créditos a fanart: @sasaminiku33
O fim da tarde caía, e com ela meu enorme cansaço e uma imensa dor nas costas por ter passado o dia inteiro atendendo clientes, empilhando origamis, ajeitando prateleiras e afins.
Mas o resultado do fim do expediente era satisfatório, Konan ao meu lado sorria radiante a cada vez que vendia um de seus origamis aos quais ela amava fazer, tinha um verdadeiro dom para aquilo e qualquer um via isso.
Eu também estava feliz, apesar de cansado. Alguns estrangeiros vinham e faziam milhares de perguntas sobre as minhas marionetes; como eu fazia, se era difícil, como eu tinha aprendido, para no fim de todos os questionamentos finalmente levarem algumas.
Claro, ser remunerado financeiramente era muito bom, mas o meu verdadeiro prazer de trabalhar naquela loja era ver o deslumbre e o jeito apreciador das pessoas com minhas marionetes, eu tenho um carinho enorme por cada uma delas, cada uma tem minha marca e uma essência artística única, a essência da arte eterna.
Estava com o rosto apoiado nas mãos encima do balcão da loja vendo o por do sol, quando bem a frente da luz alaranjada surgiu aquele serzinho que brilhava mais que uma constelação inteira e esquentava mais meu coração que o sol do meio dia.
Ele sorriu aberto para mim, seus olhos se espremiam quando ele fazia isso, eu ainda não havia tido coragem de dizer para ele que eu amava o jeito que seus olhos me transmitiam felicidade.
—Quem é esse? — Konan me tirou dos devaneios de olhá-lo.
—É o Deidara. — ela fez um "O" com a boca, logo olhando para o mesmo e lançando um aceno enquanto sorria. —Konan você podia fechar a loja pra mim?
—Pode deixar. — ela colocou a mão sob meu ombro, sorrindo gentil. —Eu fecho a loja pra você. Aproveita. — falou a última palavra olhando para mim e para Deidara, logo lançando um sorriso, quando minha irmã sorria assim era sinal de que ela já estava imaginando mil e uma coisas.
Antes que eu pudesse retrucar senti meu braço ser puxado pelo loiro para o lado de fora da loja, ouvindo apenas o último "tchau" da Konan. Parei para observá-lo melhor, ele estava com um moletom laranja, daqueles com o tecido bem fofo, e eu soube disso quando ele parou de me puxar, me olhou sorrindo e me abraçou, o que me permitiu além de saber a textura do seu moletom, sentir também o cheiro doce do seu cabelo.
—Antes que pergunte... — ele saiu do abraço para me olhar. —Eu vim te buscar pra gente resolver a sua transferência da faculdade.
— Transferência? — olhei-o sem entender, mas logo lembrando de quando eu havia dito para ele que queria terminar minha faculdade e, para isso, eu precisaria transferir ela para Londres. —Ah, certo. Então vamos. — respondi, ele pegou na barra da minha manga e voltou a puxá-la como se eu fosse uma criança sob a sua vigia.
O jeito que ele me tratava era fofo.
Deidara era afetivo, era radiante, carismático e demonstrava tudo o que sentia só com o olhar. Já eu, um chato com cara de entediado que não sabia nem como decifrar os próprios sentimentos, eu não conseguia nem entender como ele se aproximou tanto de mim.
Ficamos algumas horas na Universidade de Londres esperando o requerimento da minha transferência, era um pra lá e pra cá de sala em sala, coordenadoria, diretoria, reitoria, secretária, pessoas atendendo e direcionando a outros atendentes, papelada e verificação de nomes e datas até que, finalmente, saí de lá com meu certificado de transferência, minhas aulas começariam na segunda e eu já tinha meus horários.
Eram 18:30 de uma noite que cintilava. Mas era um cintilar exclusivo para mim, um que estava bem ao meu lado, me puxando pelo pulso, sorrindo e rindo enquanto tagarelava coisas que eu não me concentrava em ouvir, já que minha atenção estava presa no seu sorriso e naquele olhar azulado brilhante.
A luz que banhava toda a cidade pequena se fazia num riso seu, nenhuma graça tinha outro sotaque, nenhum monumento ou coliseu era tão magnífico quanto cada detalhe seu.
