13 - Castiel

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Uma semana atrás, Castiel diria que nunca mais queria ver outro floco de neve enquanto vivesse. Há uma semana, ele diria a mesma coisa sobre Dean Winchester.

Engraçado o que uma semana pode fazer para um coração.

Agora a neve o lembra de Dean. De vinho e café, massagens e banhos excitantes, camas confortáveis e o corpo mais quente que Castiel já colocou os olhos, ou as mãos.

Essas são todas as imagens com as quais seu cérebro o distrai hoje, enquanto olha a cidade coberta de neve. E sim, ele realmente deveria estar trabalhando. Especialmente porque tem mais duas horas até que ele possa deixar o escritório. Mas é véspera de Natal e Castiel ainda está com aquela sensação de satisfação que sempre vem com um artigo bem recebido.

Ele recebeu ligações de amigos de toda a cidade, informando que todo mundo estava falando sobre sua louca experiência naquele resort. Isso seria mais do que suficiente em qualquer outro dia para fazer o coração de Castiel cantar. Hoje não, no entanto.

Hoje, ele sente mais falta de Dean a cada menção desse artigo.

Castiel nem sabe ao certo por que mencionou o nome de Dean. Ele certamente não planejou isso, e provavelmente deveria ter pedido permissão de Dean primeiro, agora que pensa nisso. Mas, no momento em que escreveu, parecia impossível não citar o nome dele. Parecia um desserviço ao homem que lhe mostrou tanta alegria, com quem ele compartilhou tantos momentos íntimos nesses poucos dias.

Para o bem ou para o mal, porém, o artigo, e a verdade contida nele, estão no mundo agora. Castiel só pode esperar que reconhecê-lo, escrevê-lo e enviá-lo seriam os primeiros passos úteis para deixar aqueles dias maravilhosos demais para trás.

Exceto... ele não quer.

Nem um pouco.

Ele só quer ver Dean novamente.

— Me disseram que eu poderia encontrar o colaborador de estilo de vida aqui — uma voz atrás dele afasta Castiel de seus pensamentos.

— Você encontrou, oi... — Castiel reconhece a voz no momento em que se vira para ver Dean na frente da mesa do escritório. — O que? Dean? Como... por que...

Ele tem muitas perguntas ao mesmo tempo. Por um momento, Castiel pensa que pode até estar alucinando a coisa toda. Ele estava pensando, desejando e fantasiando tanto sobre Dean que realmente enlouqueceu. É impossível que Dean esteja ali no escritório de Castiel, a poucos metros de distância, tão perto que ele pode realmente estender a mão e tocar aquele corpo sexy e familiar.

Completamente impossível.

Completamente improvável, pelo menos. E ainda assim... lá está ele.

Não é uma alucinação. Parado ali e sorrindo com um jornal nas mãos.

Jornal de Castiel. Artigo de Castiel.

— Vi o que você escreveu — Dean diz, simplesmente. — Então eu tive que vir te ver.

Oh Deus.

Ele viu o artigo. Mas é claro que ele viu. Não é segredo que eles estão lendo o trabalho um do outro por anos, desde que são concorrentes. Isso é apenas praticar bons negócios. Pesquisa de oposição.

Castiel publicou o artigo sabendo muito bem que Dean o veria.

Ainda assim, há uma diferença entre saber algo no fundo de sua mente e ser confrontado com esse conhecimento na vida real.

Uma grande diferença.

— Desculpe — Castiel diz, desejando ter pensado sobre tudo isso um pouco mais. Ele deveria pelo menos ter algo a dizer nessa situação em particular. — Eu deveria ter perguntado antes de usar seu nome. Eu não quis te expor assim. Emitirei uma retratação ou um pedido de desculpas ou...

— Não — Dean balança a cabeça, cortando as divagações de Castiel com um gesto impaciente. — Não estou preocupado com nada disso. Fiquei surpreso ao ver meu nome em seu artigo, mas... foi uma surpresa agradável.

Ah.

— Ah — Cas diz, ainda tentando encontrar as palavras apropriadas para essa situação surreal. — Então... você não está zangado?

