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Naquela noite em questão changbin decidiu cozinhar uma das poucas coisas que sabia para mostrar ao bang os alimentos que poderia comer quando ele estivesse fora. Depois do pequeno incidente de mais cedo com o vinagre, changbin fez o esverdeado tomar um banho e trocar-se, vendo que o mesmo não tinha mexido em suas roupas apesar da autorização. Logo após o banho do alien, changbin fez o mesmo, descendo para a cozinha com christopher ao seu lado.

Enquanto colocava o avental para proteger-se de futuras sujeiras, espalhou os mantimentos do seu sanduíche supremo sob a mesa.

— aqui tem queijo, tomate, alface, carne de hambúrguer e molhos. — apontou para cada ingredientes, logo voltando sua atenção para o esverdeado, este que prestava atenção em cada palavra dita por ele. — você pode colocar cebola se quiser, mas eu não gosto muito. — fez uma careta ao lembrar do gosto de tal alimento.

Christopher não perdia nenhuma das falas do rapaz, fazendo notas mentais de cada coisa que ele dizia enquanto aos poucos o menor ia montando dois sanduíches. Certas vezes o alien apenas ficava observando descaradamente — mesmo que sem perceber tal ação — o seo, deixando o homem um tanto constrangido ao ter aquele par de olhos pequenos e curiosos sobre si.

Uma vez que seu celular começou a tocar dentro do avental, pegando o esverdeado de surpresa pelo barulho repetindo, pediu licença e saiu da cozinha, deixando os dois sanduíches para trás e um christopher todo acolhido na cadeira pelo susto. Ao estar no meio da sala, atendeu a ligação de hyunjin.

— o que aconteceu? — changbin indagou.

— meu encontro deu errado. — o hwang riu em escárnio da sua própria falta de sorte. — mas não foi pra esse assunto em questão que eu liguei, amanhã estarei aí no começo da tarde pra ver a nave e fazer umas perguntas ao chan.

— sinto muito pelo seu encontro. Mas que tipo de pergunta você vai fazer ao christopher? Não vai assustar ele de novo, não é? Tenta falar igual gente perto dele.

— só vou perguntar sobre o planeta dele e essas coisas. — changbin assentiu mesmo que o outro não estivesse ali para ver. — você tá muito cuidadoso com ele, nunca te vi assim.

— prometi pra mim mesmo que ia cuidar dele até a nave estar arrumada, então até lá vou cuidar dele e só.

— mesmo assim ainda é estranho, normalmente você é mais fechado para pessoas que não conhece faz muito tempo. Mas tudo bem, preciso ir. Diz que eu mandei lembrança pro chan.

— tá, tchau.

Ao desligar a chamada, colocou o aparelho de volta no bolso e virou-se para voltar a cozinha, mas ao virar na direção da entrada do cômodo viu christopher parado em pé a sua espera. Tinha demorado tanto assim no celular? Uma estranha sensação de timidez atingiu seu corpo ao pensar que ele tinha ouvido sua conversa com o hwang. Caminhou meio sem jeito até o bang.

— você já comeu? — recebeu um aceno negativo do maior. — você não precisa ficar me esperando sempre ou aguardar por uma ordem minha para fazer alguma coisa. Desde que não seja algo perigoso, você pode fazer.

Christopher não era muito falante, mas aquele silêncio estava deixando changbin incomodado. Voltaram para a cozinha apenas para finalizar seus lanches. Não podia deixar de reparar nas feições do alien, ainda era surpreendente para si como ele parecia tão humano, tão normal. Talvez tivesse mesmo passado muito tempo vendo filmes sobre vida extraterrestre com hyunjin que havia criado uma imagem para aqueles seres estelares. Os imaginava verdes e com antenas, corpo curvado e com grandes olhos pretos. Mas christopher estava longe de ser assim, ele era estupidamente bonito.

Juntou toda louça na pia e deixou por lá, tirou o avental deixando pendurado na cadeira. O bang ainda estava sentado, tocando suas antenas com as pontas dos dedos. Changbin queria poder ajudá-lo com aquilo. Aproximou-se com cuidado, ficando ao seu lado, curioso, o esverdeado ergueu seus olhos até o moreno.

