.

O Jungkook sobe devagar o calibre trinta e oito para pegar o meu reflexo próximo de si. Ele fecha o semblante e não faz questão de me fitar.

— Eu gosto de mulher, mas não a esse ponto. Ela é filha de um dos meus, está aqui por uns meses e apenas isso. — explica, diminuindo a minha presença no ambiente.

SÁDICO - Jeon Jungkook (Narcotráfico) +18Onde histórias criam vida. Descubra agora