Andamos por Londres toda, ele alegou que queria caminhar e descontrair um pouco do trabalho, e eu apenas disse que seguiria por onde ele fosse. Bastava estar com ele.
Parou de andar e olhou para um parque de diversões com algumas atrações por lá, me olhou em seguida como se perguntasse se eu iria estar disposto. Àquela altura eu já conseguia entender ele com um simples gesto ou olhar. Isso se chamava...intimidade?
Nem pude pensar muito sobre isso, ele me puxou até uma roda gigante, talvez não soubesse que eu tinha um baita medo de altura, mas ele parecia bem seguro sobre isso.
Ia falando sobre como a noite estava linda enquanto estávamos esperando na fila da roda gigante, ele misturava vários assuntos em uma fração mínima de segundos, isso era o melhor, era impossível se entendiar quando ele estava comigo. Eu estava apenas calado, acentindo com tudo o que ele falava, gostava apenas de ouví-lo e gravar todas as suas feições e opiniões sobre o mundo, mas quando ele entrou no assunto "Arte" começamos a debater.
—Beleza o quê? — ele cruzou os braços e fez um bico com a minha pergunta, seguida de um riso meu com aquela reação. Ele odiava ser contrariado.
—Efêmera. - percebendo meu olhar questionativo e meu sorriso ladino que insinuava que ele estava errado, retrucou: —Arte é beleza efêmera sim, até que me prove o contrário. Aliás, é impossivel me provar o contr...
—Beleza eterna. — interrompi, ele me olhou incrédulo, logo fazendo uma careta de rejeição. —Arte é beleza eterna. Algo deixado para sempre nas gerações futuras.
—Seu conceito de arte é tolo, hm. — se virou de costas para mim, ainda com os braços cruzados e a cara emburrada, era impossível não rir com aquele jeito dele quando era contrariado, junto com aquela mania de falar "hm" no final das frases.
Chegou a nossa vez, ele ficou falando com o rapaz que trabalhava nas instruções da roda gigante, pagou e escutou as regras.
Nesse meio tempo, eu, que estava ao seu lado, parei para olhá-lo falar com o rapaz.
Cabelo longo e suave...
Cheirinho de morango.
Roupas fofinhas e coloridas.
Estressado, mas carinhoso.
Olhos desafiadores, que brilhavam e me transmitiam a mais pura felicidade e tranquilidade.
Ele não sabia nada de arte. Como eu pude me...
—Sasori, vamos. — puxou a barra da minha blusa, me tirando daqueles pensamentos antes que eu mesmo pudesse fazer isso.
O brinquedo começou a se mover, meu corpo inteiro gelou com a altura que estávamos, definitivamente eu só estava ali por não conseguir encarar aqueles olhinhos azuis e falar "não, Deidara, eu sou um grande medroso"
Mas ver aquele sorriso feliz dele pagava o preço de estar morrendo por dentro com medo de altura. Eu até tentei não demonstrar nada para não parecer um covarde, mas foi inútil. Sem querer fechei os olhos com força tentando aguentar o medo, foi quando senti sua mão segurar a minha.
—Você tem medo de altura, Sasori? — ele sorriu de lado, mas logo aumentou o riso falando que eu estava mais vermelho que meu cabelo.
Realmente eu deveria estar bem vermelho, o toque dele fez meu coração acelerar mais do que se eu estivesse no topo de um prédio de 60 andares, e a cada vez que eu negava que tinha medo, mais ele entrelaçava sua mão na minha, e mais me tirava um rubor nas bochechas.
Eu nunca vi ninguém fazer tanto barulho em um só coração, seu mais simples gesto levou embora o meu pesar, seu ver me encanta, sua voz amansa e o olhar...
O seu olhar era apenas uma das grandes fontes de felicidade e calmaria que ele me fornecia sem querer nada em troca.
E o seu único erro era me fazer não me imaginar mais sem ele.
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Como eu era antes de você - Sasodei
FanfictionSasori nunca esperou que fosse, por um acaso do destino, dividir o apartamento com um rapaz que sequer conhecia, Deidara. Mas o que ambos também não esperavam, é que o destino lhes preparava muito mais que uma coincidência. fanart da capa: @redsands...