Ele não parece zangado. Ele não soa zangado. Mas por que mais Dean teria viajado por Manhattan na neve na véspera de Natal?

— Nem um pouco zangado — Dean diz. — O contrário, honestamente. Eu vim aqui para dizer... obrigado.

Espere, o quê?

— Obrigado? — Castiel repete. — Quero dizer... de nada? — Ele nem sabe o que está dizendo. — Eu só... isso está realmente acontecendo?

Ele está começando a sentir aquela sensação tonta, quente e flutuante, que ele só parece ter quando Dean está por perto. O que significa que sim, isso está realmente acontecendo e não, Castiel ainda não tem ideia do que fazer com a situação.

Dean está aqui, no entanto. Aqui, no escritório de Castiel.

Sorridente.

O oposto de zangado e chateado. Feliz. Grato.

Dean caminha ao redor da mesa de Castiel até que eles estão cara a cara. — Cas, eu nem tenho palavras para dizer tudo o que quero dizer agora. Mas eu tinha que vir aqui e te ver. Eu precisava pelo menos tentar lhe dizer o quanto esse artigo significou para mim, o quanto você significa para mim.

— Oh, uau — Castiel sussurra. — Eu não esperava isso.

Dean sorri. — Eu também não esperava. Eu não esperava que você virasse meu mundo de cabeça para baixo há uma semana. Eu não esperava ficar completamente destruído quando nos despedimos. Mas todas essas coisas aconteceram. — Ele faz uma pausa e respira fundo antes de continuar. — Queria lhe dizer todas essas coisas naquele último dia no quarto do hotel. Eu queria fazer planos e dizer que mal podia esperar para vê-lo novamente antes de nos despedirmos.

— Por que você não disse? — Castiel pergunta. — Quero dizer... eu também queria dizer essas coisas. Mas eu estava...

— Com medo — Dean termina por ele. — Eu também estava. Com medo de que fosse bom demais para ser verdade. Com medo que esses sentimentos não durassem. Com medo de que fosse diferente, esquisito ou algo assim, quando voltássemos para nossa vida real e cotidiana.

Sim.

Exatamente. Tudo isso. Muito disso.

— Mas não estou mais com medo — Dean continua. — Eu quero você, Cas. Eu tenho certeza que sim. Realmente nunca houve uma dúvida, desde que tive a chance de conhecê-lo, pelo menos.

Castiel ri, porque de jeito nenhum eles teriam dito essas coisas há apenas uma semana. Mas aqui estão eles. Seus sentimentos são fáceis de ver.

E esses sentimentos são reais.

— Também não há dúvida para mim — Castiel confessa. — Eu quero você também.

As palavras mal saem da boca dele antes que os braços de Dean o envolvessem, puxando-o para um abraço tão apertado que tira o fôlego de Castiel.

— Quero arriscar — Dean diz. — Uma chance para nós. Eu quero tentar, Cas.

— Sim — Castiel diz, sentindo-se tonto e sem fôlego novamente. E não apenas porque Dean realmente está espremendo-o em seus braços. — Seria loucura não tentar. Nós...eu sinto que merecemos. Eu sinto que... talvez seja para ser.

— Eu sei que é um dia antes do Natal e é um tiro no escuro, mas... — Dean alivia o aperto e dá um passo para trás, para que estejam olhando nos olhos um do outro novamente. — Mas se não estiver fazendo nada mais tarde, eu gostaria de talvez...

— Sim — Castiel diz, nem mesmo deixando Dean terminar a pergunta. — Sim, para tudo que você pedir. Não importa qual é a pergunta. Enquanto você estiver perguntando, a resposta será sempre sim.

Dean ri e beija Castiel lenta e profundamente, fazendo-o desejar que eles estivessem em qualquer lugar além do escritório muito público e lotado de Castiel no momento. — Vamos sair daqui — Dean diz, como se estivesse lendo os pensamentos de Castiel. — Não ligo para onde vamos, mas quero mais disso. Mais de você. Agora mesmo.

Sim.

É a única resposta. Sempre sim.

O Natal Nos Uniu ❆ Destiel VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora