epílogo

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    As ruas da cidade cinzenta estavam lotadas, e era quase impossível notar o homem de 1,60 que abria caminho entre a multidão, vestindo um terno escuro feito sob-medida. Andava rapidamente, até encontrar o familiar prédio que frequentava quase diariamente. 

– Bom dia, Simon – ele cumprimentou o porteiro, que fingia não estar jogando algum jogo online no computador da empresa.

– Bom dia – respondeu Simon, desinteressado.

O tatuado deixou sua digital na catraca e entrou no prédio, pronto para mais uma reunião exaustiva. Pelo menos hoje traria boas notícias ao rigoroso Sr. Ramirez – aquele que não perdia uma chance de reclamar da própria equipe ainda que a eficácia da citada fosse imbatível.

Atravessou o corredor rapidamente, acenando com educação aos companheiros de trabalho. Mais adiante, chegou ao quadro colorido com vários animais circenses ao lado da porta cinza, entrada da sala de reuniões. Respirou fundo e entrou no recinto. 

Lá dentro, quatro pessoas estavam sentadas, esperando pelo chefe. Uma mulher de cabelos negros e franja bem aparada junto a  uma ruiva que usava um batom vermelho vibrante; um homem de cabelos longos e uma idosa vestindo um terno bem ajustado. Era um time no mínimo… improvável.

– Anthony, finalmente apareceu! Pensava que não íamos entregar esse relatório nunca – a de cabelos escuros e franja apressou-se em dizer.

– Eu enviei a versão finalizada ontem a noite, que exagero – o rapaz recém chegado defendeu-se prontamente.

– Como se não bastasse o nome péssimo que Nichole resolveu me dar… Quem se chama Tucker, sério?! – Comentou o homem que já estava no ambiente.

A mulher de cabelo laranja riu alto, começando a tagarelar sobre estar desesperada com seu outro caso e que foi a primeira coisa que conseguiu pensar. Anthony se sentou ao lado da senhora e começou a organizar sua papelada quando Sr. Ramirez entrou na sala.

Todos saudaram o chefe com rapidez e iniciaram os tópicos do dia.

– Muito bem. Levando em conta a demora nos resultados, começaremos por Anthony Iero.

Anthony, mesmo ciente que ainda estava dentro do prazo estipulado inicialmente, engoliu a vontade de corrigir o superior. Pigarreou discretamente, entregou os relatórios para Ramirez e começou a explicar mais sobre seu caso.

– Gerard Way. 27 anos. No dia 20 de outubro foram detectados, através de monitoramento dos microfones e câmeras de seu aparelho celular, que havia intenção de suspender o tratamento medicamentoso iniciado por ele na adolescência. 

Baixinho, pôde-se ouvir um suspiro de desdém, provavelmente vindo do Senhor Ramirez – achava repugnante atos como o que seu subordinado relatava. 

– Duas semanas sem Allegro e depois o que? Assumir a presidência? – Ele soltou uma risada descontraída, encorajando os outros funcionários a rir da situação também. – Prossiga, por favor.

– O alvo foi interceptado no mesmo dia, agi assim que recebemos o caso.

– Certo, mas vejo aqui que houve um lapso de quase uma semana antes dos demais progressos – interrompeu o senhor, deixando a acusação no ar.

– Isso mesmo, nós tivemos uma pequena dificuldade em localizá-lo – quando sentiu que tinha aberto uma brecha para xingamentos, tratou de retomar a fala. – No entanto, isso não diminuiu a efetividade do plano. Como você pode ver na terceira página, tivemos avanços incríveis em três dias, o que nos leva ao estado atual do alvo.

O chefe virou mais uma página no relatório, a que continha o comprovante da compra de uma caixa de Allegro feita na noite passada. Temendo a possibilidade de qualquer reprovação do superior, Frank partiu para o cheque-mate, dizendo:

– Não só foi possível que Gerard voltasse a ser nosso cliente, mas também posso garantir que uma recaída não estaria nem em cogitação.

A sala ficou em silêncio e o sorriso confiante de Frank vacilou por um segundo, quando sua mente viajou para o sorriso de Way involuntariamente. Felizmente, a imagem durara pouco, visto que Ramirez tinha um veredito.

– Anthony, confesso que fiquei preocupado com seus prazos, mas o resultado foi extraordinário como sempre. – Falou, formal como sempre.

O rapaz agradeceu e respirou aliviado, voltando a sentar-se na cadeira de couro. 

Em seguida, Hayley começara a reportar o avanço de seu caso, que envolvia uma tal Lindsey, aparentemente uma situação mais complicada que a do tatuado. Este que não estava prestando nenhuma atenção na colega, apenas experimentando a familiar dor de cabeça pós-caso.

Iero não era um sem coração, tinha noção do quanto podia se envolver durante seus trabalhos de campo. Entretanto, seu método era infalível; não havia aventureiro que resistisse a um coração partido. Ele tinha noção que trabalhava por um bem maior, que as pessoas não conseguiriam lidar com pensamentos próprios e sentimentos exacerbados. Alguém precisava cuidar de quem saia da linha, e ele dera a sorte de ter esse papel. 

Quando todos os amigos haviam falado, Anthony recebeu seu próximo caso. Richard Colins

Pensava em como esse alvo seria interessante enquanto tateava o papel timbrado que estampava, no canto superior direito, o nome da companhia: Allign Inc.

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Eaiiii, quem já previa?

Aqui a gente se despede de Allign, essa história que causou amores, ódios e ótimas teorias (skdkdksdk) durante as seis publicações.

Agradecimento especial pra emophobiaisgay que betou todos esses capítulos e a todo muito que leu e apoiou, vocês significam o mundo pra mim. Até a próxima <3

Allign [FRERARD]Onde histórias criam vida. Descubra agora