1. Need Time

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Havia se passado uma semana após o ocorrido sobrenatural.
  Porém depois do ocorrido do Anuk-Ite, tudo pareceu voltar ao normal, como se o universo estivesse dando algum tempo bom para ele. Mas era difícil algo daquilo acontecer, então Theo estava ali, acordado e apreensivo, a ansiedade de que algo iria acontecer, seus olhos estavam vidrados com a mente bem longe da realidade. Mesmo assim estava atento a qualquer som ou batimento cardíaco que não fosse o seu.

   As últimas folhas de outono caiam dos galhos, cobrindo o para-brisa da pickup com cores avermelhadas e escuras. Um avião cortava o céu estrelado, onde até um humano conseguiria ouvi-lo.
Ouvia os pneus dos carros cantando pela estrada principal, prontos para voltarem para suas casas.

  Não conseguia dormir, ainda pensava que alguma coisa sobrenatural aparecesse pela sua janela e o arrancasse do banco de trás. Ou que inúmeras balas de wolfsbane o atravessem.

  Theo arrumou o travesseiro atrás de sua cabeça para tirar um pouco o desconforto, mas não adiantou. O único  cobertor que tinha o cobria até o pescoço para tentar livra-lo do frio que se instalou.

O moletom que usava não era muito quente, já que tinha alguns anos de idade. Ele podia sentir a ponta de seu nariz gelado, e as mãos por baixo do cobertor tremiam, ele as colocou por baixo das axilas para tentar esquenta-las um pouco. A chimera tremia, dos pés a cabeça.

Odiava se sentir assim, miserável. Não havia comida ou dinheiro suficiente, a última refeição que havia feito foi um pedaço de pizza durante a janta, ele estava surpreso que não havia desmaiado, pelo menos não ainda. E sem falar nos pesadelos que teve nas últimas semanas, ele sabia que tinha olheiras escuras embaixo dos olhos. Ele não dormia, não dormia por que não queria encontra-la.

Odiava se sentir assim, tão deplorável. Odiava ser digno de pena. Odiava se sentir tão miserável.

  Toda vez que dormia ela vinha o visitar.  Tara. Como se ela não o deixasse esquecer, não o deixando esquecer oque fez.
Mas nem um dia de sua vida ele a havia esquecido.

Foi inevitável que se lembrasse das cabanas que fazia com ela, com seus lençóis e pequenas luzes de Natal dos anos passados, cercados por doces e refrigerantes.

Theo lembrava de uma vez em que, ele roubou uma de suas bonecas, e na tentativa de fugir, ele havia tropeçado, caindo e quebrando o seu braço. Ele pensou que fosse morrer, mas sua irmã o ajudou, e não saiu de seu lado, segurando sua mão e dizendo que não o deixaria morrer. Riu com a lembrança doce. Mas ele a deixou morrer, com frio e sozinha, pedindo ajuda a seu único irmão. Seu sorriso se desfez do comentário mental.

Mas tudo o que sobrou foram apenas lembranças.

  Ele sentia falta, queria poder abraça-la e a dizer o quanto a amava. Mas a chimera sabia que se a visse de novo, ele correria para bem longe. Ele roubou um coração ,e ele podia senti-lo batendo a cada segundo, como se disse-se que ele não o era seu.

Quando estava com os Médicos do Medo, quando estavam a procura da quimera perfeita. Naquele tempo, ele não pensava em morrer, apenas pensando no amanhã, em como ele enganaria as pessoas próximas para conseguir o que queria. Em como ele iria liderar sua própria alcateia. Mas agora ele mal conseguia parar de pensar nisso.

Aprendeu a mentir, aprendeu a enganar e roubar, apenas para no final finalmente obter o poder que tanto sonhava. Aprendeu principalmente a matar.

Mas ele era ignorante, almejando sempre por mais e mais poder, nunca se sentindo satisfeito. Como um parasita.

  Mesmo morando em seu carro apertado e gélido, sem ter comida durante algum tempo, ele queria viver e ele sabia que era sua parte hipócrita e egoísta falando.
Ele sabia que Tara tinha todo o direito de mata-lo...mas ele não queria morrer.

Strawberry •Thiam Onde histórias criam vida. Descubra agora