Melatonina: hormônio do sono.Minhas pernas doíam com o esforço de me sustentar por tanto tempo no mesmo lugar. No bolso, o celular pesava com as mais de vinte ligações feitas para o mesmo destino. Sem resposta.
De longe, o funcionário do cinema me olhava com pena. Sinceramente, eu também sentiria a mesma coisa se desse de cara com um homem abandonado na merda de um cinema local sem graça. Se ao menos fosse um restaurante chique, Frank. Com dificuldade, me retirei do estabelecimento antes que me oferecessem uma pipoca salgada demais como prêmio de consolação.
4 horas, 10 chamadas perdidas e mais de 20 mensagens que nem sequer chegaram ao celular de Iero. A alternativa mais provável era a de que ele estava me evitando, bloqueando meu contato ou coisa do tipo. No entanto, não entrava na minha cabeça a incoerência dos fatos – se ontem estávamos mais assumidos do que nunca, por que hoje me dar um bolo e fingir que não existo?
Não, nada naquele cenário soava certo.
Movido pelo nervosismo, meu cérebro traçou inúmeras rotas e possibilidades. Teria ele sido sequestrado? Acidentado? Assaltado? Eu não podia ficar parado de forma patética na frente de um cinema enquanto Iero provavelmente corria perigo. Ele não podia estar me ignorando.
Despertado do torpor, enxuguei as lágrimas desastrosas que havia derramado sem perceber e entrei no carro às pressas.
Estava tudo bem, eu tenho certeza de que tratava-se apenas de um mal entendido. Foi o que eu repeti a mim mesmo enquanto dirigia pela cidade, avançando sinais e ignorando as buzinas que protestavam contra minha conduta.
Eu não poderia ligar menos.
Percorri alguns quilômetros sem rumo até perceber que não fazia a mínima ideia de onde ir. Eu nunca nem havia ido ao apartamento de Iero.
– Porra – resmunguei, enquanto projetava minha cabeça até o volante. Duas mulheres atravessavam a rua, sem ter a mínima noção que uma crise existencial acontecia no carro prata que esperava terminarem a travessia.
Massageando minhas têmporas levemente, tentava pensar em alguma outra alternativa. Talvez Frank nem mesmo quisesse ser achado. Talvez esse tivesse sido o plano desde o começo, ainda que eu nem tenha pensado em pedir para visitar sua casa ou algo do tipo. Nada inteligente da minha parte.
O fato era que eu já estava envolvido na situação em níveis absurdos, e pouco me importavam os hipotéticos planos que o tatuado teria de me excluir da vida dele. Sendo assim, quando os demais pedestres saíram do caminho, eu decidi onde seria a primeira parada: o parque. O mesmo lugar em que ele me reencontrou. Entre as pouquíssimas informações que eu tinha sobre o homem, estava a de que ele provavelmente trabalhava ou morava ali perto, já que me achara por acaso naquele dia.
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Allign [FRERARD]
FanfictionEm 2050, o mundo inteiro recorria à remédios para levar uma vida normal. Com Gerard Way não seria diferente, visto que ele fora introduzido à rotina dos remédios controlados desde que sua avó morrera. Agora adulto, Way se considerava bem melhor, a p...