Não importa o que aconteça, nos últimos tempos, aparentemente, a única coisa que me servia como refúgio era o celular. Rolar a página inicial parecia algo importante pra mim, mas abrir meu aplicativo de mensagem, mesmo sem nenhuma notificação, era essencial.
Ok, devo admitir, isso é ridículo, mas depois daquele dia no parque com Jimin, eu tenho aguardado alguma mensagem sua, exceto pelo fato de que ele, em seus vinte e poucos anos não tem um celular. Como alguém nessa idade não tem um aparelho como esse em minha mão? Passei a me questionar.
Se não tinha nenhuma chance de entrar em contato com ele, como irei ter certeza que o verei novamente pessoalmente? Ele pareceu um cara tão legal comigo que quero o conhecer mais, só não queria me sentir dessa forma com ele, como se ele estivesse deixando claro que não quer vínculo nenhum.
O dia estava bem agradável e ameno, ideal para uma caminhada e com sorte, mais uma chance de encontrá-lo no parque depois de uma semana. Não quero depender emocionalmente de Jimin, quero ser sincero em meus sentimentos, mesmo sendo recente. Eu estou me recuperando aos poucos.
- Jungkook? - Me surpreendo por Jimin me chamar. Perto de uma árvore, o garoto se apoiava ao tronco e acenava na minha direção. Ele vestia roupas pouco largas e fofas, uma calça de moletom e uma blusa de manga comprida. O lugar estava deserto, eram só nós dois ali.
- Jimin! Como você está? - Ele sorriu e eu me aproximei dele, invadindo a grama.
- Estou bem e você? - Assinto.
- Estou ótimo. Eu... Eu de alguma forma esperei suas mensagens aparecerem no meu celular, mas elas nunca chegaram. Queria conversar mais com você. - Ele riu baixinho.
- Pronto, você está conversando comigo agora, o que quiser saber, estou aqui, só perguntar. - Sorrio.
- Mas você entende o que quero dizer, certo? Pra mim mensagens são muito importantes. - Ele sorriu fraco dessa vez.
- É, mas acho que você deva dar prioridade ao contato físico, entende? Esse olho no olho que estou tendo com você é tão importante, Jungkook. Gosto do jeito como me olha, me observa tão atentamente. Faço o mesmo com você, caso não tenha notado. - Assinto.
- Eu notei sim, mas por que não ter um celular?
- Porque não, não é importante pra mim ter um aparelho grudado à minha mão, digitando com meus dedos de forma frenética uma mensagem evasiva se posso olhar dentro dos seus olhos e o efeito ser bem melhor do que através de uma tela. - Fiquei estático, não sabia mais o que dizer para ele. Me senti inútil por ser tão dependente daquele aparelho, o peguei e coloquei dentro do meu bolso, refletindo.
- Tá tudo bem? - Sorri, afirmando. - Me perdoa por soar um pouco...
- Você está certo, relaxa, não se desculpe eu... eu gostei do que disse. - Jimin sorriu largo. Seus olhos brilharam.
- Fico feliz então. - Houve uma pausa, então ele prosseguiu.
- Qual é sua comida predileta? - Olhei, confuso.
- O quê? Como assim? Assim do nada? - Ele riu, fechando os olhos dessa vez. Fofo.
- Isso, assim do nada, só fiquei curioso.
- Pizza.
- Sabia, também amo! Qualquer dia vamos comer juntos, eu gostaria. - Olho para ele, na direção de seu rosto. É tão bonito e bem detalhado, fiquei alguns segundos admirando até que sua voz me chama de volta à realidade. - Oi? Tá tudo bem por aí? Terra chamando. - Dei risada.
- Desculpe, só... só estava... É...
- Me olhando?
- Admirando. - Sorrio e ele olha para os próprios pés, envergonhado. - Desculpa se eu pareço óbvio demais, é que você... me deixa sem jeito, mas enfim, respondendo à sua pergunta, eu também quero comer pizza com você.
- Ótimo! Depois marcaremos!
Sentamos na grama, um do lado do outro.
- Você já notou que às vezes nem precisamos ir tão longe para encontrar algo que nos faz feliz? - Jimin me questiona, de repente.
- O que quer dizer com isso?
- Que a felicidadea gente encontra nessas coisinhas, sabe? - Ele me analisa e procura meu braço, para tocá-lo. - Seu coração já se aqueceu com essas coisinhas?
- Que coisinhas, Jimin?
- Ah, você sabe o que eu estou dizendo, essas coisinhas que acontecem e nosso coração, mente e alma parecem completos. Algo ou alguém com certeza já te fez sentir assim.
- Sim, já. E esse alguém... Eu realmente o amei demais. - Olhei para ele, seus olhos estavam marejados. - Ah Meu Deus! Me perdoa, não foi minha intenção te fazer chorar. - Ele sorriu enquanto as lágrimas caíam e rolavam suas bochechas. Virei-me para ele e com meu polegar, as sequei.
- Fica tranquilo, só fiquei emocionado pelo o que disse, isso é muito bonito, Jungkook. Essa pessoa deve ter sido alguém de sorte.
- Sim, éramos o casal. Eu o via como meu marido. O destino achou melhor que... ele partisse. - Jimin assentiu, fungando. - Te disse sobre ele na última vez que nos vimos.
- Sim, eu lembro que você me contou e sinceramente, dá pra ver no seu olhar como você ainda o ama. - Olhei sério para ele.
- Sério? - Jimin assentiu.
- Eu acho que é natural, já que vocês eram tão ligados e apaixonados, faz parte de você e isso nunca vai mudar. - Suspirei.
- Mas superar e seguir em frente também é importante.
- Com toda certeza, Jungkook. - Jimin apoiou sua cabeça em meu ombro e em seguida procurou a minha mão e a segurou bem forte. Sua pequena mão envolveu-se a minha, ela estava tão quentinha que eu não queria que aquele momento acabasse tão cedo.
Realmente, o contato físico era insubstituível.
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We Are In Love
Fanfiction[CONCLUÍDA] A vida de Jeon Jungkook muda drasticamente após perder uma das pessoas que ele mais amava, seu namorado. Se culpando diariamente pelo ocorrido, volta a morar com os pais e o irmão mais novo. Assim que tudo parecia começar a caminhar em s...