2. i think about you every day

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No meu décimo quinto aniversário eu havia decido abrir o jogo a toda minha família. Foi um desafio e tanto revelar a todos que eu não me casaria com uma mulher incrível ou sairia com alguma garota na escola.

Foi libertador dizer que eu era gay naquele momento, pois eu me sentia mal, um tremendo mentiroso. E ser falso com meus pais era algo que eu não suportava.

É claro que diante da minha revelação eu não tive uma reação de prontidão. Meus pais pensaram tanto naquilo, pareciam duvidar de mim e me olhavam esquisito. Me senti horrível.

Depois que iniciei a faculdade e pouco depois conheci Taehyung, meus pais passsaram a olhar para mim com carinho e finalmente me aceitaram.

Meus pais tratavam Tae como um filho, eu me sentia completo em saber que nunca reprovaram ele ou o que tínhamos. Ainda mais quando iniciamos nossa busca de uma casa para morar juntos, meus pais estavam ali, nos ajudando.

Após a partida de Tae, principalmente minha mãe, sentiu muito todas aquelas informações, o acidente, a morte. Era realmente um parente querido para minha mãe, até já o chamava de genro.

E tudo está assim agora. Tudo meio sem rumo.

É sempre assim no caminho para o trabalho. Penso tanto, todas as coisas que aconteceram, que eu vivi e outras que eu podia ter evitado.

Quando saio do metrô sinto o ar bater contra meu rosto e um sentimento me mantém de pé. É necessário continuar então tenho confiado no meu trabalho, mesmo que eu não esteja realizando ele cem por cento.

Tenho medo de perder o emprego, por isso me desligo um pouco do mundo quando entro no prédio da agência e foco exclusivamente nela.

O prédio da empresa era incrível, com um visual clean dentro e fora, cada sala para um setor responsável mostrava como o lugar era organizado. Eu gostava muito do ambiente.

Naquele dia meu trabalho foi importante porque eu estava finalizando um relatório e estava animado para entregar. Mais tarde, com alguns papéis em mãos, bati na porta do escritório da minha chefe.

Ela então pediu para que eu entrasse na sala.

Lee Ji Eun é uma mulher muito determinada. Como chefe do setor de comunicação ela faz a sua parte com excelência. Encontro-a em sua mesa, com os olhos atentos ao notebook na sua frente. Seu cabelo castanho está ajeitado em um coque, realçando ainda mais seu rosto angelical.

- Boa tarde, Jungkook! Tudo bem com você? - Assinto.

- Sim, estou indo e você, chefinha? - Ela sorriu, rindo baixinho.

- Eu vou bem. Então, acho que finalizou o relatório que te pedi, certo? - Assinto novamente, mas agora lhe entrego os papéis.

Assim que entrego, Ji Eun olha com calma o meu trabalho. Todo o relatório foi organizado em apenas alguns dias e eu esperava que tivesse do jeito que ela queria, mas fui surpreendido.

- Jungkook? Olha... Recentemente tem sido complicado. Tem algumas informações faltando, mas isso não é de hoje, você sabe bem disso. Eu não quero te mandar embora, porque você é um ótimo funcionário e por mais que tenha essas falhas, você consegue contorná-las. Porém para o chefe, alguém que é maior do que eu aqui dentro, ele sabe que algo não está indo bem, tenho segurado suas pontas aqui dentro, só que vai ter uma hora que não vai dar mais. - Engoli seco, segurando as lágrimas para não desabar. - Tem informações básicas faltando nesse relatório e eu sei que o Jungkook que eu contratei jamais seria capaz de fazer isso, então, por favor, me ajuda a te ajudar.

Ela estava certa. Não aprendi ontem a fazer isso. Já estava quase um ano naquela empresa, se não até mais, eu perdi as contas. Mas isso é inadmissível. Coisas simples, que poderiam ter sido evitadas se eu tivesse prestado mais atenção no que estava fazendo. Sempre fiz os relatórios com cuidado, o Jungkook do passado nunca teria ouvido isso da sua chefe. Meus pensamentos estavam invadindo demais minha vida profissional e machucando muitas pessoas ao meu redor, principalmente a minha família. Eu tinha que mudar, mas não consigo assim, rapidamente.

- Tudo bem, eu vou refazer. - Ela assentiu, sorrindo fraco.

- Você precisa de suporte psicológico, Jungkook? Eu posso conversar com o responsável, tudo bem? - Assinto, sem pestanejar.

- Sim, eu quero ajuda. Tenho machucados as pessoas e feito meu trabalho da pior forma, nós sabemos no que isso se resultará e eu preciso desse trabalho, preciso pagar as contas em casa. - Respiro fundo e pressiono meus lábios.

- Ótimo. Saiba que estou aqui no que precisar, mas preciso desse relatório hoje, então vá lá corrigir e pode me enviar por e-mail mesmo, tudo bem? - Anuo na sua direção e antes de me retirar da sala, agradeço por me compreender e também por me oferecer ajuda.

Episódios como esse aconteceram com frequência nos últimos meses, mas sempre fico mais confortável quando minha chefe diz coisas que me fazem melhor. Saber que ela estava segurando as pontas por mim me fez entender a gravidade da situação.

Eu iniciaria o apoio psicológico amanhã mesmo e estava pronto para melhorar com tudo e todos ao meu redor. É difícil, é sim, ninguém disse que seria fácil, mas tornar tudo mais calmo em meio ao caos é a única saída nesse momento.

Quando cheguei em casa depois daquele longo expediente, dei uma abraço em minha mãe.

- Me desculpa, mãe. Por hoje cedo, pelos últimos dias. Não tenho sido a melhor pessoa, mas prometo que vou melhorar, ok? - Ela assentiu, me agarrando. Seu cheiro é suave, seu cabelo é curto e suas mãos macias acariciavam meu rosto.

- Não sei o que houve, mas aceito suas desculpas, meu filho. Sua mãe ama você e tem pedido todos os dias para que os anjos te ajudem a seguir o seu caminho da melhor forma possível. Não sei o tamanho da sua dor, porque não estou na sua pele, mas sou sua mãe e eu simplesmente sei quando você precisa de mim. - Engoli seco.

- Amanhã vou iniciar no trabalho um novo apoio psicológico, acho que vai ficar tudo bem. - Ela sorriu.

- Que bom, meu filho. Amo você. - Sorri para ela, mais aliviado.

As palavras da minha chefe foram um divisor de águas. Eu pensava nele todos os dias, mas sabia que Tae também gostaria que eu seguisse em frente, então é o que eu devo fazer.

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