Era primavera, uma tarde de sábado a qual eu esperava muito. Eu e meu namorado estávamos indo visitar o apartamento que iríamos alugar para morar juntos. Depois de um ano, finalmente estávamos realizando um sonho.
Eu e Kim Taehyung já namorávamos há dois anos e a cada dia que se passava ao lado dele eu sabia onde era meu lugar. Morar junto e ter uma família era uma realização que parecia mais perto do que se imaginava.
Claro, se não fosse o que acontecera...
Eu dirigia pela grande avenida principal até o nosso destino, o nosso futuro lar quando, enquanto eu menos esperei, um caminhão cruzou a faixa, totalmente desnorteado, acertando em cheio o lado do passageiro, onde Taehyung estava.
Eu bati minha cabeça, sangrava bastante na lateral da minha testa e quando abri totalmente meus olhos eu vi meu amor muito ferido. Comecei a chorar e ao mesmo tempo alcancei meu celular e liguei para a emergência, completamente desesperado. Gritei para todos os cantos, para que alguém pudesse me ajudar.
Quando a ambulância chegou, já não havia mais o que fazer. Segundo os paramédicos, ele morrera na hora.
Eu o perdi.
Pra sempre.
Não podia ter acontecido, eu pensei que fosse um simples devaneio, um pesadelo, mas não era. Se eu tivesse freado. Se eu tivesse sido cauteloso ao volante nada disso teria acontecido.
Não pude dizer que o amava, não pude me despedir. Tae estava ensanguentado, desacordado e sendo levado pelos bombeiros.
Hoje, depois de sete meses eu ainda não havia superado a perda e nem muito menos reconhecido que não era minha culpa, por mais que todos ao meu redor dissessem que o motorista do caminhão certamente era o culpado, eu não aceitava. Eu podia ter evitado, acelerado ou freado, tudo para escapar. Eu não fiz nada.
A saudade é uma parte difícil de ser deixada para trás, porque tudo o que tivemos em dois anos foi tão marcante que eu sou incapaz de descrever em palavras o que eu vivi ao lado daquele homem incrível.
Kim Taehyung tinha seus cabelos pretos ajeitados em uma longa franja sobre os olhos, seu sorriso quadrado tão contagiante, seus olhos com um brilho inigualável... Lembrá-lo é tão doloroso, porém tão difícil de ser esquecido.
Tudo é recente demais e na minha mente aquela cena do acidente é reproduzida a todo o momento.
- Filho? - Minha mãe me chama. - Tudo bem? - Sou despertado de meus profundos pensamentos quando vejo minha mãe sorrindo na minha direção com uma tigela de cereais para meu café da manhã. - Já está quase na hora de você ir trabalhar. - Assinto.
- Claro, sim, eu já estou indo. - Minha mãe nega com a cabeça.
- Filho, eu sei que é difícil, mas uma hora você vai ter que superar, pode demorar, mas quero que saiba que você fez o que pôde e Taehyung está bem, aonde quer que esteja. - Neguei, engolindo seco.
- Não, eu não quero saber desse papo, não está nada bem, perdi muitos dos motivos pelos quais eu me mantinha bem diariamente, hoje eu não tenho vontade de fazer mais nada, meu trabalho, não sinto mais vontade de fazer nada, mãe. Eu o perdi. - Derramei uma lágrima. Meu irmão, com o uniforme escolar, me olhava de rabo de olho ao meu lado, engolindo seco.
- Eu entendo, meu filho. - Peguei minhas coisas e deixei o cereal em cima da mesa da cozinha.
- Não, você não entende nada, você não entende, ninguém entende. - Neguei com a cabeça e tomei meu caminho rumo ao prédio no centro da cidade de Busan, o qual eu trabalho.
Desde que tudo aconteceu, nunca mais entrei ou dirigi um carro. Apenas ando de transporte público e passo algumas horas no metrô. Pra mim é mais rápido e eficiente, fora que eu me mantenho longe de memórias tão ruins para mim.
Eu trabalho como analista de comunicação em uma agência. É algo que eu realmente gosto muito de fazer, ou pelo menos gostava até tudo acontecer.
Com a série de eventos que me marcaram, muitas das coisas que eu amava fazer já não estavam mais na minha lista de prioridades. No trabalho, minha chefe me ajudou com suporte psicológico e muitos pensamentos positivos. Eu afetei minha produção, fiquei por um fio na empresa e tenho ficado assim desde lá. Tenho esperança que eu melhore o mais rápido, não só com isso, mas nas relações com todos ao meu redor.
Eu odiava brigar com minha mãe e desde o acidente, quando voltei a morar com meus pais, isso tem acontecido com bastante frequência. Eu pouco me importo com meu irmão e com meu pai, estamos em uma relação distante e complicada, porque ele já me falou milhares de vezes que a culpa não é minha e que minha vida continua, mas eu não queria escutar ele. Não queria escutar ninguém.
Nada pode continuar se minha única fonte de felicidade se fora pra sempre. Eu sempre tinha para onde ir, com quem ir e como chegar. Sorrisos confortadores, palavras tão intensas, beijos quentes e o sexo... a união, a combustão perfeita.
Meu amor, meu Kim Taehyung. Eu sinto sua falta, mais do que consigo explicar. Não sei se nas minhas orações você me ouve ou me vê, mas saiba que eu o amo, ainda o amo mais que tudo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
We Are In Love
Fanfiction[CONCLUÍDA] A vida de Jeon Jungkook muda drasticamente após perder uma das pessoas que ele mais amava, seu namorado. Se culpando diariamente pelo ocorrido, volta a morar com os pais e o irmão mais novo. Assim que tudo parecia começar a caminhar em s...