Capítulo 24- Epílogo

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Vejo a placa "Bem vindo a Santa Selene" pela última vez. Meu voo está marcado para ás 05:00.
  O céu ainda escuro tem cheiro de novidade. Me sinto cansada. Passei os últimos dias empacotando minhas coisas, com ajuda dos meus amigos, é claro. Tia Clarice me espera em casa e depois das férias de verão irei para a faculdade. Irei morar nas instalações, óbvio que minha mãe reclamou no inicio, mas sei que não tem como morrer de saudades.  Está tudo certo para começar minha nova vida.

Olho para fora da janela, a luz que vem da lua ilumina meu cordão de lua, ou melhor meus cordões. Além do que foi um dia pertencente a Aurora Monte-Negro e hoje meu, que trouxe consigo partes de mim que eu nunca sonhei em conhecer. Tem um simples colar de prata com uma pequena lua no meio, ele brilha quando a sombra da lua. Foi um dos meus presentes de aniversário, de alguém que não merece os meus pensamentos.
Pego-o em minhas mãos. O colar frio toca meus dedos e passo delicadamente o indicador pela pedra. Sinto meus olhos marejando, mas me recuso a chorar. Não vale a pena... Não mais. Talvez nada do que ele me trouxe tenha valido a pena.
Ouço meu celular aptar.

"Boa viajem, Luna. Amamos você, sentiremos saudades(007)"

Meus olhos enchem-se de lágrimas. Sentirei tantas saudades das minhas meninas, sei que manteremos contato. Deus! Imagino que elas me ligaram 24horas por dia. E já marcamos de nos encontrarmos nas minhas férias da faculdade. Elas vão viajar para me visitar, mas já sinto muitas saudades. Passo um pouco meu celular e vejo um antigo contato. De quem um dia se declarou meu verdadeiro amor, hoje só levo as lembranças e um pequeno cordão que por pura tortura pessoal me impedi de jogar fora. Não há foto e muito menos mensagens, é como se nada tivesse existido, que tudo foi um sonho -ou pesadelo- e se não fosse pelo nome ainda salvo eu acharia que foi tudo uma grande ilusão. Bom.. talvez tenha sido.

suspiro

Consigo ver as estrelas grandes e brilhantes refletidas no céu da estrada de Santa Selene. Olho para todas as árvores e vegetações, sinto cada animal, cada presa, cada caçador. Cada ser que não faz a mínima ideia de como será o futuro.
   Lembro-me de mim a um ano atrás, a garota que não fazia ideia de como a sua vida poderia mudar em apenas um ano. De que aprenderia a ser uma Selene, uma boa amiga, a ser quem é e que aprenderia sobre as artimanhas do amor. E de como ele pode matar e curar. Mas como um grande filosofo disse uma vez
"Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal".

Não sei se é verdade... mas também não sei se é mentira. Talvez o mundo não seja tão preto e branco, talvez exista um cinza ou vários tons que só aqueles que compreendem o mundo podem ver.

Sigo minha viagem com a esperança do novo e com a certeza do inesperável.

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_SETE ANOS DEPOIS_

Desço do trem na estação 22.

Ventos... ventos da mudança.

Sinto o vento bagunçando meus cabelos, o cheiro de terra molhada, que nostalgia. Logo após descer do trem vou andando pela estrada, o salto alto foi a minha pior escolha para um dia chuvoso. Sinto meus pés escorregarem na lama. Está um pouco difícil andar, principalmente quando se está de salto e carregando uma mala. Meu salto fica preso em um buraco no bueiro e sou obrigada a arranca-lo de la a forças e para piorar ainda está chovendo. Fico descalça no meio da rua, sinto o asfalto gelado em meus pés. Pego e tento abrir meu guarda-chuva, mas nada funciona. BUFO em frustração. Será um presságio, me pergunto.

Depois de sete anos finalmente estou de volta a Santa Selene.
O lugar ainda me traz tantas memórias. Não venho a essa cidade há anos. Desde de quando decidi que aqui não era o meu lugar. Mas Deus, quantas saudades eu senti.

