30.| Não temerei mal algum

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Tinha sido de fato uma linda confraternização. Mary ficou o tempo inteiro radiante, o que acabou por deixar Jade muito feliz com a reação dela.

A mesma subiu para o quarto assim que terminou de ajudar a arrumar o quintal junto com os demais empregados. Também pegou os ovos escondidos que não foram achados. Ela riu orgulhosa por ter os escondido tão bem.

Já estava de noite, e Jade admitira que estava cansada. Levantou cedo hoje para ajudar com as organizações, e ficou a todo vapor o dia inteiro, seja caçando ovos ou correndo atrás de coelhos.

Olhou em direção a janela que estava aberta, quando percebeu a movimentação da árvore que ficava ao lado da mesma. Ela ia se aproximar, mas não demorou para que duas mãos segurassem na janela e ela visse Gilbert.

Mas o que era pra ser um sorriso em seu rosto se tornou uma expressão preocupada, ao ver o rosto entristecido e os olhos inchados que ele carregava.

—Gilbert?—ela pergunta.—o que foi?—sua voz se torna preocupada.

Ele então finalmente levantou sua cabeça. Lábios trêmulos e bochechas manchadas, que provavelmente eram lágrimas.

—eu sinto muito.—diz sua voz chorosa.

O coração de Jade já estava a mil, e agora com essas palavras ela estava a beira de ter um infarto. Imaginava que tinha acontecido alguma coisa com Mary, e não queria acreditar de jeito nenhum nessa possibilidade.

—pelo o que?—ela ficou assustada, com olhos um pouco arregalados e o medo imenso de saber a resposta de sua pergunta.

—a Mary...—Gilbert disse em um fio de voz arrastado, mas ele não conseguiu dizer mais nada além disso.

E com certeza aquilo tinha sido como uma flecha atravessando o peito de Jade repetidas vezes. Ou como se alguém tivesse cortado a sua garganta por que conforme tentava respirar para digerir tais palavras, ela não conseguia.

As lágrimas começaram a escorrer pelos olhos da menina, que não estava mais sentindo a força das pernas. Ela teria caído feio no chão de Gilbert não estivesse ali para segura-la.

Jade tremia, enquanto seu choro encheu o quarto que até então estava silencioso e tenso. Ela não sabia o que pensar, seu cérebro estava uma bagunça total que poderia dar um curto circuito a qualquer momento. Apertou firmemente seu abraço contra o garoto, visualizando seu olhar embaçado pelas lágrimas que insistiam em cair aos montes de seus olhos.

Ela tinha ido embora. Jade nunca mais poderia vê-la, com aquele sorriso que contaminava qualquer um que estivesse ao redor dela. Com o otimismo e animação, que fazia qualquer um sorrir. O pulso firme, pés no chão e cabeça no lugar, Mary sempre estava pronta para o que der e vier.

Não poderia mais sentir o seu abraço, e nem mais ouvir os conselhos que ela sempre tinha. Não iria mais ouvir as implicações que Mary fazia sobre ela gostar de Gilbert, e sobre quantos filhos eles teriam.

Não tinha testado nada, a não ser as boas lembranças que tinha daquela pessoa tão amável que era Mary. Que para Jade, era muito mais do que uma boa companhia. Era uma irmã mais velha, uma companheira, e também a sua família.

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A manhã seguinte amanheceu cinza para Jade. Ela vestiu o seu vestido preto, que pensava não ter que usar tão cedo. Ela não gostava da sensação fúnebre que vestia quando estava neste vestido, por mais que ele fosse muito bonito. Primeiro tinha sido o funeral de seus pais, agora seria o de uma das pessoas mais importantes de sua vida. Mary.

Seus olhos ainda permaneciam inchados por conta da noite passada. Ela não sabia como seria lidar com a notícia tão triste se não fosse Gilbert pra estar lá com ela. Jade acordou em sua cama esta manhã, encontrando apenas a janela aberta de seu quarto.

A família Barry então se dirigiu para a casa dos Blythe, vendo de longe uma carroça carregando um caixão preto em direção ao cemitério da família.

Jade ficou ao lado de Gilbert e Sebastian, que tinha sua filha no colo. O Blythe a puxou para um abraço, que não recusou de jeito nenhum. Fechou os olhos ardentes, dando um suspiro tão longo que talvez até algumas pessoas por perto tenham ouvido. Segurou ao máximo as lágrimas sentindo a garganta coçar de angústia, pois não gostava de jeito nenhum chorar na frente das pessoas.

—o senhor é meu pastor, e nada me faltará.—o padre começou.

Todos abaixaram suas cabeças, mostrando o respeito que tinham naquele momento.

"Deita-me em verdes pastos, e guia-me mansamente em águas tranquilas."

Era um clima ruim. O céu estava cinza, parecia que uma chuva estava por vir. O vento gelado batia nos rostos de cada um ali, os fazendo estremecer. Jade baixou seu olhar, encarando as flores que tinha em suas mãos. Por mais que fossem bonitas e alegres, a morena não pôde deixar de se sentir triste ao olhar pra elas.

"Refrigera a minha alma, guia-me pelas veredas da justiça e, por amor do seu nome."

Jade se aproximou da lápide, deixando lá as flores que tinha colhido no jardim antes de sair de casa. Era um lindo buquê de girassóis, margaridas e tulipas. Eram as favoritas de Mary. Ela dizia que a fazia sorrir mesmo nos dias mais tristes.

"Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum. Por que tu estás comigo. Por que a tua vara e o teu cajado me consola."

Ela voltou ao seu lugar, derramando suas lágrimas silenciosas e frias, que por mais que tentasse não conseguiu segurar. Um soluço silencioso foi dado por Jade, que procurava de todas as maneiras se acalmar para acabar não tendo uma crise. Gilbert viu o estado da garota, e acabou por aproximar sua mão da dela, entrelaçando seus dedos. Jade apertou sua mão em agradecimento, suas mãos entrelaçadas transmitiam calor uma a outra.

"Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida. E habitarei na casa do Senhor, por longos dias.












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Alguém me trás uma boia por que meu quarto está inundado.

Gente...eu estou chorando, não tô brincando.
A Mary era uma das minhas personagens favoritas, eu admirava muito como ela era uma pessoa incrível. Foi muito batalhadora, principalmente no quesito do seu filho mais velho, que por mais que aquilo fosse maçante pra ela, Mary não se deixou abalar por sabia que tinham pessoas contando com ela, como a Delphine e o Bash.

Enfim, perfeita.

Ela merece o mundo, mas esse mundo não merece ela.

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𝐓𝐰𝐢𝐥𝐢𝐠𝐡𝐭-𝐅𝐢𝐥𝐡𝐚 𝐝𝐚 𝐋𝐮𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora