ELE NÃO É MEU PAI

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— Sim. Isso porque o capo Eric queria devorar as guloseimas que fiz para os meus filhos. E eu não deixei. Mandei ele voltar no dia seguinte, quando eu poderia preparar uma quantia maior para que ele ficasse gordinho como os meus anjinhos.

— Loirinha, com essa cara de santa, é cruel. — ele diz zombeteiro.

Tomo o remédio vendo o esforço do Eric e da Micaela para tentarem distrair minha mente. Fred se monta uma guarda ao meu lado, mostrando-se protetor.

Apesar da dúvida que o senhor Robert tentou plantar no meu coração, o restante da noite é calmo. Logo as senhoras estão familiarizadas com a senhora Eva e o senhor Isaque, conversando animadamente com eles, Eric e Luca. Já Fred e os patriarcas estão sérios, assim como o senhor Robert, que parece observar cada gesto que eu faço. Alonso se mantém calado e dá alguns telefonemas.

Jantamos todos juntos e Clara deita a cabeça na minha barriga. Ri contente a cada vez que o bambino se mexe. Fred sorri completamente feliz por sentir nosso filho chutar sem parar.

Por fim, convidamos as visitas para ficarem na casa de hóspedes. Os três aceitam. Combinamos que eles ficarão lá por um mês, o tempo suficiente para que Oxana saia da clínica. Assim, eles poderão se sentar e acertarem o passado. Depois seu Isaque e dona Eva a levarão para morar com eles. Caso ela negue, os Pasini irão obrigá-la a ficar em umas das muitas casas deles, onde será vigiada. Desse modo, depois do parto, a criança será levada pelo casal.

CAPÍTULO 73

Os dias se passaram com tranquilidade. A senhora Eva e o senhor Isaque têm adorado o Complexo. Passam o tempo todo me paparicando. Eles perguntaram sobre a minha vida, porém não contei tudo para evitar mais sofrimentos. Já Eric, o bastardo mais fofoqueiro que conheço, contou tudo o que viu, ouviu e descobriu; falou até o que ela fez comigo no dia que afirmou que sou filha de um estupro. Depois disso, flagrei várias vezes eles chorando junto com o senhor Robert. Esse falou com os senhores em particular e eles saíram.

Eu estou aqui, em cólicas, como diz Darlene. Aliás, ela está transbordando de felicidade, pois passou a trabalhar para a mamma da Micaela e morar lá. As senhoras acharam que a mesma se sairia melhor nesse emprego do que no de governanta. Elas adoram as duas (Darelene e Eva). Transformaram ambas em mulheres elegantes e não fizeram distinção com Darlene por ser um menino com a alma mais feminina que conhecemos.

Estou na piscina rindo com as senhoras, quando meu capo, todos os senhores e Robert entram nitidamente nervosos. Quando abro a boca para perguntar o que houve, Clara nos faz cair na gargalhada, com exceção dos senhores.

— Telo um momolado. — ela diz empolgada em sua santa inocência, fazendo Luca arregalar os olhos.

Rio muito ao notar o olhar apavorado do capo diabo das máfias.

— Que venha um bambino! — Fred diz como se fizesse um pedido. — Não saberei lidar com isso. — fala rápido.

— Vai poder ter um quando fizer cento e vinte anos. — afirmo. — Até lá, prometo levá-la em uma loja de brinquedos e deixar você comprar tudo o que quiser.

Ela bate palminhas, feliz, e Micaela gargalha junto.

Observo os senhores e arqueio uma sobrancelha.

— Vão contar logo porque estão assim?

— Assim como? — Eric pergunta se sentando.

— Parecem preocupados. — Bocejo.

— Minha morena, precisamos te contar uma coisa. — a voz do Fred sai em um tom de preocupação.

— Que coisa? — Seguro minha barriga.

— Quero que me deixe ser seu pai. — o senhor Robert pede como se implorasse.

Olho para eles, certa de que, de alguma forma, constataram que eu não tenho o sangue dele. Calo-me sem saber o que dizer e ainda mais triste por ter perdido a minha única esperança de não ser o que sou.

— Sempre sonhei em ser pai, e Oxana tirou isso de mim quando me abandonou. Desde então tenho dedicado minha vida a ONGS e nunca quis me casar ou gerar um filho. Mas agora sei que Deus preparou uma menininha sofrida para que eu possa chamá-la de filha. Aceite! Será uma forma de você me devolver a vida.

Dou um sorriso amarelo.

— Com muito prazer. Na verdade, não nutri esperanças de que tivéssemos o mesmo sangue. — minto. — Aprendi que para ser da mesma família, não é preciso ter o mesmo DNA. — agora digo a verdade

Ele me abraça, feliz, e eu vejo o Fred fazer um esforço sobre-humano para controlar o ciúme, assim como meus papàs. Tudo para me verem bem.

Agora tudo está mais calmo após meus pais Pasini terem deixado claro que também são meus pais e que eu nunca vou sair de perto deles. Quando Robert bateu o pé dizendo que não vai mais ficar longe da filha que a vida lhe deu, Fred decidiu que se ele aceitasse, poderia trabalhar como médico em uma das clínicas da famiglia, já que passou de enfermeiro a doutor. Assim, poderá morar em uma das casas vazias do capo. Ele aceitou. Agora liga para os pais e conta tudo. Pelo que entendi, quando puderem, eles também virão para a Itália. Juram nunca perdoar a Oxana.

Olho para o Robert e entendo como ela foi burra. Se deixou levar quando podia ter vivido uma vida feliz.

Fred Pasini O Despertar Onde histórias criam vida. Descubra agora