Cap.7
Poucas horas depois, um novo amanhecer iniciava-se.
Quando acordei percebi que eram dez da manhã. Puts... Eu estava atrasado. Atrasado para que? Talvez vocês possam estar indagando. Mas sim, eu, esse monstro que vos escreve tinha um trabalho. Quero dizer, tenho um trabalho.
Felizmente para mim, sou o meu próprio chefe, não preciso mais me preocupar em fingir ser alguém normal e me contentar a receber ordens alheias para coisas desnecessárias. Tenho meus empregados para isso.
Me tornei dono de um supermercado de médio porte. Conquistei isso com o suor do meu trabalho... Rá Rá, quem me dera ter precisado me esforçar para tal conquista, estou apenas brincando. Virar dono desse mercado foi mais fácil do que tirar um doce das mãos de uma criança num parque qualquer. Conheci o antigo dono há alguns anos atrás, posso dizer que de certa forma fomos parcialmente amigos talvez. Bom, assim ele me considerava imagino eu... Enquanto para mim, ele era apenas mais um dos que manipulei com meus dotes.
Enfim, um belo dia no trabalho, cujo comecei na função de segurança trabalhando de segunda a segunda, com folgas intercaladas durante as semanas e recebendo um salário até que razoável por ser uma carga horaria de apenas seis horas por dia, sugeri um desafio para o Sr. Gordon, meu chefe, ou apenas Billy para os mais próximos. Billy Gordon tinha por volta de cinquenta anos, altura mediana e por dois ou três quilos não se encontrava com obesidade mórbida. Era um americano que veio ao Brasil para tentar uma nova vida, afinal, Las Vegas era alimentada por seu dinheiro. Pelo menos foi assim até ele perder quase tudo... Ambicioso o bastante para controlar uma empresa, porém, deixava-se levar por vícios em jogos de cartas e desafios em geral.
Como eu dizia, sugeri um desafio ao qual tinha certeza que ele não recusaria, afinal, as apostas eram altas. Se eu ganhasse, conquistaria sua empresa, caso eu fosse derrotado, ele poderia escolher qualquer coisa. Eu ofereci meu apartamento e o carro que eu tinha antes do meu atual Challenger... O Sr. Gordon ainda achou muito pouco comparado com tal recompensa caso eu fosse vitorioso, complementou dizendo-me que caso ele ganhasse, o que desde o começo eu tinha plena certeza de que não aconteceria, além do meu apartamento e meu carro, eu seria rebaixado para o setor de limpeza no supermercado e pelos próximos três anos meu salário baixasse para 10% do total que eu recebia como segurança. Achei um pouco absurdo, mas concordei, muita coisa estava em jogo, literalmente.
Comunicamos nossos respectivos advogados e pedimos que estivessem presentes para que não houvesse desistências por ambas as partes em nossas apostas. O jogo sugerido foi o Poker, e quem melhor de blefes em jogos de cartas do que eu? Nossos advogados presenciaram uma bela partida entre nós, mas felizmente para mim e infelizmente para Billy Gordon. Eu ganhei o jogo, e com os advogados presentes, não haveria forma de Billy voltar atrás, pois as papeladas estavam preparadas para o procedimento. Desculpe não me aprofundar aos detalhes do jogo, tomaria muito tempo citando a jogatina no geral, até porque ficamos cerca de quase cinco horas naquela mesa.
Billy não saberia onde enfiar sua cabeça assim que chegasse em casa e tivesse de encarar sua esposa dizendo que acabara de perder seu supermercado para um simples funcionário numa partida de Poker, ao qual tinha vicio e mal tinha coragem de assumir para ela ou procurar um tratamento. Sua esposa no Brasil não fazia ideia de seu vicio.
Se eu fosse capaz de sentir alguma coisa, talvez sentisse pena do Sr. Gordon e ainda o deixasse virar meu subordinado no supermercado. Porém não senti pena alguma dele, apenas desejei boa sorte e sugeri duas coisas. A primeira que abandonasse os jogos de cartas, e a segunda que se aposentasse por fim.
Como eu estava, e ao mesmo tempo não estava atrasado por ser o dono do supermercado, não me preocupei em demorar o tempo necessário para que eu ficasse apresentável no trabalho. Fui até o banheiro daquela pequena casa, tomei um banho frio e refrescante para despertar com mais facilidade e me vesti com algumas coisas que havia deixado num dos quartos caso precisasse dormir e ir trabalhar em seguida.
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Game Over - O medo está no olhar
Misteri / ThrillerEu tinha todos os requisitos para ter uma boa vida em minha infância. Tirando é claro, o fato dos meus pais serem ausentes a ponto de eu ter que desenvolver meu psicólogo sozinho e crescer precocemente, entre outras coisas mais. Sofri bullying...