Romeu e Julieta

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Se passou uma semana desde o incidente e para a surpresa da Hyuuga, Sasuke não ficou tentando falar com ela. Eles não se falavam desde o dia que ele foi expulso. A morena só não sabia se sentia alívio ou se ficava preocupada.
Mas se sentia aliviada por terem encontrado provas de que Karin havia feito aquilo. Uma aluna viu ela indo para a sala do diretor a seguiu, lá ela gravou tudo para usar contra a ruiva e se vingar por toda a maldade que ela fez com as garotas do colégio.
Já era o dia da apresentação e não sabia se o Uchiha participaria, pois era Lee quem o estava substituindo na última semana de ensaio.
- Cadê o Sasuke, Hinata? - o professor de teatro lhe perguntou. Ele devia estar esperando que ele pelo menos aparecesse no dia da apresentação.
- Eu não sei - o desespero tomou conta de seu peito. Como podia se apresentar na frente de tantas pessoas? - Professor? Shion pode me substituir? Não estou me sentindo bem.
- Eu não acredito. Como vocês podem acabar com a minha peça depois de tanto trabalho e suor. Você não pode fazer um esforço? - ela assentiu - Então se prepara, por que já vamos entrar.
Hinata respirou fundo e tentou acalmar seu estômago. Poderia vomitar a qualquer momento. Ela decidiu tomar um ar fresco, já que sua cena demoraria um pouco.
Seus dedos percorreram os contatos até parar no número do Uchiha. Queria ligar pra ele e pedir para salva-la daquela vez, pois sentia como se estivesse se afogando novamente. Iniciou uma mensagem, mas uma garota a chamou para se preparar para sua cena, pois logo entraria. Ela respirou fundo tomando coragem e seguiu para o palco.
Saiu do palco quando chegou a hora do baile. Deveria dar um beijo em Lee. Sem problemas, era só um selinho, não é mesmo? Trocou de roupa o mais rápido que pode e fez um penteado lindo com a ajuda das ajudantes. Ela respirou fundo entrou no palco. Quando olhou para o rapaz do outro lado das pessoas que dançavam uma valsa, sentiu o ar faltar, mas continuou a cena. Era Sasuke. Ele havia chegado enquanto ela estava tomando um ar. Ela começou a dançar com o seu "futuro noivo".
- Quem é aquela dama que valoriza o braço daquele cavalheiro? - começou Sasuke e a voz grave dele fez seu estômago revirar.
- Desconheço - disse seu primo - Mas Rosálina…
- Ela ensina a tocha a ser mais luzente - Hinata absorvia cada palavra do Uchiha, como se não fosse  tudo um teatro - Diria que está pendente da face da noite. Tal qual o brinco de uma rainha etíope. Bela de mais para o uso e muito cara para a vida terrena.  Como clara pomba ao lado de gralhas tagarelas, anda no meio das demais donzelas. Vou procurá-la, ao terminar a dança porque a esta rude mão possa dar ansa de tocar nela e, assim, ficar bendita. Meu
coração, até hoje, teve a dita de conhecer o amor? Oh! que simpleza! Nunca soube até agora o que é
beleza.
Romeu entrou na dança, no momento em deveriam trocar os pares. Quando Hinata deu de cara com o Uchiha, sentiu seu coração falhar. 
- Senhor. Eu protesto - um criado segurou ele pelo braço.
- Tenho uma questão anterior - Romeu se soltou das mãos do criado e voltou a sua dança.
Seus dedos se entrelaçaram e ela não conseguia parar de confundir tudo com a realidade. 
- Que questão é essa? - ela perguntou enquanto dançava com ele.
- A questão do amor que não deve ser desprezada - ela engoliu seco. Suas bochechas queimaram com as palavras dele sendo tão convictas. Como se fossem suas palavras.
Na mesa, onde se encontrava os Capuletos, Tebaldo se agitava com a presença de Romeu dançando com sua prima.
- Pela voz este aqui é algum Montecchio. Rapaz, vai buscar logo minha espada - dirigir-se a um criado - Como! Esse escravo atreve-se a, com máscara grotesca, vir aqui, para de nossa festividade rir e fazer pouco? Pela honra do meu sangue e nobre estado, dar-lhe a morte não julgo ser pecado - Tebaldo esbravejou socando a mesa.
 - Que tens, sobrinho? Que se dá contigo? - se pronunciou o pai de Julieta.
- Tio, aquele é um Montecchio, nosso imigo; um vilão que aqui entrou por zombaria, para
nos estragar toda a alegria.
- Não é o jovem Romeu?
- O mesmo, o biltre Romeu.
- Gentil sobrinho, fica quieto; deixa-o tranqüilo. Ele se tem mostrado perfeito gentil-homem. Para ser-te franco, Verona tem orgulho dele, como rapaz virtuoso e mui polido. Nem por toda a riqueza da cidade quisera que ele aqui fosse ofendido. Acalma-te, portanto, e fica alegre; essa é a minha vontade. Se a acatares, fica alegre e desfaze essa carranca que não vai bem com nossa alacridade.