Hoje é o casamento de Layla e Ravi. Quem diria que eles realmente dariam certo. Mantive contato com eles por todos esses anos. Layla acabou fazendo pós graduação na minha mesma cidade e Darya abriu uma empresa super conceituada de medicina natural. Chamada "Namashivaya". Agora ela é mãe de três cachorros, quatro gatos e duas calopsitas e também de "Frodo" o porco-espinho. Minhas meninas estão realizadas e seguindo seus sonhos. Tenho muito orgulho delas.
Respiro profundamente e saio andando na chuva mesmo, passo tanto tempo na cidade que esqueci que o clima do interior é instável. Penso logo em alugar um carro não queria ter que ligar para minha mãe, já que estou tentando fazer uma surpresa. Acho que talvez seja melhor ligar. Acabo por colocar meus sapatos de volta, não dá para andar tanto descalça ainda mais nessa chuva.

Puxo a mala com força enquanto atrevesso a rua o mais rápido que posso. Meus scarpins vermelhos que não ajudam no processo. Sinto um alvoroço, como um pressentimento e quase caio. Sinto o solo do meu sapato raspar no asfalto. Que estranho.
Vou verificar se eles ainda estão inteiros quando um carro surge do além e vem direto em minha direção. A luz me cega por alguns segundos, mas com a chuva imagino que ele não conseguirá parar a tempo, pelo menos não antes de me atropelar. Consigo fazer o vento para-lo a quase três centimetros de mim. Se fosse uma pessoa normal já teria sido atropelada.
Meu coração bate desparrado. Sinto que estou em um estágio de adrenalina tão grande que fico parada no meio da pista, olhando para o carro sem sabe do que fazer.

Vejo um homem alto e corpulento descer do carro. Seus cabelos grandes e pretos são bagunçados pelo vento. Uau. Que homem é esse! Ele olha para trás procurando algo enquanto fala. Ele está nervoso e gesticula com as mãos, se atrapalha até ao fechar a porta. Ele fala alguma coisa que não entendo para alguém e a voz dele me faz arrepiar.

-Me desculpe senhora, fui apertar o cinto do Dimitri quando o carro perdeu o controle e por conta da chuva não consegui para-lo. A senhora deu muita sorte, algo sério poderia ter acontecido. Realmente me desculpe, não imaginava que a senhora entraria no meio da pista, não consegui te ver.

Vejo um menininho de mais ou menos três anos com lindos cabelos pretos descer do carro. Ele da uma risadinha e um aceno para mim. Ele parece meio tímido e me olha com curiosidade.
Aceno de volta.

-Não tem problema, dá próxima vez tente...

Finalmente olho para o homem.
Meu coração para.
Aqueles olhos, como não reconheceria aqueles olhos. Eles ainda perturbam meus sonhos e meus pensamos intrusivos ainda me matam querendo saber aonde eles estão.
Ele estava mais velho, forte e seu cabelo estava maior do que me lembrava. Sua voz engrossou, Mas definitivamente parecia alguém que já foi meu.

"Daymoon" sussuro

"Nunca esqueça o motivo das suas partidas" disse uma vez minha tia. Bom tia.. ele está na minha frente, mais lindo como nunca. Me olhando como se estivesse horrorizado. Com medo.

-Lua?

Meu coração dispara. Isso não pode ser real.




















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Depois de quase dois anos, fico muito feliz por poder dizer que TERMINEI meu livro. Esse livro tem me acompanhado a muito tempo e cada passagem foi escrita por uma eu diferente. Foram tantas batalhas internas para postar cada capítulo. Tenho certeza que daqui a um tempo irei querer mudar tudo! Mudo tão constantemente que acho que esse livro acaba mudando comigo. Mas o que seria a vida sem mudanças, certo!
Espero que tenham gostado! Tentem não me odiar pelo final. Obrigada por chegarem até aqui e por me darem uma chance!
Quem sabe um segundo não venha por aí?
Deixo a curiosidade e fiquem livres para imaginar o que se deu.
Obrigada.
The end.

Selene - Entre o bem e o malOnde histórias criam vida. Descubra agora