Fred Pasini O Despertar

A dor de um segredo

Não respondo só mostro o dedo do meio. O stronzo e todos os putos engatilham suas pistolas. Faço o mesmo.

-- Se matou o chefinho, vai pagar vendo o maridinho morrer.

Ouvir uma ameaça contra a vida do Fred foi o estopim pra fazer o que não fazia a um bom tempo. Matar. Atiro na cabeça do cara e pronto as moçoilas ficaram putas comigo, corri pra trás de uma arvore por sorte bem viçosa, e eles despejaram os pentes contra a mata. A merda tava feita, de um lado um tarado podendo acordar a qualquer momento, do outro uns caras da pesada nada felizes comigo.

Espero encolhida até cessar e antes que eles avancem na minha direção vou na direção oposta apesar de manca consigo me mover rápido.

 Saio por trás dos carros dele, e como dizem. Tenho mais sorte que juízo. O primeiro carro estava vazio, olho na direção dos caras vendo alguns deles entra mata adentro e me chamando de vadia.

 Com cuidado para não ser vista entro em outro carro por sorte vejo algumas armas, pistolas, uma doze, um rifle, tava feita a minha festa. Armada até os dentes fico atrás da porta aberta, atiro sem aviso matando mais um. Ali começo outro tiro teio. A medida que eles tentavam avança na minha direção eu matava um deles. Com as palavras da Oxana gritando no meu ouvido descido que sem Kalita sem beijo da morte perto do meu capo e de todos que amo. Sem existência sem dor por ser um estupro vivo.

Eu causei toda a dor da Oxana. Ela deixou uma vida feliz porque eu tive vida. Grito desesperada pego as armas que poço e subo em cima do carro. Disparo contra eles sem medo de morrer, a morte seria minha solução. Fred diz que me ama, porque não sabe o nojo que sou. Micaela me ama porque não sabe ainda a dor que minha vida representa. Meus pais Pasini me amam porque não sabem que sou o que abominam. Os Pasini me amam porque não sabem que eu represento a dor, e humilhação, a perda e a covardia.

Desorientada desço dali e avanço pra outro carro faço o mesmo. Quando pareceu ter ouvido meu nome, e parecia a voz do Fred, o que devia ser delírio da minha mente.

Escorrego pelo carro sentindo minhas forças indo aos poucos, ouço mais tiros e corro arrastando a perna. Era bala pra todo o lado, reparo em um carro que não se movia e permanecia fechado, pego duas pistolas de um morto caído como um porco, aponto pro carro e atiro sem parar, cambaleio quando acho que vou caí, sinto as mãos do Fred segurando meu corpo.

-- Mio amore...—ele diz mostrando preocupação em seu olhar.

-- Morri? – pergunto chorando compulsivamente.

-- Não, minha morena.—ele diz com carinho.

Fred se deita por cima do meu corpo vejo meu papá, meu irmão, o patriarca dos patriarcas, Alonso e o meu sogro fazendo um escudo protegendo a mim e ao Fred.

-- Não pode mais me salva. – choro alto. – AH!- grito saltando fora daquele circulo. Fred vem na minha direção e eu arrasto meu corpo pra trás. – Não pode mais me amar. Sou -... – volto a chora. – Sou o que abomina. Sou um estupro vivo.—grito chorando. Fred aponta arma e mata um cara atrás de mim. Depois me toma nos braços.

-- Não importa como foi concebida. – ele diz fitando meus olhos. – Só me importa que a amo mais do que tudo na vida. Que é a minha senhora Pasini. Que é a mulher mais corajosa, linda, doce, bondosa e ciumenta que conheço. E atira como ninguém.

Tento sorrir e não consigo. – Vou vomita. – aviso. Fred corre comigo até um dos carros Pasini, ajoelhada e com ele segurando meus cabelos tento vomita mais não saí nada. – Não pode mais me amar, não passo de uma coisa suja. – choro e ele volta a me pega nos baços beija meus lábios de forma carinhosa...—sabe que quase vomitei, ne? – pergunto arqueando uma sobrancelha.

-- Não podia só ter voltado pra casa? – o capo fala sorrindo.

-- Não percebi pra onde fui. – olho tudo ao meu redor. – Nem sei aonde estamos.

-- Como esses homens te acharam? – ele pergunta.

-- Tava na mata quando um acara chego falando que era seu homem de confiança, mais logo notei a mentira. Depois dele tenta trepa comigo a força...—Fred tenciona seus músculos ringe os dentes...continuo. – Acertei ele com uma pedra, roubei a arma dele e dei de cara com esses homens, e quando um deles ameaço a sua vida matei o infeliz.

-- Aonde deixou o futuro presento? – ele pergunta.

Fico zonza seguro no casaco pesado do capo. – Fred...

-- Vamos pra casa. – ele diz depositando meu corpo no banco de trás. Fico aliviada vendo os senhores vim na minha direção. Sinto outra pontada  abaixo da bexiga, olho bem meu abdômen, o capo passa as mãos ali eu tiro fitando seus olhos.

-- Não faz isso. – ele acarinha meus cabelos.

-- Não entendeu ainda o que sou.—movimento a perna sentindo a dor piora, me deito tento passa as mãos no rosto e sinto dor. Fred olha minha orelha .

-- Isso é uma marca de sapato...—ele diz a si mesmo.

Não digo nada só choro, fecho os olhos e abro quando sinto as mãos mais delicadas que conheço segurando as minhas. Olho Micaela. Arregalo os olhos. – Não toca em mim. – digo aos prantos e ela chora. – Vai odiar ter me chamado de irmã. Vai enojar o que sou.

-- Em casa vamos conversamos. – Micaela diz tenta a carinha minha face mais desiste ao ver os ferimentos.

 – Apanhei muito hoje, mais nem uma dor é pior do que existi. – confesso aos prantos.

Fred a carrinha e beija minha barriga, olho ele achando o capo estranho. Meu papá junto dos outros invadem a mata, depois vejo quando eles arrastado o cara que tento me ter a força.

Fred seguiu comigo em seu colo no banco de trás, Luca levo Micaela. Alonso e Eric foram em outro carro. Os patriarcas foram em um carro só. A escolta era bem maior do que de costume. Já no complexo, o capo sai comigo nos braços. Vi minha mamma de coração corre desesperada na nossa direção, ela chorava muito.

-- Minha bambina a mamma mando preparar uma equipe médica...

Não ouço mais nada, só vou levada por uma força maior. Era silencioso e bom. Sem gritos, sem dor...só o silêncio e eu...aquilo trazia um alívio e uma agonia estranha...