Capítulo 6

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   No jantar, Eloise e Francesca vigiavam os convidados como águias. Ainda não era o dia do grande plano que as meninas criaram para despertar Lady Whistledown, mas ambas estavam de olho em possíveis suspeitos. Assim como todos ali, que ansiavam pelo prêmio. Lady Danbury, a leoa que era, estava radiante. Violet Bridgerton tentou parar as filhas, mas até ela tinha de admitir que ou gostaria que Lady W. voltasse a ativa ou que sua identidade fosse revelada.

   Penélope e Kate Sheffield, viúva viscondessa, tomavam suas limonadas ao lado da mesa para bebidas enquanto esperavam que a noite começasse. Todos devem aguardar o anfitrião, Lorde Bridgerton, para que ele se sente na ponta da mesa, seguido por outros de importantes títulos.

- Penélope, quão adorável vê-la. – Era a pior coisa que poderia acontecer com Pen naquele momento. – Viscondessa. – reverenciou Cressida Cowper, a mulher mais asquerosa de toda a alta sociedade. Ela sozinha era terrível, mas Cressida era popular, por isso pretendentes a seguiam e mocinhas desejavam ter sua beleza, com a pele clara e lisa como a de um bebê e os cabelos dourados.

- Cressida. – resmungou Kate.

- Essa nova cor de vestido combinou com você, Penélope. Porquê Deus sabe que sua família adora extravagar nas paletas. – Pen apertou a mandíbula. A implicância começaria cedo naquela noite. Penélope ficara aliviada por ter se livrado das cores festivais da família, porque Phillipa e Prudence eram mais velhas e ainda não decidiam sobre o próprio guarda-roupa. Mas Pen conseguiu pôr um fim ao controle da mãe sobre suas vestimentas.

- Eu penso nas cores das Featheringtons como espirituosas. É melhor do que parecer pálida como uma boneca usando branco. – Era claramente mentira, mas Penélope agradeceu a Kate silenciosamente. Cressida usava um vestido branco naquele dia, para ser vista como pura, mesmo estando longe disso.

- Então iremos discordar, Katherine. – Ninguém chamava Kate assim. – Penélope usando laranja só faltaria rolar no chão como a fruta. – Os súditos de Cressida riram e Penélope se encolhera. Mas então, sentiu uma mão forte em seu ombro.

- Com licença, senhoritas. O jantar está para começar. Vamos, Pen? – Benedict Bridgerton estendeu o braço para Penélope agarrar. Ela segurou como se sua vida dependesse disso, mesmo não entendendo o que Benedict estava prestes a fazer.

- O senhor vai levar ela como acompanhante? A filha de um barão? – rugiu Cressida Cowper. – Não posso acreditar. –

- Ainda bem que não tenho obrigação de lhe oferecer satisfações, senhorita Cowper. Posso ter quem eu quiser ao meu lado. –

Quando Benedict e Penélope saíram andando, a dama não viu que Eloise Bridgerton estava atrás do irmão e que sorria diabolicamente – apesar de estar surpresa em um bom sentido – para os dois.

   Benedict não desviou os olhos dela durante o jantar, ou após, quando todos estavam se retirando. As mulheres iam conversar, ler, escrever cartas e tomar chá com biscoitos em um lugar mais sereno, um salão com saída para os jardins, até que chegasse a hora de se deitar. Os homens iam tomar seus conhaques e fazer apostas. Benedict, em certo momento da noite, não olhara para Penélope apenas para reprender Gregory, que jogava ervilhas em Hyacinth como se tivessem voltado a ter 10 anos, e Hyacinth, que amaldiçoava o irmão na frente dos convidados.

   Como anfitrião, Benedict deveria se juntar a bagunça, aos jogos, mas Bene conseguiu se misturar e sair de perto dessa espécie de perigo. Mais cedo, ele pedira que Penélope o encontrasse após o jantar. Tinha algo valioso a mostrar para ela.

- Conseguiu escapar de uma maneira mais fácil desta vez? – brincou Benedict.

- Tive de dizer a verdade. Minha mãe ficou encantada, óbvio, pois você é um Bridgerton. –

- Ela não mandou uma acompanhante? – Penélope ficou vermelha com a pergunta, mas contou o que fez.

