único

44 2 2
                                    

O sangue escorria por minhas coxas em uma considerável quantidade, eu me contorcia em minha cama pelo prazer excessivo que aquela sensação me causava. Os dentes dele roçavam minha pele e de vez em quando mordiam-na com força para poder desfrutar um pouco mais do gosto do sangue. Quando, brevemente, afastou o rosto da região interna, me olhou nos olhos como um verdadeiro filho da puta que era, os olhos pareciam brilhar esperançosos por alguma palavra minha, mas mesmo assim não disse nada. O puxei pelos fios de cabelo medianos o incentivando a continuar o que havia começado, era o que eu queria. Interrompendo o ato, ele puxou meu corpo para baixo e de repente o vi sobre mim, sentado em minha região pélvica. Uma fricção entre nossos torsos foi se intensificando e se tornando mais cálida. O percebi esticando a boca num sorriso, e após, a abriu devagar e de forma perigosamente excitante, fez uma pressão lenta quase torturante na parte inferior daqueles fodidos lábios bonitos, e para acabar vez com a sanidade que me restava, esfregou a língua nos malditos dentes que eu praguejava por serem tão atraentes. Saindo de cima de mim, ele se sentou na cama, um pouco afastado, fechou os olhos, parecia sensível demais, o que não costumava acontecer.

Fiquei um pouco assutado com a atitude repentina, mas porra, ele estava na minha frente, colocando dois dedos em sua própria boca, parecendo estocá-la, fiquei estático por poucos segundos mas logo me recuperei para poder, no mínimo, apreciar aquilo. Depois de repetidos movimentos, ele levou os dedos, ah, os fodidos dedos à um sangramento que ainda jorrava sangue em minha coxa esquerda, recolheu não muito com suas pontas e deslizou a língua para poder saboreá-lo de jeito preciso, parecendo se divertir com minha índole.

Meu corpo aguardava ansioso e sedento por qualquer forma de alívio momentâneo que fosse possível ali e junto dele. Tudo aparentava estar nublado diante dos acontecimentos ali vistos e presenciados por mim, minha mente ia ficando cada vez mais queda e distraída; mas a verdade era que eu já estava assim desde o começo da noite, quando ele apareceu sem aviso em minha casa e me arrastou para a cozinha com um olhar sério, acendeu um cigarro na minha cara, ele sabia que eu detestava que fumassem perto de mim e me disse palavras de amor artificiais, disse que me amava e que estava afim de foder, de novo. Apesar disso, eu sabia que ele amava, amava como conseguíamos transar a noite e a madrugada toda, amava como eu era tão burro e acreditava em toda aquela história de amor. Mas depois de horas e horas deitado em minha cama com ele, eu percebi que, logo após de nossos encontros não-convencionais ele sempre ia em bora sem sequer me ligar no dia seguinte ou avisar que iria.

As palavras de amor artificiais confortavam, de certa forma, meu coração nessa época, porque, embora tudo fosse falso, eu sentia falta de afeto, mesmo que isso fosse dado de um cara podre qualquer, que também tivesse o intuito de me usar como objeto sexual e me largar algumas horas depois. Era reconfortante, por um momento, mesmo que todos os sorrisos, lágrimas, palavras, não fossem espontâneos, eu não conseguia me livrar dele.

artificial loveOnde histórias criam vida. Descubra agora