30 | anjos e demônios

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HASSELT, 2020

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HASSELT, 2020

As sessões de terapia estavam intensas e Blue sentia uma boa diferença do que era antes e como estava agora.

Karen, a terapeuta tinha mínimas rugas nos cantos dos olhos, os fios de cabelo pretos, eram mesclados com alguns fios brancos e o nariz fino sustentava os óculos de grau, enquanto seus lábios sempre demostrava um sorriso carinhoso com os pacientes.

Blue gostava muito dela. As primeiras vezes que pisou no consultório, não foi uma das suas experiências mais animadoras, entretanto com o passar das semanas, a garota sentia-se cada vez mais a vontade e um pouco melhor em dizer tudo que estava entalado em sua garganta.

A vida de Hayes era um desafio para si própria. O pai vivendo uma bigamia, viajando entre Hasselt e Bruxelas, tentando estar presente na vida dos filhos, os passeios ao parque para brincar com uma criança em específico, a separação conturbada, a mudança para a cidade natal da mãe, as férias na Bélgica ou em qualquer lugar que o pai estivesse com Derek, sua grande decepção amorosa e o acidente do irmão. Tudo era uma pilha grande e frágil.

Karen teve um trabalho grande, esmiuçou cada uma das bases, foi em extremos e chegou a ficar abalada com algumas coisas, mesmo que não demonstrasse. Contudo, talvez o mais complicado era Henry e o acidente de Derek.

A jornalista confidenciou que sentia culpa por ter se apaixonado por um cara tão idiota e mesquinho como Henry Foster. As lembranças da discussão que teve com Derek, ainda estavam ali, mesmo com o passar dos anos. E se Derek tivesse morrido, ela se martirizaria pelo resto da vida por não ter pedido desculpas por aquela briga boba.

"Que se foda sua carreira na Fórmula 1"

A simples frase jamais foi esquecida. Mesmo que tenha sido da boca para fora. Por conta do acidente, ele não teve a oportunidade de estar na elite da competição e Blue se culpava por isso.

Com o passar das semanas, Blue enxergou que ela não teve culpa, era Henry o causador de tudo.

Após mais uma sessão, Hayes caminhou em passos largos e decisivos em direção a confeitaria com o desejo de comprar os bolinhos que tinha visto quando estava indo para o consultório de Karen.

Ao passar pela porta, o sino tilintou anunciando sua entrada. Blue foi rapidamente até o balcão e pediu pelos bolinhos, sentindo sua boca salivar um pouco. A atendente entregou o embrulho e ela fez o pagamento saindo imediatamente pronta para esperar Derek e o motorista a buscarem.

Por muito azar, ela acabou esbarrando em uma pessoa, entretanto, conseguiu desviar o embrulho antes que acabasse derrubando.

- Me desculpa! - o homem pediu em um tom calmo.

Ela arregalou os olhos e seus lábios se abriram, em total surpresa. Blue não esqueceria a voz dele nem se esforçasse o bastante para isso. Ele era a voz de seu pior pesadelo.

BLUE | GEORGE RUSSELLOnde histórias criam vida. Descubra agora