- Dei balas de menta para ela ir embora. Suponho que, se você foi discreto sobre isso, devia vir sozinha. – a sobrancelha de Benedict se ergueu.

- Penélope, sua mãe é a pessoa mais fofoqueira da alta sociedade. – A dama deu de ombros e pediu para o visconde se apressar.

- Afinal, não temos exatamente outro jornal de fofocas no momento. E não é como se algo impróprio fosse acontecer. – completou Pen. Eles foram até a biblioteca de Aubrey Hall; as paredes repletas de estantes altas cheias de livros, mas não era o que Benedict queria ali.

- Não posso te dar a máquina, mas suponho que possa usar enquanto estiver aqui e quando voltar mais vezes. – Penélope não sabia ao certo se voltaria ali tantas mais vezes, porém ficou calada e observou o objeto em cima da mesa da biblioteca.

- Isso é... –

- Uma máquina de datilografar. – completou Benedict. – Quando você tocar nessas teclas, será impresso no papel os símbolos. E se você errar alguma palavra, existe essa fita – apontou Benedict – para você corrigir. – Penélope não soubera o que falar, muito menos o que sentir. O aparelho era incrível e ela aprenderia a mexer o mais rápido que pudesse. Trabalhar com penas e tinta era... bem, trabalhoso. Nem ao menos lembrou de se perguntar por que ele lhe emprestaria a máquina. Penélope estava encantada pelo gesto de Benedict. Tinha absolta certeza que ele era um homem bom, mas não havia motivo (aparente) para o presente.

- Deus do céu. – Ele começou a se perguntar se havia feito algo de errado, mas não teve mais tempo para pensar porque foi envolvido pelos braços de Penélope. – É perfeito. Algo novo. Eu... Bem, nunca tinha visto uma. –

- De nada. – disse Benedict, orgulhoso. Assim tão perto, Benedict cheirava a tinta a óleo. Ela não sabia se se ser um artista era uma parte de Benedict que não mudaria, por isso o cheiro sempre seria familiar. Como ele ainda não soltara os braços da cintura de Penélope, ela enterrou seu rosto um pouco mais no fundo do pescoço de Benedict.

- Homens são tolos. – Benedict não falaria isso do irmão, porque apesar de nunca ter notado Penélope Featherington, Colin era a pessoa mais simpática de toda a Inglaterra. Bene tinha certeza que ela o ouvira, mas nada foi dito. Ele passou os dedos nos cachos avermelhados de Penélope Featherington, gostava de fazer isso. Depois, usou suas duas mãos para segurar o rosto da dama e obrigá-la a olhá-lo. Será que Penélope era tão inocente que não soubesse o quanto ele a queria?

- Pen. –

- Lorde Bridgerton. – Benedict tinha decidido que não a beijaria até que ela o chamasse pelo nome.

- Penélope, você é tão linda que cintila. – Penélope se sentia tão bem. Ela queria ele. Era um sonho querer Benedict Bridgerton. Esperava que ele visse isso em seus olhos.

- Visconde. – Benedict soltou ela. Não estava bravo; ele ainda teria sua chance.

- Vá, Penélope. – E ela, que tinha acabado de achar a felicidade de ser querida por homem tão bom como Benedict Bridgerton, se virou e correu para o quarto.

   Mais tarde, quando a garota não conseguia dormir a noite, colocou suas pantufas e seguiu para a biblioteca na ponta dos pés, segurando uma vela para iluminar o escuro. Poderia usar a máquina para escrever e se distrair; mas ela viu que Benedict ainda estava lá. Penélope não entraria, não poderia entrar. Mas poderia ver ele até que se entediasse, o que passara a acreditar que nunca iria.

- Eu não deveria fazer isso outra vez. – disse em um suspiro. Dessa vez, Benedict não escutaria. Estava tão concentrado em seu caderno.

   Penélope não ousou respirar e deixar que ele a visse, então se aproximou em absoluto silêncio e apagou o fogo antes. Ele a estava desenhando, mas parecia frustrado sobre isso. Benedict não tinha ideia de quão especial era seu talento, mas Penélope não falaria com ele ainda.

Chame meu nome, Penélope. Onde histórias criam vida. Descubra agora