Ah, queridos leitores ...
Chegou aos ouvidos desta autora que Lorde Bridgerton está tendo dificuldades em assumir suas novas responsabilidades, principalmente quando se diz respeito a suas irmãs mais novas, debutantes.
É de conhecimento geral o lamentável falecimento de Anthony Bridgerton, morto por uma mera abelha anos após o pai da prole Bridgerton ter morrido sob os efeitos da picada do mesmo inseto. A família se encontra desolada, mas o Lorde Benedict teve de se recompor rapidamente como o novo chefe.
Por isso, creio que podemos dar um desconto ao Visconde, que acaba de trazer sua irmã, Senhorita Eloise Bridgerton (devo especificar, já que ele tem tantas irmãs), de volta à Londres depois de a mesma ter fugido para o campo
– desacompanhada! – para se encontrar com um, até então, misterioso botânico. O Visconde (Benedict, não Anthony; para os desatentos) teve de obrigar o botânico a sair do campo rapidamente para organizarem o baile de noivado. A autora que vos fala descobriu as origens do relacionamento antes de ontem à noite, dia do baile de noivado, asseguro-lhes.Esta autora gostaria de acreditar que a espirituosa e teimosa Eloise não aceitaria ordens de seu irmão mais próximo, porém, como visto no salão de baile de Phillip Crane e Eloise, apesar de as circunstâncias não serem ideais (Eloise certamente não deveria ter fugido sozinha para se encontrar com um homem solteiro se não quisesse causar escândalo), o brilho nos olhos dos amantes era quase palpável. Será interessante acompanhar o desenvolvimento do casal nesta coluna, porque sabemos que Eloise não é reservada como aparenta Sir Phillip.
Também não deixei de notar, querido leitor, o curioso olhar que o Visconde Bridgerton lançou à Senhorita Featherington. Pela primeira vez desde que debutou na sociedade, anos atrás, Penélope não usava um vestido de cor de fruta cítrica, como sua família tanto adora. O solteiro mais cobiçado pelas mocinhas e suas mamães casamenteiras, Benedict Bridgerton, também não deixou de notar o vestido azul de tecido musseline de Penélope. Depois de anos tomando chá de cadeira, a Senhorita Featherington parece ter capturado a atenção de um Bridgerton! Os Bridgertons são, com toda certeza, a família mais fértil da alta sociedade. Com seus oito filhos (agora sete) nomeados em ordem alfabética, Violet, a matriarca, fez um ótimo trabalho com a educação de sua adorável prole; apesar de que ninguém deve ser tão desorganizado a ponto de precisar nomear os filhos dessa forma para manter a ordem. Finalizando a coluna de hoje, caros leitores, será que Benedict aguentará a pressão de ter o título em seu nome e a família sob suas orientações? Será que voltarei a escrever sobre esse curioso possível casal? Só o tempo e esta autora pode desvendar...
Crônicas da sociedade de Lady Whistledown
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Penélope Featherington estava sendo enxerida, mas não pôde evitar. Era apaixonada por aquele rapaz desde que descobriu o significado da palavra, mas não conhecia o maravilhoso dom de Colin Bridgerton. De certo não imaginara que ele era um artista.
Colin estava de costas, e a porta de seu quarto devia estar apenas escorada, porque a corrente de vento a empurrou e Penélope foi forçada a ver o que tinha dentro. Penélope não empurrara levemente a porta por curiosidade.
A pintura era triste e melancólica, e com razão. Não estava finalizada, porém ela reconhecera o falecido Anthony Bridgerton. Ele era o mais velho do clã nomeado em ordem alfabética e bem mais velho que ela mesma, mas Penélope se lembrava de sua reputação quando ainda era apenas um devasso charmoso e elegante. Não era esse o Anthony retratado.
Na tela, está o homem honesto e gentil, o visconde que cuidara de sua família quando Edmund Bridgerton, o pai dos oito, morrera também por uma picada de abelha. O Anthony da pintura era o marido de Katherine Sheffield e pai de duas lindas meninas.
Penélope se sentira mal por isso, mas não conseguia parar de pensar em Colin quando recebera a notícia. Eram amigos, mas não o suficiente para conversarem de temas como a morte de um irmão.
Vendo ele ali, apesar da escuridão, soube que Colin estava bem. Provavelmente não bem, mas vivo. Talvez finalmente parasse de viajar pela Europa e ficasse em Londres pela família. Penélope devia ser sincera pelo menos consigo mesma, queria que o rapaz ficasse no país por outra razão; apenas para que ela continuasse alimentando a paixão boba que tinha por alguém que não poderia ter.
Penélope tinha a visão da mão de Colin, que não se mexia, só permanecia parada na tela segurando um pincel. A respiração do rapaz estava profunda e seus ombros largos subiam e abaixavam com cada arfada de ar. Os cabelos escuros eram os mesmos, todos da família Bridgerton eram assim, mas Colin ganhara mais corpo em suas viagens. Ele demorou mais tempo para voltar desse último passeio e Penélope temia ter se esquecido de detalhes do terceiro irmão Bridgerton.
- Por que os irmãos mantém quartos aqui? – murmurou a garota, antes que percebesse que era óbvio. A Casa Bridgerton era de Edmund e Violet antes que o visconde Anthony se casasse e viesse morar aqui com a esposa. Edmund morrera anos antes, mas os filhos e Violet continuaram na mesma mansão em Londres.
Penélope congelou quando o rapaz Bridgerton se virou. Ele devia ter ouvido seu sussurro. Mas Pen ficou ainda mais em choque quando percebera que não era Colin, e que Colin não teria ganhado tantos músculos e ficado tão mais alto. O artista era Benedict Bridgerton. O novo chefe da casa. Penélope nem poderia imaginar porque Benedict se escondera no quarto quando membros da aristocracia vieram lamentar a morte de Anthony; lamentar e definitivamente avaliar o mais atual Lorde Bridgerton, de uma das famílias mais influentes da alta sociedade. Mas, outra vez, era clara a resposta: a vida de Benedict acabara de mudar drasticamente e ele não estava pronto.
A Senhorita Featherington deveria ter ido, mas soube que precisava ver Bene. Sentiu vontade de entrar no quarto, mas seria completamente inapropriado e se conteve.
- Continue sua arte, Benedict. - murmurou. Quis entrar e ordenar que Benedict pintasse mais, que mostrasse a ela mais de suas obras.
Pen imaginou que nunca vira uma cena tão trágica, mas tão romântica, quanto quando Benedict se levantou raivoso e jogou o quadro incompleto no chão. Ela também não saberia dizer porquê derramava lágrimas. Ficou chateada porque ele jogara o quadro no chão. "Estava lindo", quis gritar, "você estava lindo". Penélope ficou tão perturbada - e admirada - com o que pensara que se virou e foi embora.
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Chame meu nome, Penélope.
Romance"Penélope congelou quando o rapaz Bridgerton se virou. Ele devia ter ouvido seu sussurro. Mas Pen ficou ainda mais em choque quando percebera que não era Colin, e que Colin não teria ganhado tantos músculos e ficado tão mais alto. O artista era Bene...