Capítulo-8 Sexta Feira (parte 1)

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Dizem que as coisas mais surpreendentes acontecem em uma sexta feira, bom eu nasci em uma sexta feira, meu aniversário deste ano vai cair em uma sexta feira e sexta feira é o dia favorito da semana de muitas pessoas. Essa sexta, em particular mudou o rumo da minha vida.
      O dia começou tranquilo, para variar, o tempo estava fechado e uma garoa fina caia do céu cinza. Levantei sem muita disposição. Acordei arrepiada e com um pressentimento ruim, o vento que vinha da janela fazia meus sinos dos ventos balançarem. Estranhamente não sonhei com nada ontem à noite. Faço minha higiene e desço para tomar café como qualquer outro dia normal da minha vida rotineira.

Chego na escola. Sento em uma das cadeiras do meio junto com as meninas e Ravi. A professora começa a dar a aula falando sobre a origem, não a origem do universo, mas sim a origem de nós, quem nos antecedeu e porque isso é importante para nossas vidas. Com um baque a porta do ginásio é aberta, Daymoon entra um pouco apressado, nossos olhares se cruzam. Sinto algo diferente. É a primeira vez que ele me olha dês daquele dia. Ele se senta do lado de Darya.
Senhorita Dobfet passa um trabalho em grupo, devemos pesquisar sobre a origem da cidade, no caso de ''Santa Selene'', quando foi fundada e por quem, esse tipo de coisa. O nosso grupo já estava formado, infelizmente Daymoon estava nele. Nem tudo ocorre como a gente quer. Marcamos de nos encontraramos na biblioteca a tarde depois da escola.

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Vou andando pelas ruas da cidade até o local marcado. Queria ir mais cedo para olhar melhor a biblioteca, já que naquele dia tive que ajudar Darya no trabalho. Entro e vou observando as prateleiras. Uma moça alta, negra, com grandes cabelos cacheados e olhos quase dourados me cumprimenta, ela me lembra Darya e Ravi.

- Boa Tarde, sou Alaska Aurum, você deve ser Luna Sanches, estou certa?

- Sim, como você... espera Aurum, você é parente de Darya e Ravi Aurum?

- Se ser a mãe dele é considerado parente, então sim. - Diz rindo

- Darya nunca me falou que a senhora trabalhava aqui.

-Darya é uma menina inteligente, mas tem uma cabeça de vento que só Deus. Mas sim, deseja encontar algo em particular ?

- Na verdade sim, estou procurando todos os registos e histórias sobre a fundação e origem da cidade.

- Ah sim, vem comigo.

Ela me levou para uma parte mais afastada da biblioteca, bem no final, a luz ali chegava bem fraca e as lampadas eram amarelas. Ela pegou algumas coisas e fomos em direção as mesas.

-Esse é o livro oficial de Santa Selene, Aí você pode encontrar tudo sobre a fundação da cidade. Agora preciso ir, não posso deixar os clientes esperando.

-Mas não tem nigu...

Nessa hora um homem de meia idade entra na biblioteca. Estranho...

O livro se chama ''Santa Selene'', mas que nome mais criativo. Abro-o e sinto a poeira entrando bem no meu nariz, espirro e começo a ler.

'' A muito tempo atrás por volta do meiado do século XVIII, um grupo de mulheres vindas do norte do pais encontrava os primórdios do que seria Santa Selene, eram irmãs e vieram com sua mãe que já estava na fase final de sua vida. Elas passaram por muitas dificuldades em sua viajem, como temporais intensos, secas, perdas e até mesmo tragédias, mas nunca deixaram de ter fé e confiar que algo melhor ainda estava por vir. Foi com esse pensamento que elas chegaram aqui. A terra era abençoada e extremamente propícia a agricultura, uma cachoeira enorme desembocava em um rio e o clima era perfeito, o que só deu mais certeza que está era a terra que Deus havia preparado para elas. Após alguns anos, outros cidadãos vieram para o vilarejo também e elas os receberam de braços abertos, mas com pessoas distintas também veio o mal. Coisas ruins começaram a acontecer sem explicação, pessoas e animais morrendo de doenças até então desconhecidas. todo o povo começou a orar e pedir para que Deus enviasse a salvação''.

