Girassóis

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Acho que raríssimas vezes na vida eu chorei por amor como eu chorei no carro enquanto íamos pra casa que nem um bebezão, pela segunda vez no dia, e pelo mesmo motivo: Ele.

Eu conhecia o jeito explosivo do Deidara, sabia que ele se irritava fácil e que era bem sensível, talvez aquela viagem e tudo o que aconteceu desestabilizou a gente, a noite da vodka e o fato de que eu não "apoiei" ele fez ele ficar bem chateado.

Agora eu sentia que definitivamente ele me odiava e que não iria querer mais nada comigo, talvez não quisesse me ver nem pintado de ouro.

—Sakura. — chamei, ela estava deitada na cama enquanto mexia no notebook, enquanto eu estava no colchão do lado da cama, olhando pro teto e pensando em como seria minha existência sem o Deidara.

—Hm? — ela murmurou ainda olhando para a tela, e eu voltei a chorar assim que ouvi o "Hm" e me lembrei dele. —Ah não Sasori, não chora denovo...

—Ele... — dei uma fungada tentando falar enquanto soluçava —Ele sempre falava esse "Hm".

—Ai, calma. — ela esticou a mão, e eu peguei. —Vocês vão se resolver, eu sinto.

—Sakura, sabe aquele cara que tava com o Deidara na mesa? — ela acentiu. —Então, você achou ele bonito?

—Bonito? não. — fiquei aliviado de escutar aquilo. —É muito mais que isso, ele é maravilhoso.

—Aff. — fechei a cara, eu não queria ouvir algo que me deixasse mais inseguro ainda. —Você pegaria ele?

—Não porque eu sou lésbica né. — ela falou e eu fiz cara de surpreso, eu não sabia desse fato.

—E eu sou gay. — falei e ela sorriu aberto animada, pediu pra batermos as palmas.

—Agora vem aqui jogar comigo, é The sims. — ela chamou, eu deitei do seu lado e ficamos jogando até de madrugada, enquanto Kakuzu e Hidan já dormiam a tempos.

Por sinal, eu tinha que agradecer eles por me "acolherem" na casa deles devido a minha deplorável situação de sem-teto e coração partido.

No The sims eu criei um boneco igual a mim e outro igual ao Deidara e coloquei eles pra namorarem (óbvio), a Sakura ficava rindo da minha cara toda vez que eu colocava eles pra interagirem romanticamente, se na vida real ele me odiava, ao menos no jogo eu podia fantasiar que ele me amava...

Enquanto jogávamos, ela me contou que veio pra Londres pra se encontrar com a namorada, uma tal de Ino. Elas se conheceram pela internet, e a uns dias a Sakura veio pra cá morar com o Hidan só pra ver ela.

—Olha ela. — me mostrou uma foto da namorada, ela sorria boba só de mostrar. —Linda né?

—O cabelo dela parece com o do Deidara. — falei e ela riu, concordando, ambos eram loiros e com o franjão no rosto. Era o cabelo mais lindo que existia...

—Que saudade dele, Sakura. Eu só queria estar dormindo do lado dele hoje. — passei as mãos no rosto, impaciente. —Ei, o que você costuma fazer quando a sua namorada tá com muita raiva de você?

—Eu sempre compro flores pra ela, ela ama flores, tem até uma floricultura aqui. — pensei na resposta dela por uns minutos enquanto a mesma jogava, flores? Talvez isso fosse uma boa opção.

—Ela tem uma floricultura, é?

—Sim.

—Me leva lá? — perguntei animado com a idéia, e ela, já entendendo, acentiu prontamente e combinamos de ir amanhã depois que eu saísse da faculdade.

Lá pras 4 da manhã fomos dormir, tive só 2 horas de sono já que as 6 eu já tive que acordar pra ir pra faculdade, ou seja, estava literalmente morto. Eu estava no modo automático, minhas olheiras estavam enormes e meu cabelo mais assanhado que nunca.

