A brisa gelada daquela tarde ensolarada de sábado não acalentava em nada o coração despedaçado de Chan.
Sentado em um dos bancos em frente à capela onde Felix descansava, o alfa, mais que nunca, sentia os olhos arderem pelo choro recente e incessante. Próximos ao caixão, Changbin e Minjae olhavam desacreditados a cena que não imaginavam presenciar tão cedo, assim como todos ali presentes.
Em sua cabeça apenas culpa. Com seus pais, a dor o perseguiu por muito tempo, mas agora, além de tudo, tinha a consciência pesada pelos pensamentos que lhe bombardeavam a todo instante. Se tivesse chegado mais cedo, acelerado um pouco mais, talvez até ido junto a ele, não estivessem na situação em que estão.
O homem olhava em choque, a cada minutos que corria pelo relógio, o nome do seu irmão numa placa, ditando: Lee Felix, morto em 13/11/20, às 09:15.
Ou talvez a culpa não fosse inteiramente sua, mas dividida com o hospital incompetente que, em meio a um dos procedimentos, falhou por motivos indeterminados e acabou por causar a morte do lúpus tão jovem.
Chan tinha o olhar fixado na placa exibindo o nome de Felix, sem conseguir processar realmente o que havia acontecido na madrugada do dia do seu casamento; um dia esperado a ser recheado por felicidade, que acabou em um enorme vazio generalizado.
– Chan... – Changbin tinha o tom ameno, soando distante o suficiente para que não chamasse a atenção necessária.
– Chan, você precisa acordar. Agora.
E como em um piscar de olhos, Chris acordou. Ao seu redor, Changbin e Ryujin alarmados, o cutucando para que se levantasse logo. Sem capela, sem cemitério, muito menos caixão; apenas a sensação terrível que a experiência lhe deixou.
Havia sonhado. Ou melhor, tido um pesadelo.
– Ele acordou! – Ryujin quem contou, sorrindo, o que levou o alfa a sorrir também, mesmo que só tenha entendido a sentença depois de alguns segundos.
– Onde ele está? Ele está bem?
– Sim, meu bem, ele está ótimo! – a ômega guiou o marido para o quarto onde Felix estava deitado numa maca, ligado a algumas máquinas e descansando após o susto.
– Chan! – o menino sorriu, fazendo com que seus olhinhos tão brilhantes se minimizassem em dois pequenos risquinhos. Acompanhando a ação, ele levantou os braços como se chamasse o irmão para perto de si – Achei que não estivesse aqui, mas Ryu avisou que você acabou pegando no sono enquanto eu não estava acordado.
– Como pôde pensar que eu te deixaria aqui sozinho? – o Bang caminhou até parar ao lado da cama, deixando um beijo na testa de Felix e sentando-se na poltrona disposta ali.
– Não estou sozinho! Changbin está aqui, Minjae também.
– Você entendeu o que eu quis dizer. – sorriu pouco ao que apoiou a cabeça em uma das mãos – Como está se sentindo?
– Um pouco mole, mas, no geral, muito bem. – sorriu mais uma vez – Só de receber tantos sorrisos ao acordar, não tinha como me sentir mal.
– Licença. – o doutor adentrou a sala, acompanhado de Changbin e Ryujin – Bom, como já expliquei ao Sr. Seo, o Sr. Lee chegou aqui durante um processo de overdose por uma substância muito usada na 4° guerra para a tortura de alfas, já que esses eram maioria nos exércitos. É uma substância altamente prejudicial e proibida por lei em diversos países. – ele fez uma pausa, agora se voltando para Felix, que ouvia atento – Teve muita sorte, senhor. Foi muito forte.
O lúpus apenas acenou com a cabeça, sorrindo novamente, inteiramente grato por tudo ter, enfim, acabado.
– E quando ele pode voltar para casa? – Changbin perguntou.
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Meant To Be 𖥻 changlix
Fanfiction[CONCLUÍDA, 191020 ─ 231220] Ao nascer, Seo Changbin foi agraciado com a possibilidade de enxergar o fio vermelho do destino ligar os amados pelo resto da vida. Foi assim que passou a desejar poder, um dia, ver o seu próprio fio se tornar visível. ...