A Desenhista

14 | c i ú m e s

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Windy Takara Zim
Los Angeles, Califórnia
22.03.2010

Deixo o jantar que eu comprei quando passei no restaurante sobre a bancada da cozinha e subo para o meu quarto para tomar um banho quente. Deixo a banheira enchendo enquanto procuro algo para vestir, eu sei que não deve acontecer nada, mas há uma vozinha na minha cabeça perguntando "e se?". Bom, se acontecer alguma coisa, eu vou estar com uma linda lingerie vermelha e um vestido que a minha amiga fez literalmente para mim.

Arrumo a cama, mas deixo meus desenhos espalhados, talvez eu esteja alucinando demais. Ele só quer me conhecer porque vamos ter um filho juntos. Eu acho isso válido, eu quero saber quem é o pai do meu bebê. Não quer dizer que vamos ficar juntos, eu tento explicar para o meu coração bobo que já imagina uma vida ao lado de Lance Chung.

Eu tinha razão, eu iria passar mais uma noite sozinha. Os empregados já foram para casa e meu jantar estava num pote na geladeira. Eu tiro as coisas das embalagens e esquento tudo no microondas já que faz tanto tempo que eu não ligo o fogão que tenho medo de tocar fogo na casa se eu arriscar. Eu arrumo a mesa para nós dois e escolho um vinho na adega.

Eu respiro fundo algumas vezes quando a campainha toca e confiro se está tudo arrumado antes de abri a porta. Lance está sério como sempre, agora suas roupas não são tão formais, está com uma calça jeans, uma camisa e uma jaqueta.

— Eu trouxe um vinho, mas joguei fora porque lembrei que você não pode beber. — ele diz, então eu sorrio com uma risada, e seu rosto também se abre num sorriso encantador. Porra, ele é tão bonito!

— Eu também esqueci. Eu acho que tem suco na geladeira. — dou espaço para que entre e fecho a porta depois de observar o movimento da rua. Desligo a luz do hall e a sala está apenas com uma luz baixa. Eu guardo seu casaco no armário e indico o caminho para a sala de jantar.

— Sua casa é muito bonita.

— Obrigada. — agradeço, pegando o suco na geladeira e indo para a sala de jantar. — É comida italiana, espero que você goste.

— Eu adoro, na verdade.

— Então, não se anime, eu comprei no caminho para casa.

Lance solta um risinho e assente.

— Ok. Então, a princesa Fogo não sabe cozinhar?

— É, princesas têm serviçais. — brinco, rindo junto com ele. — Esse, de fato, não é o meu dom.

— Qual o seu dom?

— Seduzir assassinos novatos. — brinco de novo e ele me presenteia com outra risada.

— Você é engraçada.

— É o que dizem. — concordo, humildemente, e deixo que se sirva sozinho sem nenhuma cerimônia. Nós comemos um pouco em silêncio, eu não queria que a minha comida esfriasse, mas queria conversar — E você? Qual a sua alçada?

— Eu julgo criminosos. — me confidência e beberica um pouco do suco de uva — Mas, às vezes, alguns assassinos têm o azar de cair na minha corte.

— Criminosos do tipo que roubam velhinhos ou traficantes de drogas?

Lance me olha por uns segundos, como se a minha pergunta fosse engraçada, eu espero a resposta igualmente curiosa em querer saber algo sobre ele.

— Eu acho que nunca julguei ninguém que roubou um velhinho. — responde, fazendo-me rir — Eu já incriminei alguns traficantes de drogas, mas estou mais habituado com traficantes de órgãos, de mulheres e de crianças.