Passamos pelo centro da cidade, As casas são simples, um estilo colonial, me lembra aquelas novelas antigas. Já faz cinco minutos que deixamos o centro da cidade. Adentramos em uma área florestal. A cidade é cercada por mata. Me sinto em uma floresta, bom talvez eu esteja em uma. Uma diversidade de árvores e plantas. Penso na quantidade de animais que podem estar vivendo ali, naquele ecossistema que agora faço parte. Aquele mata fechada desperta minha imaginação, me pergunto se algo pode estar me olhando nesse momento, por entre as árvores, sussurrado que eu cheguei e acompanhando meu caminho.
Acho que preciso parar de ler tantos livros.Avisto uma casa de madeira, Parece ser bem grade, com um telhado triangular no topo. Tem um aspecto antigo, porem é bem moderna.
O carro para. Saio e percebo que tem um caminho até a porta, cercado por pedrinhas.
- E ai Luna, o que achou?- pergunta minha mãe quando descemos do carro.
- Até que é bonita -dou de ombros.
Ela é realmente bonita, na verdade é mais que bonita, é linda.Mamãe abre a porta fazendo um barulho sufocado. A casa é bem moderna por dentro. Um balcão divide a cozinha da sala, há uma lareira no canto ( não sei para que, nem tem inverno direito nessa região), um grande e espaçoso sofá se encontra no meio da sala.
- Escolha logo o seu quarto. O pessoal já está trazendo os móveis.
Subo a escada encontrando três cômodos, dois quartos e um banheiro. Os quartos são grandes, porém não me chamam atenção. Saio, encontro uma escada lateral que deve levar ao sótão.
- Meu Deus! -Exclamo extasiada- É perfeito.
O teto com formato triangular da um charme. A luz vinda da grande janela, da um ar de conto de fadas. A parede de tijolinhos cai perfeitamente com o cômodo. Sim, achei meu quarto.- Mãe ! posso ficar com o sótão ?
Sem esperar eu terminar de falar, a resposta vem mais rápido.
- Não.
Curta e grossa, como sempre. Depois de muita falação, consigo convence-la. O pessoal da mudança chega e vai levando as caixas e móveis para dentro da casa. Que dia!A tarde vem chegando ao fim. Da janela consigo ter um vislumbre da lua, hoje é noite de lua crescente. Os móveis já estão montados, mas ainda há caixas, muitas caixas.
- Luna, vem jantar! -grita minha mãe diretamente da cozinha.
Desço as escadas e a encontro sentada na bancada da cozinha.
- Hummm, que cheiro bom.
- Cachorro quente. Luna, meu bem, eu sei que você não queria se mudar, deixar seus amigos, lembranças, mas esse emprego é uma grande oportunidade. Então, tente aproveitar Luninha.
Mamãe parece cansada, sei que ela ainda sofre com a perda do meu pai. Todos nós sofremos, essa mudança deveria trazer uma nova luz no seu olhar.
- Eu sei, mãe... Vou tentar aproveitar.
Vemos um pouco de televisão, depois subo para meu novo quarto. A cama já está arrumada, caixas estão amontoadas no canto e minha malas no meio. Da janela a luz da lua entra. Me aproximo e sento na baywindow, uma leve brisa bagunça meus cabelos. Meus olhos pesam, depois de toda a mudança, vem o cansaço. Deito na cama e encaro o teto pontiagudo, amanha será um longo dia. O sono me toma.
**************
Acordo assustada, "Luna", alguém me chama.
Levanto e vou em direção a essa voz, ela vem da janela. A lua não é mais crescente. É cheia e de sangue. O vento ruge contra as árvores, como um presagio, algo sussurra meu nome. Meu coração dispara a olhar para a entrada da mata, um grande lobo negro me observa, seus olhos heterocromáticos me chamam atenção. Ele se aproxima da casa a passos lentos, mais e mais, ele está tão perto que ...
***
Acordo ofegante, foi tudo um sonho, a luz cegante que vem da janela incomoda meus olhos .- Foi tão real.- murmuro
Depois de tomar banho, desço para a cozinha. O cheiro de café invade meus sentidos. Não há nada melhor nesse mundo do que cheiro de café pela manhã.
- Café! - grito
- Jesus, Maria, Jose!! Credo menina, quer me matar do coração- exclama minha mãe.
Mamãe está atrás do balcão segurando uma garrafa de café, já está vestida com seu terninho padrão preto e seus scarpin.- Aí que exagero. Com fome estou, dona Amira.
- Também só pensa em comer. Se arrume, vamos a cidade comprar algumas coisas.
- Ah mãeee. -resmungo
Nunca fui do tipo que gosta de sair de casa.Depois do almoço saio com minha mãe para a cidade. Sem minha tristeza deprimente inicial, consigo apreciar melhor o caminho. A cidade até que é bonita . Mamãe estaciona em frente ao mercado. Desço. O centro da cidade é movimentado para uma cidade pequena. Depois de pegarmos o essencial, esperamos na fila do caixa.
Vejo uma mulher alta e morena se aproximar. Ela é bem bonita, atrás vejo que está uma garota loira mais ou menos da mesma idade com a cara enfiada no celular.
- Oi, vocês devem ser as novas moradoras, certo? Meu nome é Morgana, essa é minha sobrinha Layla.- fala a mulher
Tenho uma leva impressão que já as conheço.
-Oi, sim somos, meu nome é Amira, esta é minha filha Luna.
- Sejam bem vindas, vocês são assuntos na cidade. Cidade pequena, já viu.
Morgana me encara, mas já começa a engatar
em uma conversa com a minha mãe.- Quando ela começa a falar não para mais.-fala a loira
- Minha mãe também. -rimos
- Bom, acho que vai estudar em Santa Selene ?
- A escola? acho que sim.
- Está em que ano ?
- Terceiro
-Mentiraaaa. Eu também. -diz com empolgação- É... você está morando na casa da floresta né?
-Sim, ela é bem legal. Você mora aqui a muito tempo?
- Ah bem. Eu não sou daqui, porem desde a morte dos meus pais, passei a morar com minha tia Morgana.
- Desculpa, deve ter sido difícil. Entendo um pouco o que você passou, perdi meu pai a alguns anos.
- Meus pêsames, sei como é difícil. Mas vamos deixar essa melancolia de lado. Você chegou em boa hora, o trimestre já vai começar, teremos uma festinha no primeiro dia, vê se vai, hein, é amanhã.
- vou tentar -digo
Elas vão embora e pagamos as compras.
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Selene - Entre o bem e o mal
AventureMeu nome é Luna Sanches e hoje vos apresento a história da minha vida. Acredita em destino? pois deveria. Quando a lua está no topo, segredos são revelados, deixando verdades perigosas sussurrando ao vento. Bem vindos a Santa Selene, a cidade...