KALITA

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Dois meses se passaram. Minha barriga não cresceu aos poucos, e sim pulou para fora nos últimos dias. O capo tem sido muito amoroso, e meus papàs e minha mamma estão cuidadosos comigo. Ela saiu por dois dias de viagem, mas é como se estivesse longe há um mês.

Toda a família está feliz por mim e pelo Fred. Micaela é sempre muito atenciosa e uma mãe incrível, assim como as senhoras. Meu marido ouviu atentamente cada explicação do Luca sobre como cuidar de um bambino.

Olho minha mãe Pasini, que está linda como sempre e muito elegante, vindo na minha direção. Corro para um abraço e ela sorri lindamente vendo como estou perdida no quarto vazio que Fred e eu vamos decorar para o nosso filho. Na verdade, mal sabemos por onde começar.

— Eu estava com saudade, mamma. — falo chorosa.

Sou uma grávida bem chorona, porém não mais do que irritada.

— Eu também estava com muita saudade. — declara com carinho. — Não foi fácil passar dois dias longe dos meus filhos e do meu nipode. — Beija minha barriga e depois toma sua postura, ficando ereta. — E do patriarca. Aliás, bambina, diga que vigiou seu papà para mim!

— Cada passo. — Rimos juntas. — Aonde foi? Saiu apressada.

Ela respira fundo.

— Fui cuidar de uns assuntos, e um deles é sua outra famiglia.

Eu fico zonza e minha mãe leva as mãos ao meu rosto para acariciá-lo.

— Anjinho, se eu pudesse, não deixaria você passar mais por isso, mas acontece que, infelizmente, é necessário. Mas será bom.

— Como vou contar a eles quem sou? — indago com a voz embargada. — Mamma, não sei como contá-los pelo que ela passou.

— Não se preocupe, meu amor! Eles já sabem. Tomei a liberdade de contar tudo. Saiba que todos garantiram que se ela tivesse contado na época, teriam apoiado e ajudado na sua criação. Seu ex-noivo ficou rancoroso por saber que ela escolheu viver nas ruas em vez de confiar neles e afirmou que teria adorado adotá-la como se fosse dele, que teria se casado com ela e que vocês três teriam sido felizes. Bom... Quando souberam tudo o que ela passou, entraram em pânico e choraram muito. O desespero tomou conta deles. São boas pessoas. Os pais dela rezavam missas por acreditarem que ela estava morta, e o ex-noivo fez trabalhos voluntários em ONGS de mulheres desaparecidas. — Suspira. — Seus pais aceitaram vir de bom grado. O ex-noivo relutou, mas acabou vindo. E tem mais uma coisa. — diz com preocupação.

— O quê? — seguro suas mãos.

— Eles desejam conhecer a bambina que tanto sofreu e... — Respira fundo.

— E? — pergunto começando a chorar.

— Depois que você contou sobre o moço tão feminino que... — Chora. — Que cuidou de você e te ajudou, eu falei com o seu papà e ele mandou investigar quem é e se ainda vive. E, bom, amore da mamma... Ele ainda vive. Abriu uma lanchonete e vive modestamente. Quando fui falar com ele, o pobre ficou emocionado. — Chora compulsivamente. — Contou que cuidou de você quando era um bebê para que não morresse de fome. Falou sobre muitas coisas que você, minha figlia, sofreu. Sei que guarda muitas histórias nesse coraçãozinho. Bom... Diante de tudo que ouvi e com a permissão dos senhores e do seu papà, trouxe o rapaz comigo. Ele vai trabalhar na minha casa como governanta. — Ri entre lágrimas. — Sim. Porque ele não aceita ser chamado de menino, então é governanta.

Dou um passo para trás e arqueio as sobrancelhas. Será incrível ter alguém do meu passado de volta à minha vida. E é alguém bom.

É inacreditável que Oxana poderia ter tido uma vida diferente, mas escolheu o caminho ruim.

Fred Pasini O Despertar Onde histórias criam vida. Descubra agora