08 | complicado, mas não impossível

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HUNGRIA, 2020

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HUNGRIA, 2020

A jornalista observou o quarto de George, puxando o lábio entre os dentes, mantendo as mãos à frente do corpo e com um frio na barriga intenso. A sensação era boa e que a puxava para ele, com um ímã.

Blue ponderou em fingir que aquilo fora um surto e voltar para seu quarto, mas adiar algo que cedo ou tarde teria que ser resolvido não estava nas suas possibilidades. Além do mais, ela já estava ali, o que custava falar? Não poderia fugir mais uma vez.

— Hãm... Senta! — George pediu nervoso.

O piloto parecia não saber agir quando estava na presença da garota. A magia que a cercava o deixava tonto, inebriado e bêbado. Blue possuía algo em si que transformava o ambiente, talvez fosse os olhos, ou a doçura, George desconfiava que poderia ser tudo.

A garota sentou-se no sofá, mordendo o lado interno da bochecha e juntou as mãos sobre as pernas, mantendo os olhos sobre o piloto.

— Hum... Quer uma água, um café? — George andava pelo quarto como um carro desgovernado, não sabendo como agir

— Ah não. — Blue deu um sorriso fraco. — Eu só queria conversar. — George balançou a cabeça e sentou-se no sofá ao lado, apoiando os braços sobre a perna, juntando as mãos nervoso também.

O estômago de Blue revirou-se, formando um bolo em sua garganta. O nervosismo não a deixava iniciar a conversa e aquilo causava mais inquietação em George.

— Eu... Hãm... — Blue finalmente disse algo, engolindo a própria saliva. — Queria me desculpar por aquela noite. — Abaixou os olhos. — Eu...

— Você não precisa pedir desculpas por uma coisa que você não fez e que não queria. — George interrompeu o raciocínio da jornalista.

— Não é que eu não queria... — George entreabriu os lábios.

— Então você queria? — Blue fechou os olhos, enquanto seu rosto queimava.

Sua consciência lhe dava tapas estalados, por confessar que no fundo, ela queria ter beijado George.

— Me desculpa. — George pediu. — Acho que a pergunta foi respondida. — Blue voltou a encara-lo, ainda com muita vergonha. — Tá tudo bem. — o piloto garantiu. — É claro que foi estranho você me deixar lá sem uma explicação, mas eu entendo.

Não. George não entendia. Os motivos para Blue ter o deixado plantando eram complexos, perturbadores, dolorosos como um corte feito por uma espada afiada. Não só o coração da garota fora machucado, sua mente também foi prejudicada e todas as memórias ruins ainda estavam muito vivas e mantinham-se presas em uma caixa no mais profundo lugar da memória, mas que a qualquer mínimo despertar, poderiam ser liberadas e causar um estrago maior e mais desastroso.

— É complicado. Muito mais do que você possa imaginar. — Blue sussurrou, ao ponto de quase chorar.

Ela não queria derramar suas lágrimas, ainda mais na frente de George, o cara que estava aos poucos roubando seus pensamentos e fazendo seu coração acelerar.

BLUE | GEORGE RUSSELLOnde histórias criam vida. Descubra agora