Nesse momento senti como se estivesse entrando no livro, como se cada palavra escrita ali batesse diretamente com meu coração, eu era o livro.

'' As suas preces foram ouvidas. Em dezembro uma mulher chamada Selene chegou a cidade, ela tinha grandes cabelos ruivos e era o ser mais amável que os cidadãos já tinham visto. Tudo quanto ocorria era com ela que podiam pedir socorro, ela tinha uma ligação diferente com a natureza como se eles fossem um e uma autoridade contra o mal. Anos se passaram, existia uma nova geração de cidadãos  e a Selene, morreu de velhice. Em sua homenagem que veio o nome da cidade, pois ela foi uma mulher tão boa que a denominaram de santa, ela nunca se casou e não deixou herdeiros''.

Acordo com alguém me chamando, pera quando foi que eu dormi?

-Lunaaaaa!!!

Olho e vejo Layla, Darya, Ravi e Daymoon me olhando. Acho que fiquei corada, espero não ter babado o livro.

-Tava bom o soninho?-pergunta Daymoon debochando

- Amiga que cara de desgosto, credo -fala Darya

Olho para o livro e vejo que tem marcas de páginas arrancadas, parecem ser no minimo umas 5 páginas.

- Cade o resto das páginas ?

- Ninguém sabe -fala Layla - Sumiu a muito tempo, dizem que dês da oficialização de Santa Selene como cidade, as páginas estão perdidas.

-Ninguém sabe ao certo como ocorreu, só sabemos que elas não estão aí. Como você pode ver. -diz Ravi

Começamos a pesquisar sobre a fundação, fiquei realmente impressionada, não são muitas as cidades que foram fundadas por mulheres e pelo o que eu vi tem muitas superstições em torno da cidade. Depois do nosso trabalho decido ficar um pouco mais alí. Vou de encontro com a mãe de Darya.

- Oi, senhora Aurum, por acaso não ouve nem uma investigação em relação as páginas perdidas do livro?

- Na época até aconteceu, porém o povo decidiu não mexer com o que estava quieto. Há várias lendas sobre as páginas perdidas, assim como sobre o livro das selenes.

- Pera, o livro das que ?

- O livro das Selenes, há uma lenda que toda cidade fundada por uma selene tem um livro desses que vai passando de geração em geração, de selene à selene e ele sempre encontra sua dona. Dizem que ele contém a verdadeira história da cidade, não que a que você leu seja mentira, mas a história mais aprofundada sobre o que ocorreu. Do que exatamente era o mal que isolava a cidade e como ele foi embora e claro sobre todas as coisas inexplicáveis que essa cidade já passou, mas isso é só uma lenda.

- Ah sim, obrigada.

Saio um tanto em estado de choque, O livro das Selenes, como aquele que está debaixo da minha cama nesse exato momento, acho que estou ficando doida.
Sinto alguém segurar meu braço. Vou de encontro a um peitoral. Vejo que é Daymoon. Ele me encara sério.

- Por que esse interesse repentino nas histórias dessa cidade?

- Eu só estou fazendo o trabalho que a professora pediu e as páginas desaparecidas do livro despertaram minha curiosidade.

- vou te dar um aviso - ele se aproximou até estar com o rosto quase no meu-, Não procure saber sobre as coisas dessa cidade, não mexa com o que você não conhece. Há segredos que não devem ser revelados.
Vejo seus olhos mudarem de cor rapidamente. Mas acho que foi minha imaginação.

Com isso ele foi embora pela escuridão da biblioteca, me deixando sem reação olhando para onde ele saiu. O que ele quis dizer com isso? Me virei e dei de cara com a janela. A lua branca iluminava o céu, era quase como um convite a me perguntar ''Que merda essa cidade tem ?''.

Selene - Entre o bem e o malOnde histórias criam vida. Descubra agora