4. I'd like to see your eyes

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Taehyung me deixou com cicatrizes que parece que gosto de cutucá-las, até não poder mais sentir minha pele. Penso nele em sonhos, na sua voz ecoando dentro da minha cabeça e tudo sobre aquele dia, mas até quando vou aguentar viver assim? Foi o que Namjoon deixou tão escancarado para mim em nossa primeira conversa. Como serei capaz de aguentar e não seguir em frente? Então parece que todo aquele sentimento de culpa se transformou em um novo passo a ser dado na minha vida.

Eu coloquei como prioridade me aproximar da minha família e construir um forte vínculo, como tínhamos há um tempo. Não adiantaria nada descontar neles todos os meus sentimentos que voltaram à tona, como por exemplo, a culpa e a perda.

Quando cheguei em casa, minha mãe estranhou completamente meu comportamento. Dei boa noite, perguntei como foi o dia de todos e em especial, como foi a aula do meu irmão caçula. Meu pai não parava de ficar com os olhos arregalados, me observando atentamente.

- O que foi que aconteceu com você? - Meu pai questionou, por fim. - Você sempre chega tão irritado, com a cara emburrada.

- Nada, eu só iniciei apoio psicológico na empresa hoje e um dos meus exercícios é exatamente esse, me aproximar novamente de vocês, fazer parte da vida de vocês. - Meu irmão me olhou de rabo de olho, com seu cabelo todo bagunçado.

- Eu quero que você volte para nós, Kook! - Me surpreendi ao olhar na direção do meu irmão. Ouvir sua voz pequenina e suave soar de seus lábios em um pedido tão simples me abalou completamente.

- E-Eu prometo, estou voltando sim! - Minha mãe sorriu de orelha a orelha e meu irmão veio me abraçar apertado. Quase chorei, mas engoli seco e assenti a mim mesmo. É com eles que eu tenho que encontrar meu caminho. Mas e se...

Logo pela manhã do dia seguinte, me arrumei e organizei minhas coisas para ir trabalhar.

Ontem, na conversa com Namjoon me dei conta que este era o momento certo para que eu pudesse voltar a me comunicar com pessoas que são importantes para mim e foi aí que eu senti a necessidade de mandar uma mensagem para meu melhor amigo, Kim Seokjin. E foi bom saber que ainda posso contar com ele.

Oii Jin, td bem com vc?

Oi sumido! Meu Deus! Aonde é que vc se meteu, garoto? Achei que tinha me esquecido pra sempre, mas é ótimo receber sua msg! Eu to bem e vc? Como está?

Acho que poderia estar melhor, mas tô trabalhando nisso. Quero me encontrar com vc. Desde que tudo aconteceu, foi tdo tão confuso pra mim.

Não posso dizer que te entendo pq nunca passei pelo o que vc passou/ tá passando, mas saiba que eu to aqui, ok? Você pode me ligar até pra conversar do tempo que eu vou te atender.

Vc é incrível, Jin, obg de vdd.

Relaxa, somos soulmates, no que precisar eu to aqui e se vc não me ligar mais eu vou ficar mt triste, ok?

Eu nunca faria isso, eu só estou passando por mais um momento complicado, tô até fazendo acompanhamento psicológico, aí não queria te encher de coisa.

Ei, vc sabe que eu sou seu #1 ouvinte, vou te ajudar no que vc quiser, mas vamos marcar sim de nos encontrar, quero muito te ver de novo.

Vamos marcar sim! Preciso ir, meu ônibus já vai parar no ponto perto do meu trabalho, tchau!

Tchau! Bom trabalho Kookinho!

Dei risada assim que bloqueei a tela do celular e me levantei do meu assento para descer do ônibus no próximo ponto.

Assim que piso no asfalto, sinto novamente o vento batendo em meu rosto. É boa essa sensação, na verdade, é minha preferida.

Olho para frente e sinto um empurrão em meu braço, como se tivesse trombado, novamente, com alguém. Era ele, o garoto do último dia, Park Jimin. Quando olho para trás, vejo-o se aproximar.

- Jeon Jungkook! Só pode ser brincadeira, né? De novo eu dei um encontrão em você, me perdoa, por favor. - Park Jimin vestia um sobretudo preto que lhe caía tão bem que por um segundo não me atentei às suas desculpas, mas sim ao seu corpo. Me sentia esquisito com essa sensação.

- Está tudo bem, ok? Não precisa se desculpar, está tudo bem. - Algumas pessoas ao nosso redor olhavam atravessado, mas logo seguiam seu caminho.

- Acho que já é demais trombar com você por dois dias seguidos, Jungkook. - Jimin disse, descontraído.

- Talvez seja o destino, sei lá. - Jimin riu.

- Destino? Você acredita nessas coisas? - Assenti, dando de ombros. - Eu também. - Sua resposta me surpreende. - Eu estava indo ao trabalho e você?

- Sim, eu também, mas agora eu realmente preciso ir. - Jimin se aproximou e me puxou pela mão.

- Não, não vai... É... Eu queria ficar mais um pouco com você, desculpa isso está soando tão patético! - Jimin coçou a nuca depois de me soltar.

- Isso não soa patético, podemos conversar rapidamente, tudo bem. - Ele sorriu e eu fiz o mesmo, assentindo em sua direção

- Eu gostaria de ver seus olhos. - Afasto minha franja do rosto, deixando meus olhos e minha testa livres dos fios de cabelo - Bem... Bem melhor assim. - Fico tão sem graça que provavelmente meu rosto devia estar parecendo um pimentão. - Mas enfim, você trabalha em quê, Jungkook?

- Sou produtor de conteúdo em uma agência de publicidade e você? - Seus olhos se encheram de brilho.

- Sério? Eu sou redator em uma empresa de comunicação interna. - Assinto, entusiasmado.

- Isso é muito legal! Somos praticamente da mesma área! - Ele olha para o relógio em seu pulso. - Acho que tenho que ir agora, mas quero te ver novamente! Conhece o parque Busan Citizen? - Afirmo. Às vezes eu ia lá e ficava lendo um livro, até mesmo ia com Taehyung e me divertia ao lado dele. - Me encontra lá! De fim de semana fico lá a tarde inteira, perto das árvores, no gramado, sabe? Se eu não estiver lá exatamente, não importa, você sempre vai me encontrar. - Assinto, sorrindo, pensando nos diversos sentidos daquela última frase.

- Claro, eu vou lá sim... Bom trabalho, Jimin! - Ele piscou na minha direção, acenando.

- Bom trabalho, Jungkook! Até mais! - Jimin segue seu caminho e eu o observo, lembrando que esqueci novamente de pedir seu telefone, mas acho que no momento nem importava muito, eu meio que agora já sabia onde encontrá-lo e não queria perdê-lo de vista.

Esses sentimentos... Parecem um flashback na minha mente e no meu coração, eu tinha que abrir os dois, porque agora não tinha tempo para ignorar um novo homem na minha vida. Essa... Essa seria a grande oportunidade de eu ser feliz novamente. Me pego sorrindo ao adentrar o prédio em que trabalho, o dia seria produtivo.

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