Depois da faculdade, voltei pra casa do Hidan só pra deixar minha mochila, Sakura já estava me esperando pra irmos na floricultura, uns 10 minutos andando a pé mesmo e chegamos lá.

Quando a gente entrou, o sininho da porta tocou, a garota loira no balcão levantou a cabeça e quando viu a Sakura, ela abriu um sorriso que até espremia os olhinhos azuis que brilhavam, correu até ela e abraçou forte, dando beijinhos no rosto da Sakura.

—Ino, esse é o Sasori, amigo do meu primo, Sasori, essa é Ino, minha namorada. — nos apresentou, eu cumprimentei-a com um aceno e um sorrisinho sem jeito. —Ele quer comprar flores pro menino que ele gosta.

—Uh, flores? Um menino que gosta de flores, isso é raro. — ela falou, já adentrando a loja pegando uns papéis que tinham a lista de arranjos.

—Na verdade eu não sei se ele gosta. Vai ser meio que uma aposta. — cocei a nuca, eu estava realmente com um pouco de medo de que o Deidara odiasse flores, mas se com Ino dava certo, eu não perdi as esperanças.

—Essa época do ano os girassóis e orquídeas são os mais procurados pra presente, eu sugiro um arranjo de um deles. — Ino falou, apontando para os girassóis e as orquídeas.

As orquídeas eram rosadas, os girassóis eram bem amarelinhos. Sem dúvidas, eu levaria um buquê de girassóis pra ele, o amarelo me fazia lembrar muito do cabelo do Deidara, e o fato que girassóis também sempre estão apontados pro Sol, e o Sol pra mim é a representatividade pura de tudo que o Deidara é pra mim. Minha luz, meu calor. Meu solzinho.

—Vou querer um buquê de Girassóis.

—Ótima escolha. — ela pegou alguns dos girassóis, uniu e amarrou-os em um laço amarelo, forrado com uma embalagem de presente transparente, na hora de pagar saiu bem mais do que eu esperava, mas tudo bem, eu pagaria o preço que for pra que ele aceitasse minhas desculpas.

Eu me senti muito culpado pelo "xingo" que eu lhe dei ontem, e eu sei que isso deve ter aumentado em 300x a raiva dele. Mas com fé, isso ia mudar. Agradeci a Sakura e a Ino, que ficaram lá pela floricultura mesmo, e eu fui até os correios, já que hoje, quinta, as 17:00 da tarde o Deidara ia nos correios pra entregar as esculturas de encomendas dele, iríamos acabar nos encontrando.

Olhei no relógio e faltavam 10 minutos pras 17h quando eu já estava nos Correios, ótimo, cheguei com antecedência. Eu estava nervoso pra caramba, suando frio, ensaiando mentalmente o que eu iria dizer. "Oi, me desculpa?" Não. Fraco demais. "Oi, me perdoa?" O perdoa soaria muito dramático talvez...

Estava pensando em quais palavras usar, quando ouvi um pouco de longe a risada dele. Levantei a cabeça rápido, e lá estava.

Ele estava vindo, estava com um cropped azul e uma calça moletom preta, o moletom amarrado na sua cintura, e o sorriso...

Ah aquele sorriso lindo, o mais lindo do mundo. Aquela risadinha gostosa de ouvir, que me incentivava a rir também. Mas o meu fim foi ver que ele estava rindo com o Obito do seu lado, que provavelmente fazia piadas bem mais engraçadas do que eu.

Eu murchei de imediato. Senti vontade de cavar um buraco no chão e sumir de lá, toda a confiança que eu tinha foi pro ralo só de ver o Obito do lado dele, definitivamente eu perdia de 10000 a 0 pra esse cara.

O Deidara percebeu minha presença quando chegou mais perto, e ficou me encarando por alguns segundos, eu estava totalmente inseguro e sem jeito naquele momento pra falar algo.

Porquê as coisas tinham que ser tão complicadas?!





a fic ta na reta final😭

Como eu era antes de você - SasodeiOnde histórias criam vida. Descubra agora