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CAPÍTULO 09
CAMILA MUNHOZ

Eu me sentia estupida, sem forças e completamente magoada. Eu feri pessoas maravilhosas, eu enganei essas pessoas conscientemente. E pior, eu me enganei vivendo cada minuto como se tudo fosse verdade.

Meu deus.

Meu coração se aperta no peito.

Me sento na cama e abraço meus joelhos tentando amenizar a dor esmagadora que caia sobre mim. Viver todos os dias no meio dos sorrisos dessa família, vendo o carinho em suas ações, vendo a emoção nos gestos, eu me deixei levar.

Tento colocar minha cabeça no lugar, eu precisava tomar coragem e enfrentar as consequências. Me desculpar, por tudo. Eles não mereciam tamanha mentira. E eu teria que me convencer que tudo o que eu vive, as emoções, os sorrisos e os abraços foram simplesmente parte da mentira.

Eu tinha que tentar apagar Adam de dentro de mim.

Minha mente me leva para momento que eu não queria ir, o olhar de adam invade minha mente me tirando completamente o ar. E eu sabia que não seria fácil ir embora, eu era covarde e não queria encarar tudo o que eu mesma criei para mim.

Ouço a porta do quarto se abrir e Beatriz me analisa com a cara fechada, ela entra e fecha a porta atrás de si.

- Vocês têm ideiam do que estavam fazendo? – A ouço bufar enquanto se senta na ponta da cama.

- Eu não sei o que te dizer. – Sou sincera. – Peço desculpas por tudo o que causei, eu não pensei... – Suspiro.

- Eu cheguei a acreditar que Adam realmente estivesse apaixonado por você. – Beatriz me fita pensativa.

Eu também cheguei a pensar a mesma coisa.

Percebendo meu silêncio ela se remexe olha ao redor do quarto e depois pousa seus olhos em mim novamente.

- Pensei que você estaria fazendo bem para meu irmão. Ajudando ele a seguir em frente e tudo foi uma mentira. – Beatriz suspira. – Você e Adam não fazem bem um para o outro. Falei para minha mãe sobre tudo e ela está devastada. Camila, gostávamos de você.

- Eu gosto de vocês, Beatriz. Sua família é incrível e eu me sinto péssima por tudo o que eu fiz. Eu sinto muito de verdade.

- Acho que é melhor você ir embora. – Beatriz se levanta. – Essa família vai precisar do choque de realidade. – Beatriz se levanta e bate à porta.

Com um buraco se abrindo em meu peito eu salto da cama e começo a arrumar minhas coisas. Não, eu não poderia trazer infelicidade para mais uma família.

Eu que precisava de um choque de realidade. O que eu estava fazendo? O que eu tinha na cabeça para me meter nisso tudo?

A crise bateu forte e eu sentia que meu peito estava inflando e eu estava perdendo todo ar.

A impulsividade guiou muito anos da minha vida. A impulsividade que levou ao acidente de Jacob. A impulsividade de vir para Liverpool pensando que isso me faria esquecer tudo o que deixei no Texas, achando que eu esquecia o olhar de mágoa e tristeza que causei em meus pais e por fim decidi embarcar nessa aventura estupida.

A imagem dos meus pais invade minha mente e eu paro tensa, o olhar calmo de papai e o olhar sempre severo e ao mesmo tempo amoroso da minha mãe e por fim o sorriso de Jacob faz tudo se quebrar dentro de mim.

Eu me sentia em queda livre.

Pego minha mala e minha bolsa e sai do quarto pedindo mentalmente para que eu não encontrasse ninguém no meio do caminho. Eu era boa em fugir.

Um Amor em LiverpoolOnde histórias criam vida. Descubra agora