02 | s e n h o r a C h o

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Lance Madara Cho Chung
Los Angeles, Califórnia
11.02.2010

Suspiro, ajudando a senhora Cho a sentar na cadeira. A funcionária ainda está servindo nosso café da manhã. E o seu acompanhante está sentado no sofá de canto, dando risadas irritantes.

— Preste atenção no que está fazendo, Lele! — repreende-me, acertando minha perna com sua bengala.

— Senhora Cho! — reclamo, sentando em meu lugar com a panturrilha assando — Para com isso.

— Olha como fala comigo, moleque. — repreendeu-me outra vez.

Esperei pacientemente terminarmos de comer para conseguir sua licença e ir trabalhar. Cheguei adiantado na audiência. Como sempre. Era um caso de assassinato. A promotora Dayene Thompson é a responsável por defender a vítima e duas investigadoras responsáveis pela resolução estão sentadas na primeira fileira com os braços cruzados e sérias. Esperando a minha decisão. Hoje temos júri e eu não posso definir quem é o culpado. O advogado de defesa apresenta novos álibis e isso parece convencer os jurados.

— Por meio dos novos álibis, eu dispenso essa audiência até segunda-feira, dia 15 de fevereiro de 2010, às 9hrs.

O advogado tenta argumentar, mas eu bato o martelo e levanto. A promotora suspira, aliviada. É óbvio que eu acho errado deixar pessoas despreparadas para julgar assassinatos. Sempre caem nos jogos emocionais dos advogados. E daí que o assassino é negro? A vítima também era e nenhum deles parecem lembrar disso. Estou em minha sala quando alguém bate na porta, permito a entrada. Cindy sorri ao passar pela porta escura e nos trancar dentro. Afasto a cadeira, esperando que suba em meu colo.

— Nossa, como você está tenso. — resmunga, com sua voz manhosa, ao abraçar meu pescoço.

Aperto sua cintura, puxando-a para um contato mais íntimo. Ela levanta a própria saia para conseguir colocar uma perna de cada lado e enfim me beijar. Cindy é uma advogada que já fez milhões de assassinos e criminosos serem inocentados. É muito boa no que faz, mesmo que eu preferisse que ficasse do lado da vítima, não do agressor. Tapo sua boca para que não faça barulho e enfio a mão na sua calcinha. Não é uma pessoa muito discreta, mas até que consegue se controlar melhor quando estamos no tribunal.

— É melhor você ir. — digo, indo me livrar da camisinha no banheiro.

— Quando vamos jantar de novo com seus pais? — questionou, mais alto que o necessário.

Suspirei, abotoando minha camisa. Ela ainda estava nua, deitada no sofá. Anteontem, quando foi em minha casa de surpresa, acabamos nos distraindo em meu quarto e quando estava indo embora, a senhora Cho nos flagrou e a convidou para o jantar. O que me colocou numa situação muito desconfortável, embora Cindy não tenha percebido que tudo que minha mãe falava era sarcástico e os sorrisos eram falsos.

Cho disse claramente que eu nunca vou dar certo com ninguém que não seja a pessoa certa do meu destino. Isso significa que não importa se eu tenho quase 35 anos nas costas. Ela sempre vai insistir que eu devo casar com a Takara mais velha, quem eu fui destinado e prometido pelo próprio Imortal Habaek ainda antes de nascer. Estavam esperando eu fazer quinze para conhecê-la, mas eu acabei me apressando e isso resultou o meu filho e uma mancha no nome da minha família. Minha mãe nunca me perdoou e fez de tudo para acabar com a minha relação com a Edith. Fez de tudo para acabar com minha vida, na verdade.

— Ele não é meu pai. — respondi, abotoando minha camisa amassada. — Você vai almoçar agora?

— Sim! — se apressou para catar suas roupas e correu para o banheiro.

A DesenhistaOnde histórias criam vida. Descubra agora