Capítulo 17

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Letícia e Emma estavam no pier 39 observando os leões marinhos, elas esperavam os pais de Letícia, que já deveriam ter chegado naquela hora. Emma havia passado a noite em claro pensando sobre a ligação de Annabeth, que a deixou mais nervosa do que já estava.
– Você tá legal? – perguntou Letícia.
– O que? Sim, eu tô. – disse Emma expondo o seu nervosismo.
– Não precisa ficar nervosa. – diz Letícia tentando consolá-la.
     Antes que Emma pudesse falar alguma coisa, Letícia voltou sua atenção para outra direção. Ela ergueu o braço sinalizando para alguém. Não demorou muito para que Emma notasse uma mulher muito animada respondendo o sinal que Letícia fazia.
– São eles. – Letícia segurou a mão de Emma, e andou em direção a seus pais.
    A mãe de Letícia usava um vestido floral, e um chapéu de praia, a semelhança entre as duas era inegável, exceto pelos olhos azuis que Letícia possuía, que eram iguais aos de seu pai, que vinha logo atrás de sua mãe. Ele era alto, e um pouco acima do peso. Usava uma camisa preta e bermuda branca. Eram a figura perfeita de dois turistas.
    Letícia abraçava sua mãe, que também era baixa, porém ainda chegava a ser mais alta que sua filha. Logo depois ela abraçou seu pai, e apresentou Emma, que os comprimentou.
  – Ela é linda. – comentou a mãe de Letícia em um tom não muito baixo, mas era provável que a sua intenção era que Emma pudesse escutar, já que ela havia falado em inglês.
  – Vocês já comeram alguma coisa? – perguntou o pai de Letícia.
– Na verdade sim – Letícia falava. –, mas vocês demoram tanto, que a gente já estava quase indo comer mais alguma coisa.
– Desculpa pelo atraso querida. – falava a mãe de Letícia com um tom manhoso. – é que nós chegamos quase três da manhã, e acabamos dormindo demais.
– Eu entendo. – diz Letícia tentando ser compreensiva.
   Emma estava em silêncio, não conseguia entender o que falavam, já que estavam conversando em sua língua mãe. Só voltaram a falar em inglês quando Letícia notou a cara de confusa que sua namorada fazia. Ela explicou para Emma sobre o que eles falavam.
– Podemos ir para um hard rock café que tem aqui perto. – disse Emma.
     Os pais de Letícia acharam uma ótima ideia.

Quando chegaram no hard rock café, os quatro sentaram em uma das mesas que ficavam ao ar livre. Uma garçonete foi até eles e anotou os pedidos.
   Letícia repousava a sua mão sobre a perna de Emma, que estava menos nervosa.
– Então Emma, o que você faz? – perguntou o pai de Letícia.
– Eu sou dona de um bar na Kearny Street. – respondeu Emma quase de imediato.
– Um bar! – disse a mãe de Letícia animada.
– É mãe, um bar. – Letícia revirava os olhos.
   O pai de Letícia ia falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pela a garçonete, que trazia os pedidos. Ela distribuiu entre eles, e se retirou logo em seguida.
– E de onde veio esse bar? – deu continuidade o pai de Letícia.
– Minha tia o deixou como herança depois que morreu. – Emma rasgou um sachê de adoçante e colocou  em seu café.
– Eu sinto muito. – disse a mãe de Letícia tentando ser solidária.
– Obrigada. – disse ela.
    Emma misturou o café por um tempo, depois bateu três vezes na beirada da xícara com a colher que usava para misturá-lo, e logo em seguida bebeu um gole.
– Nós deveríamos dar uma volta de barco na baía de São Francisco. – disse Letícia tentando mudar de assunto.
– Claro, mas nós não podemos demorar muito. – disse seu pai.
– Porque não?
– É que nós alugamos um carro, querida. – diz sua mãe.
    Sempre que os pais de Letícia viajavam para outro país, eles alugavam um carro, e seguiam em uma viagem para conhecer o lugar.
– Não vejo vocês a meses, e só vão passar algumas horinhas comigo? – Letícia parecia estar um pouco chateada.
– Querida, não precisa se preocupar com isso, amanhã nós podemos passar mais um tempo juntas.
– Eu tenho que trabalhar amanhã.
– Eu sinto muito, mas nós já alugamos o carro. – disse o seu pai.
– Pff… vocês estão de brincadeira né?
    Letícia e os pais ficaram em silêncio, ela não esperava que eles iriam querer ir embora tão cedo, e isso a desânimo.
– Acho uma boa ideia o passeio de barco. Já fiz ele várias vezes. – Emma tentava animar todo mundo.
– Vamos lá então, a ideia foi minha. – disse Letícia se levantando da cadeira.
– Vocês podem ir com ela, que eu alcanço vocês depois de pagar a conta. – Emma se levantou e retirou a carteira do bolso.
   O pai de Letícia se ofereceu para pagar, mas Emma insistiu para ele deixar que ela pagaria.
  

