Como eu era antes de você - Sasodei

Boa noite

2 minutos, droga!

Quase derrubei a xícara de café no chão na correria pela sala no medo constante de perder um segundo sequer, me sentei no chão bebericando alguns goles e assistindo a TV anunciar que ia começar.

Que ansiedade! Eu estava eufórico demais, mal podia esperar para vê-lo.

—Boa noite! Hoje vamos entrevistar o tão artista que ficou conhecido pelo país inteiro por sua obra que, como um milagre, não foi destruída durante o incêndio no Shopping Central de Londres. Então, Deidara, como foi para você lidar com a fama repentina, descobrir que sua obra saiu intacta em meio a chamas e tantas pessoas encarando-a como um milagre artístico?

Sorri e bati palmas quando ele começou a responder, estava mais lindo ainda por trás daquelas câmeras. E parecia tão feliz.

Tinha um olhar radiante desde que descobriu, através de um telefonema do supervisor de exposições que seu pássaro de argila resistiu ao fogo e estava intacto. Os jornais locais noticiavam aos 4 ventos a Misteriosa escultura de pássaro que não foi destruida nem pelo fogo, as pessoas começaram a querer saber as mãos abençoadas que haviam esculpido-a, foi aí que um jornalista inglês renomeado convidou Deidara para uma entrevista.

Eu estava mais feliz ainda por ele, por ter recuperado sua escultura e, agora, estar sendo reconhecido nacionalmente. As pessoas tinham que ver sua arte, os detalhes e o quão refinadas eram dignas de serem apreciadas.

—Eu não esperava todo esse efeito, eu fiquei surpreso e feliz com as reações desse acaso, fiquei feliz por muitas pessoas terem gostado da minha escultura, eu dediquei muito trabalho a ela e minha maior satisfação é a valorização que ela está recebendo.

Ele sorriu para o jornalista, paralisei com aquele sorriso, era lindo, me fez sorrir mesmo não estando vendo-o pessoalmente.

—Deidara, você é estrangeiro, certo?

—Sim, sou da Suiça.

Oh, ele era suiço...

—O país inteiro está curioso acerca do artista milagroso, e então, o que te trouxe a Inglaterra?

Ele suspirou fundo.

—A Inglaterra é um país muito rico de artes e cultura, eu me interessei em conhecer outro mundo, um mundo com mais afinidade comigo, e vim parar aqui.

—Muito bem, ficamos honrados de receber tanto interesse de um rapaz tão talentoso e jovem. Qual sua formação?

—Sou formado em Artes Visuais pela Eth Zurich.

Eu fiquei simplesmente boquiaberto ao saber daquilo, assim como o jornalista, e provavelmente todos que escutaram aquilo. Ele era formado na quinta melhor universidade do mundo, a mesma que formou Albert Einstein, o loirinho era inteligente pra caramba.

—Uau! Que prodígio você é, Deidara! Apenas com 21 anos e já formado em uma das melhores universidades do mundo, meus parabéns. Fico honrado de entrevistá-lo hoje e desejo todo sucesso do mundo.

—Obrigado. — sorriu, apertando a mão do jornalista. —Antes de ir eu queria mandar um abraço pro Sasori, meu amigo e colega de apartamento, eu admiro muito ele, que também é um artista incrível no ramo de marionetes.

Meu coração quase saiu pela boca, eu sorri como nunca escutando aquilo, ele estava em rede nacional e havia lembrado de mim?

—UM ABRAÇÃO PRA VOCÊ, DEIDARA!!!!! — abracei a televisão eufórico, quase derrubando-a.

Eu nem conseguia acreditar... aquele loirinho que tanto me irritava estava ganhando algo bom e raro de mim: um sorriso. Um não, vários.

Ele iria voltar daqui a umas 2 horas, eu tinha que recebê-lo bem para parabenizar, então resolvi fazer um jantar bem legal, algo que ele não espere receber.

Preparei ovos cozidos em surimi, o famoso Bakudan, sua comida favorita. Como eu sabia disso? Deidara tinha o costume de falar enquanto dormia, na noite em que ele dormiu no mesmo colchão que eu, ficava murmurando "Faça bakudan, eu amo bakudan mais que tudo... hm..."

Acabei soltando uma gargalhada enquanto cozinhava ao lembrar da cena, ele com os fios loiros caidos pelo rosto, babando, provavelmente sonhando que comia um bakudan quentinho.

Portanto eu iria realizar o sonho dele, fiz um suco geladinho, preparei alguns doces de sobremesa, coloquei os dois pratos na mesa, talheres e copos, servi a comida, e pronto, bastava esperar mais alguns 5 minutos que ele iria chegar.

Nessa margem de tempo me sentei na mesa para esperar ele. Acabei refletindo o que eu estava fazendo, tinha acabado de pensar em cada detalhe do que ele gostaria, feito um jantar e ter ficado ansioso para vê-lo na TV. Passei as mãos pelo rosto, o quê estava havendo? Por quê eu estava tão empolgado e me dedicando tanto para alguém?

Me dei conta que eu realmente estava diferente quando a chave girou e ele entrou. Seus olhos azuis encararam com surpresa a mesa, ele abriu um sorriso que esquentou meu coração e me fez sorrir junto.

—Sasori... — fechou a porta atrás de si, ainda encarando com surpresa.

—Vai ficar parado aí ou vai vir comer? — falei e ele riu, tirando seu casaco e vindo sentar a minha frente.

—Como você sabe que eu amo bakudan? — falou de boca cheia, fechando os olhos e deliciando a comida. —Isso tá divino...

—Caso não saiba, você fala enquanto dorme, Deidara. — ele corou, me fazendo rir da sua feição assustada.

—Que vergonha... — coçou a nuca. —Mas então, você me assistiu?

—Claro que assisti. — sorri, bebendo um gole do suco. —Você foi incrível.

—Acredita que depois dessa entrevista eu recebi várias ligações de museus pedindo encomendas de esculturas? Vou ter que dar duro pra dar conta de tudo, mas pelo menos minha arte está sendo reconhecida.

Ele falava com tanto ânimo, eu amava ver aquele brilho em seus olhos, aquele sorriso contagiante, era perfeito vê-lo e ouví-lo.

O resto da noite ele tagarelou, me contando cada detalhe, e eu apreciando cada detalhe seu. Guardando minuciosamente seus gestos na memória, sorrindo involuntariamente com cada fala e atitude sua, inesperadamente me deixando levar por sua áurea que me engajava e me fazia querer tê-lo por perto.

E mais uma noite que senti o calor de seu corpo se deitar ao meu lado, ele parecia não ligar mais para a dor nas costas que o colchão da sala lhe causava, parecia apenas querer dormir lá. Dessa vez, as pupilas cor de céu me olharam por cima, os fios dourados caiam pelo rosto, a visão parcial e bela do seu rosto era perfeita.

Me sussurrou um boa noite, beijando minha bochecha, e por lá causando uma festa de células cheias de adrenalina, que logo correram para o meu coração. E por lá ficaram pelo resto da noite, batimentos cardíacos acelerados e preenchidos com a mera presença dele ao meu lado.

—Boa noite, Deidara.