Selene - Entre o bem e o mal

Capítulo 4- Dilemas do primeiro dia de aula

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim.

Acordo em um pulo. Meu Deus meu despertador não toca, BERRA!

Levanto da cama cheia de preguiça. Faço minha higiene, tomo banho e me troco.

Desço para a cozinha, minha mãe já está de pé, pronta. O cheiro de café faz meu estômago roncar.

- Toma logo o café que vou te levar na escola. Você sai 12:30, irei te pegar, porem tem que aprender o caminho da escola, não poderei te levar sempre.

- Beleza.
Tomo o meu café da manhã e subo para pegar minhas coisas.

Já no carro vou olhando o caminho, sou boa em decorar as coisas, as árvores me trazem uma sensação de paz. Minha mãe para em frente a escola. Ela é grande e tem uma arquitetura antiga. Meu estômago parece revirar, boa hora para a ansiedade bater. Me despeço da minha mãe e começo a andar em direção a minha mais nova escola.

Vejo o segurança bem em frente ao portão.

-Bom dia, sou nova aqui e ainda não sei onde fica a diretoria. Poderia me ajudar? -digo para o moço do portão.

- Claro. Segue o corredor, você verá uma escada, suba. É na ultima porta a esquerda. Estará escrito ''diretoria''. Agradeço e sigo meu caminho.

Subo as escadas e faço o caminho que o homem falou. Bato na porta e ouço alguém falar ''entre'', entro e fecho a porta atrás de mim.

- Oi, sou a aluna nova.

- Ah sim, Luna, não é? estava ansiosa para te conhecer. -diz a mulher já em idade avançada.
-Estive vendo suas notas do outro ano, muito boas. Fiquei sabendo que é uma ótima aluna. Sua sala será a 120. Aqui está seu horário. Como hoje é o primeiro dia oficial de aula, já que ontem foi só o ''acolhimento'', teremos um debate com as turmas do segundo e terceiro ano sobre um livro que ambos ficaram de ler nas férias.

- Ah sim, muito obrigada, sempre me esforcei para ser uma boa aluna . Eu não sabia que teremos aulas em conjunto.

- Apenas as de literatura. A aula de literatura ocorre no ginásio.

- Ah, E SEJA BEM VINDA A SANTA SELENE. -diz com um sorriso amável.
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Encontro o ginásio, minha barriga parece um furacão de tanto nervoso. Entro sem fazer barulho, tento ser o máximo discreta, falho miseravelmente.

- Olha só, deve ser a nova aluna. Vem aqui. -diz a professora, um tanto baixinha e fofa.

- Ah... oi

- Bom gente, essa é a nova aluna, Luna Sanches. Ela estará estudando com vocês, está no segundo ano. Fiquei sabendo que a senhorita ganhou o prêmio de literatura na sua antiga escola. Já que estamos debatendo aqui, queria saber se já leu ''Orgulho e preconceito, da Jane Austen''?

- Oh, Sim. É um dos meus livros favoritos.

- Que Ótimo. (diz batendo palminhas), Poderia dar o seu parecer do relacionamento da Lizzy e o Darcy?

Sinto os olhos de todo mundo em mim, fico extremamente vermelha. Pelo menos estou sem óculos, o que faz eu não enxergar a cara deles direito .

- Ham, Acho o relacionamento deles algo formidável, considerando o fato de eles se odiarem no inicio. E o que mais me chama atenção é a quebra de expectativas que ambos tem sobre o outro. Eles desconstruiram a imagem inicial sobre o parceiro e perceberam que eles eram muito mais do que os olhos enxergavam e que muitas vezes a primeira impressão não é a que fica, ou pelo menos, não deveria ser.

- Senhorita, tenho que dizer que começou este debate muito bem, se tivesse chegado um pouco antes teria visto o Daymoon falar justamente o oposto. Algo a declarar, Daymoon?

Meus olhos miram em um garoto alto, com cabelos castanhos e olhos... Nossa, ele tem heterocromia! um olho de um castanho vivo e outro cinza e na moral, ele é um gostos..Paro de observa-lo quando percebo que ele me encara como se estivesse avaliando sua presa.

- Senhorita Dobfet, acredito que a... Lua fez uma interpretação porca do livro.Em meu ponto de vista o relacionamento abordado no livro é muito mais do que apenas como ela disse mesmo..."uma quebra de expectativas". O principal motivo do sucesso desse livro, é que as mulheres em geral passam a vida esperando um Darcy. Um belo exemplo de homem cujos maiores defeitos são a arrogância e orgulho. Sendo que um deles é uma qualidade. Acho completamente irreal.

- Senhorita Luna, quer dizer algo?

Ele chamou minha interpretação de porca ??!

- Creio que você se engana. O livro trata-se justamente de pessoas que contém defeitos e não tenha escondê-los e é por ISSO que ele ficou "famoso", pois mostra seres reais, sem "filtros", falhos, humanos. Porque um romance com pessoas falhas, mas que se amam seria irreal? Muito pelo contrário, quando se ama, ama-se tudo, até mesmo os defeitos do outro. Ah, e meu nome é LUNA.

Termino meu ''discurso'' e a professora agradece minha participação. O tal do Daymon me olha como se quisesse me ver pegando fogo. ótimo, primeiro dia de aula e já tenho um inimigo. "continua assim" minha mente zomba.
  O sinal toca, parece que a aula acabou. Vou saindo quando sinto uma mão puxando a minha. Me viro dando de cara com a Layla, a garota loira do mercado.

- Você arrasou, nunca vi alguém debater ou enfrentar tão bem meu primo. Ele deve ta doido agora.-fala rindo.

- Pera, seu primo ?

- sim, Ele é filho da tia Morgana. Tenho que contar isso a ela. Sabe, ele se acha o rei dos debates. Agora vamos, temos mais aulas.

Sigo Layla até a sala de aula. Ela é muito legal e descobri que tem um grupinho pequeno de amigos e que a tal Darya e o Tal Ravi fazem parte dele, e para completar seu primo tosco também. As aulas passam depressa, quando vi já era hora do intervalo. Compro uma lanchee sento em uma mesa ao ar livre com Layla.

- E aí,Cambadaaaaaa. - diz Darya
- Garotaaaa, não acreditei no que me disseram. Você enfrentou Daymoon em um debate e GANHOU!  Daria tudo para ter visto isso. - diz enquanto mastiga um nabo.

- Você teria visto se não tivesse matado aula- Diz Lyla

- EI! Eu tinha algo muito importante para fazer, nada de matar aula não. Mas o assunto é que  a Luna aqui acabou com toda a prepotência dele.

- Que isso gente. Acho que ele deve me odiar agora.

- Querida, ele odeia todo mundo. Tenho que ir, vou dar uma passadinha para ver como o danado ta. Beijinhos angels .

As aulas acabaram e vou para frente da escola. Soube que Layla vai a pé e o caminho pega parte da trilha da minha casa. Pelo menos tenho com quem ir para a escola, ela passou seu celular e o de Darya. Minha mãe chega e eu entro no carro. Que dia!
Percebo o primo de Layla encarrando o carro, sinto calafrios. Parece que já vi aqueles olhos em algum lugar. Que estranho. Ele dá um sorrisinho de lado, é a última coisa que vejo antes do carro começar a andar.