Os pais de Letícia já haviam ido embora, e as duas tentavam tirar uma foto juntas com a ilha de alcatraz ao fundo.
– Nunca estive lá. – disse Letícia.
– Em alcatraz?
– Sim.
– Você está morando a quase um ano em São Francisco, e nunca foi a um de seus maiores pontos turísticos?
– Eu fiquei de ir com o Félix, mas nunca deu certo.
– Nós podemos ir agora.
– É impossível conseguir um ingresso para alcatraz agora. É preciso comprar com meses de antecedência.
– Não se você conhece uma certa pessoa.
– Quem?
– Você verá. – Emma pegou o seu celular e ligou para alguém.

As duas estavam sentadas em um banco, quando Rachel chegou. Emma se levantou de onde estava e foi em sua direção.
– Você conseguiu? – perguntou Emma.
– O que você acha?
    Ela tirou de sua bolsa dois ingressos para um  tour em Alcatraz.
– Você sempre consegue o impossível.
– Exceto tirar a Alex LeBlanc da toca.
– Okay Rachel, você está liberada. – Emma se virou, e foi em direção a Letícia.
   Abriu um sorriso no rosto de Letícia quando Emma mostrou os ingressos.
– Não tem nada mais romântico do que um tour em uma das prisões mais famosas do mundo. – brincou Letícia se agarrando ao braço de Emma.


Levou dentro de 15 minutos para que chegassem em alcatraz. Depois que desembarcaram, foram direto para uma sala que passava um documentário sobre a prisão. O tour se iniciou logo após o fim do vídeo. Elas passaram pelas celas, algumas estavam vazias, e outras possuíam uma cama e algumas outras coisas. Havia retratos nas paredes de pessoas que estiveram presas ali, junto com textos falando um pouco mais sobre a prisão. Letícia queria visitar a ala médica, mas estava fechada, segundo Emma, a ala médica só era aberta à noite.
    Depois do tour – que durou  pouco menos de 1h. –, Letícia e Emma foram para fora. Estavam abraçadas, observando São Francisco de longe, com várias pessoas ao seu redor tirando fotos.
– A Rachel é como se fosse o Itam Hunt. – comenta Letícia. – nada é impossível para ela.
– Quem é Itam Hunt? – perguntou Emma.
– O personagem do Tom Cruise no missão: impossível. – Letícia parecia indignada.
– Seu gosto por filmes é bem duvidoso.
– Não, só temos gostos distintos.
   

Era quase noite quando elas voltaram de alcatraz. Caminhavam até o carro, Emma tirou a sua chave do bolso e apertou um botão, que destrancou o seu carro.
– Sinto muito por seus pais terem ido embora cedo. – disse Emma ao abrir a porta do motorista.
– Não se preocupe com isso, já é algo típico deles. – Letícia abriu a porta do passageiro, e entrou no carro.
   Emma entrou logo em seguida, ligou o carro para que pudessem sair daquele estacionamento.
– Mas acho que eles gostaram de você. – Letícia prendia o cinto.
– Fico aliviada em saber disso. – disse Emma virando a cabeça para trás, pronta para dar a ré.
     Letícia começou a rir, mas não demorou para que sua risada se transformasse em um bocejo que se estendeu por um longo período.
– Você pode inclinar o seu acento se estiver se sentindo muito cansada. – disse Emma.
     Foi o que Letícia fez sem pestanejar.


   Emma estacionava o carro onde ela costumava deixá-lo durante a noite, e olhou para Letícia dormindo ao seu lado. Naquele momento ela teve certeza que o que ela sentia por Letícia era especial, e não iria deixar a vinda de Annabeth estragar aquilo.
  

Letícia & Emma.Onde histórias criam vida. Descubra agora