Pedras no caminho

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Nem sempre a vida foi fácil, houveram muitas vezes que quis desistir, quis fugir ou sumir daquele país. Não se enganem nem tudo é uma maravilha como mostra os dramas ou os filmes, nem todos são amigáveis e sorridentes, principalmente não são muitos que lhe aceitam e lhe tratam bem.

Ser uma estrangeria em um país que fala o mesmo idioma que o seu já é difícil, agora imagina estar em um país que o idioma é totalmente contrario e a cultura totalmente diferente, eu cai de cabeça nos estudos para me adaptar a forma de falar deles e admito que em seis meses estava me expressando bem em coreano, para mim a maior dificuldade era em falar, alguns sons para mim eram muito semelhantes e as vezes eu os acabava confundindo e sendo motivo de piada dentro da escola.

Isso diminuiu um pouco quando conheci Joshua, ele foi uma das pessoas que mais me ajudou naquele período, por ser meio americano e meio coreano ele entendia bem o que eu estava passando e se compadeceu da minha dor e dos meus medos, me ensinou técnica para melhor minha forma de falar e também poder escrever de um jeito mais rápido e fácil.

Ficamos amigos rapidamente e por incrível que apreça acabei descobrindo que o mesmo era um ótimo dançarino que estava atrás de uma empresa que pudesse investir em seu talento, por muito tempo Joshua foi meu único amigo, que em defendeu em momentos complicados e me ajudou em situações difíceis.

Mas quando completei meus dezessete anos conheci uma pessoa que aos meus olhos era extraordinária, sabe aquele padrão que existe: popular, bonita e encantadora... ela era aquilo e muito mais, porém diferente do que eu pensava ela tinha um defeito que ninguém suportava e a tornava diferente: ela não tolerava nenhum tipo de desaforo com quem quer que fosse.

E foi assim que em um dia em que as meninas decidiram acabar com meu almoço Kim Nana entrou na minha vida, naquele dia Joshua não estava na escola, era um de seus importantes treinos na Pledis Entreterniment e eu me vi sozinha no meio de preconceituosas e xenofóbicas. No entanto, Nana agiu antes que elas pudessem transformar meu lanche todo em lixo.

- Acho que não fomos educadas assim meninas! – a mesma se pronunciou segurando o braço de uma – depois vocês querem reclamar que não tem direitos, mas é isso que fazem quando alguém de outro país vem para cá? Vocês são piores que lixo.

Me tornei extremamente grata aquela menina, mas admito que fiquei com medo de falar com ela e levar um fora ou coisa do tipo.

- Ei Yeoleum... Você vem? – ela me examinou novamente e me pegando de surpresa.

- Me quer andando com você? – ela concordou com a cabeça – mas eu sou uma...

- Migug? Sim e daí? Acima de tudo você é humana como eu...

- Mas meu nome é Summer! – a corrigi fazendo-a sorrir como se tivesse achado graça

- Summer igual Yeoleum, sabe na nossa língua – piscou – você vem?

E foi assim que nos tornamos amigas, que aprendi que no meio de tantas coisas como preconceito étnico, racial ou de cor pode existir pessoas que não ligam, são sinceras, verdadeiras e veem você como você realmente é...

Eu sabia que enfrentaria isso enquanto estivesse ali, mas também sabia que poderia no meu caminho encontrar pessoas que eram bondosas, carinhosas e amorosas apesar de tudo.

De início eu ficava um pouco desconcertada quando eles faziam trocadilho com meu nome e quando eles explicaram que na verdade yeoleum era verão em coreano assim como o significado do meu nome em inglês – Summer­ – passei a levar de boa a brincadeira e até fazer parte dela, porém eu só aceitava que pessoas como Joshua, Nana e algumas outras meninas que eram próximas o usassem.

Nada é perfeito, porém você se acostuma e inventa melhores maneiras de lidar com as coisas que surgem no caminho seu caminho, não era lá uma adolescência super normal, mas eu estava levando bem e me adaptando bem, em duas nos meu vocabulário melhorou, minhas amizades cresceram e as implicâncias diminuíram, mesmo eu ainda sendo uma migug – a forma como eles se referem aos americanos – eu continuava a me destacar por estar indo bem nas provas e também ensinos que eram totalmente diferentes do meu país de origem.

O que mais eu iria querer? Para mim naquela idade: tendo onde dançar, amigos para dividir momentos e uma carreira promissora a frente; era tudo que eu poderia imaginar.

Até aquela fatalidade acontecer!

I wanna dance again | JHOnde histórias criam vida. Descubra agora