Washington - 22/12/2009
Agora que avançamos mais uns anos, devo dizer que nossos protagonistas já não estavam mais tão próximos. Jacob tinha interesses completamente diferentes de Cloe, e mesmo tendo relevada a situação do cereal, o trauma era real. Sem contar que esse era um assunto rotineiro em todos os natais posteriores.
E isso sim embirrava o mais novo rapaz, em seus 14 anos. O que o tornou um provocador de primeira. E claro, a loirinha não deixava barato.
Cloe que naquele natal enfrentava uma fase um tanto quanto difícil, já que seu visual não era dos mais agradáveis, a menina que sofria com chacotas na escola, descontava tudo no vizinho. Só para que conste, não estou justificando as ações deles. Bom, eu acho que não.
— Então a divisão das tarefas é a seguinte — Mia começou o discurso. — Eu e Grace vamos fazer as compras que faltam, Thomas e Vince decoram o exterior da cabana, e Jacob e Cloe a árvore de Natal.
Naquele Natal, os pais dos meninos estavam presentes e todos resolveram comemorar a festa na cabana de caça dos dois. Não preciso dizer o quanto os meninos ficaram animados. Lidem com minha ironia.
— Ela está onde? — Jacob perguntou ao notar que Cloe não estava na sala.
— Já está descendo — Comunicou Thomas, o pai da menina.
— Filho, já tomou seu café? Do jeito que ela está com sono, pode trocar novamente…
— Sério isso? Já se passaram quatro anos, poxa! — O projeto de rapaz reclamou, enquanto os adultos se retiraram rindo.
Bufando o menino se dirigiu a sala de jantar, onde a árvore estava, tendo a visão de uma Cloe descendo, ou melhor, quase rolando escada abaixo de tanto sono.
— Boa dia, boca de lata! — ele fez referência ao atual aparelho dentário da menina.
Ela por sua vez bufou e respondeu na mesma vibe:
— Dia, Telescópio! — se sentou na mesa emburrada.
— Telescópio?
— Vareta de óculos — respondeu dando de ombros.
— Você é tão engraçada — declarou com ironia.
— Não posso dizer o mesmo — ela sorriu cínica.
— Temos que decorar o furacão verde.
— Temos? — questionou Cloe, claramente emburrada com a conjunção verbal.
— Ficamos na mesma equipe — o menino informou.
— Você não sabe argumentar? Qual é! Quer ser advogado, mas nunca manifesta a própria vontade.
— Quem disse que essa não é minha vontade?
— Telescópio quer enganar quem? Você me odeia desde aquele dia.
— Se está incomodada, vá pregar luzes na varanda e congele. Quem sabe sendo um picolé você fique mais interessante.
Os olhos da menina lacrimejaram e o arrependimento foi instantâneo.
— Eu… eu não…
— Chega, Jacob! — ela gritou, e ser tratado pelo nome causou um arrepio estranho no menino. Mal sabia ele que aquela seria a última manhã que ela lhe trataria por um apelido.
Querendo respeitar o espaço de Cloe, Jacob se manteve calado, e ambos começaram a fazer os enfeites da árvore num silêncio sepulcral.
É verdade que nem ele e muito menos a menina souberam dizer o momento exato em que a loira acabou pegando no sono sentada na mesa.
Ela que mal havia dormido durante a noite, já que ficou lendo até de madrugada, estava realmente dormindo em pé. E quando ela se abaixou na mesa para que o incoveniente vizinho não visse suas lágrimas, o sono foi inevitável.
Cloe, como explanei mais acima, sofria muito bullying na escola, e após o Natal daquele ano, a prática aumentou, já que o cabeleireiro não pode fazer muita coisa com tanta cola permanente em seu cabelo após seu sono de anti-beleza. Porque de beleza é que não foi.
Além de ter que lidar com o aparelho gigante nos dentes a menina teve uma franja extremamente curta para destoar mais ainda seu visual.
Sobre ela culpar Jacob pela franja? Não aconteceu, mas ela ficou chateada com a forma com que o mesmo a havia tratado, e por falta de sabedoria, o menino não voltou no assunto.
Eita, TRETAAAAAAA!
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Hater de Natal - Conto ✔️
RomanceSabe aquelas histórias fofas de melhores amigos que cresceram juntos. Pois então, essa não é assim. Digamos que o clima de inimizade e implicância entre Cloe e Jacob vem dos primórdios de sua infância. Com os pais trabalhando para o exército e send...