— posso tocar? — ergueu sua mão até as antenas verdes e pequenas entre os cachinhos naturais. Christopher encarou a mão do menor com hesitação, ergueu sua própria para tocá-las levá-las até suas antenas.

Cuidadosamente changbin as tocou, eram estranhamente macias e pareciam vibrar levemente contra seus dígitos. Um sorriso encantador brotou em seus lábios, a mão quente de christopher ainda guiava seus próximos atos. Reparou na expressão de calma que o bang possuía, seus lábios contorcidos em um pequeno sorriso. A mão de changbin era levemente áspera e fria, fazia um comichão bom em suas antenas, quis prolongar aquele toque o máximo possível, era uma sensação nunca antes sentida. Ao ter seus olhos cruzados, sentiu novamente aquela sensação de choque percorrer todo seu corpo. Changbin tomou um susto, se afastando sem avisos dele.

— eu te machuquei? — christopher levantou-se da cadeira tão assustado quanto o moreno a sua frente, aproximou-se do menor com medo do que poderia ter feito.

— não, você não fez nada. Eu só tomei um susto. — christopher ainda parecia aflito. — não deve ter sido nada, não precisa ficar preocupado.

Christopher parecia tenso ou até um pouco assustado. Humanos eram seres frágeis, sabia disso, suas forças eram algo totalmente distintas. Não queria machucar changbin, de jeito algum. Percebendo a confusão do esverdeado, changbin afagou seus cabelos com calma, estavam um tanto distantes mas ainda sim foi o suficiente para acalmar ambos nervos. Aquela sensação estranha estava começando a deixar o moreno intrigado.

(...)

Pela manhã, mesmo depois de um bom banho, changbin ainda se sentia cansado.

Passou boa parte da madrugada procurando sobre aquela sensação eletrizante que percorreu todos seus ossos e o deixou desorientado por milésimos. Não achou nada que fosse idêntico a sensação que havia tido, e nenhuma das possíveis informações que certos sites diziam o deixava satisfeito. Entre devaneios do meio de uma noite estrelada, se viu pensando sobre christopher. Aquele sofá sem dúvidas não era um local bom para dormir apesar de todo conforto que ele proporcionava, ainda era um sofá. O corpo do bang era maior que o seu, parecia bem mais forte e tinha proporções diferentes; ombros largos e pernas grandes.

Ao descer para o andar debaixo, o viu dormindo no sofá, seu peito para cima, sua cabeça pendendo para fora do sofá. Foi uma cena engraçada para changbin, mas ainda ficou com pena dele. Se aproximou com cuidado, ele tinha uma expressão serena, seus lábios estavam entreabertos. Nunca tinha reparado mas eles tinham uma coloração estranha, um rosa natural, era algo opaco mas ainda estava ali. Inclinou-se levemente sobre o corpo do ser extraterrestre, tocou sua bochecha com os dedos frios, sua pele era tão macia que quis afagar sua bochecha com toda palma, mas não ousou, sua timidez o impedia desse feito.

— christopher. — o chamou tocando sua bochecha diversas vezes. Parou assim que seus olhos se encontraram, ele ainda estava sonolento, mas tomou postura ao se sentar no sofá. Changbin afastou-se por impulso. — desculpa por te acordar, por que você não vai dormir no meu quarto? Estou indo para faculdade agora, volto antes do almoço. Minha cama ainda está bagunçada então não tem problema de você dormir por lá, só não passe muito tempo dormindo, você precisa comer.

Christopher ainda o olhava, mas cochilava entre as falas do menor. Changbin o ajudou a ficar de pé, aquela corrente elétrica novamente percorreu todo seu corpo. Ignorou no momento para ajudá-lo a subir até o quarto. As cortinas ainda estavam fechadas por pura preguiça do seo para abri-las, deixou que ele e aninhasse entre os amontoados de lençóis, mesmo tendo um porte físico grande, ele havia sumido entre as cobertas. O moreno ficou um tempo em pé em frente a cama apenas o observando, mas retomou a consciência ao lembrar-se que deveria sair logo ou se atrasaria.

— eu volto logo. — murmurou mesmo sabendo que ele dormia pesadamente agarrado a sua pelúcia de porco.

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