 - Vai, sim, quando um vilão se mete nela. Não o suporto.
 - Terás de suportá-lo. Como, rapaz! Estou mandando: deixa-o! Quem manda aqui, acaso;
vós ou eu? Ora, não o suportais! Deus me salve a alma. Quereis fazer barulho entre meus hóspedes?
Provocar briga? Ser mandão na festa?
- Mas, tio, é vergonhoso...
 - Ide, ide. Sois petulante, não? Prejudicar-vos ainda pode esta história. Sei de tudo. Procurais contrariar-me? Eis o momento. - Muito bem, corações! - Sois um fedelho. Ide acalmar-vos - Luz! Mais luz! - Que opróbrio! Já vou deixar-vos quieto. - Assim, meus caros! Alegria! Alegria!
 - A paciência e o furor, equilibrados, inativos me deixam com seus brados. Vou sair; mas o intruso que hoje é mel, será amanhã o mais amargo fel.
Tebaldo saiu emanando ódio.
Lentamente Hinata parou de dançar encarando profundamente o Uchiha, que retirou sua máscara, revelando sua bela face. Mesmo que estivesse no script, a Hyuuga não se moveu, apenas continuou o encarando. Sasuke percebeu que ela não se moveria então fez o que ela deveria ter feito e a puxou para o outro lado do painel que delimitava a casa dos Capuletos.
- Fale, senhor? - disse após um tempo, se tocando de que ainda estavam no palco - Está muito sério para esta contra dança.
Sasuke a encarando, a fazia sentir que poderia desmaiar a qualquer momento. O ar já faltava a algum tempo em seus pulmões. O dedos gélidos dele tocaram sua face quando tirou a máscara de seu rosto. Então ele pegou suas mãos.
- Se minha mão profana o relicário em remissão aceito a penitência: meu lábio, peregrino solitário, demonstrará, com sobra, reverência - Sasuke levantou suas mãos entrelaçando seus dedos aos dela.
- Ofendeis vossa mão, bom peregrino, que se mostrou devota e reverente. Nas mãos dos santos pega o paladino. Esse é o beijo mais santo e conveniente.
- Os santos e devotos não têm boca? 
- Sim, peregrino, mas só para orações.
- Deixai, então, ó santa! Que está boca mostre o caminho certo aos corações.
- Mas as santas não se movem quando atende as orações.
- Então não se mova - Sasuke tocou seu rosto com seus dedos gélidos acariciando-o - Enquanto colho o fruto das minha orações.
O Uchiha se aproximou lentamente de seus lábios e Hinata ansiava por aquilo. Seus interior ansiava pelo toque de seus lábios. E quando, finalmente, se tocaram. Ela desejou que aquilo não fosse um teatro e pudesse continuar naquele momento por horas. No entanto, quase reclamou quando ele se afastou. Ele ficou a encarando e percebeu que ele também estava sentindo o mesmo que ela. Ignorando todos ao redor. Só voltaram a si quando as cortinas se fecharam e ouviram os aplausos e assovios da plateia.
- Sasuke. Eu…
- Não fiquem parados aí, a próxima cena vai começar - o professor ordenou.
A peça terminou bem. Por um lado sim, por terem sido bons atores, mas por outro, o casal morreu por não suportarem viver sem o outro.
Após agradecerem a platéia, os bastidores ficaram um caos. Hinata nem conseguiu falar com Sasuke que desapareceu assim que as cenas terminaram. Ela os buscou no meio daquelas pessoas e viu uma cabeleira preta saindo pela porta dos fundos. Precisava falar com ele e por isso seguiu para onde o vira.
- Oi - então sua mente voltou a si após atravessar a porta. Piscou algumas vezes tentando voltar a realidade.
- Oi - por um segundo pareceu triste, mas depois esboçou um belo sorriso - Que saudade - ela abraçou seu namorado com toda a força que tinha. Talvez fosse a culpa. Será que ele viu a cena do beijo? - Achei que não viesse.
- Eu consegui escapar da prisão por bom comportamento - ela sorriu - Por que não me disse que o garoto que teria que beijar, era Sasuke? - ele falou sério e ela engoliu seco.
- E-eu só não achei que fosse relevante.
- Hinata, ele é apaixonado por você desde que nos conhecemos. Como não é relevante? - ele se alterou. Ele sempre se alterava quando se tratava do Uchiha e só agora percebeu o motivo. Ele tinha medo de que ela também sentisse algo pelo moreno, já que ela o conhecera antes de conhecer Naruto.
- Do que você está falando? Sasuke nunca gostou de mim. Muito pelo contrário, ele me odiava - era muito absurdo. Ele poderia estar apaixonada por ela, mas nunca viu um sinal de interesse dele.
- Sasuke nunca odiou você. Ele só odiava o fato de você gostar de mim e não dele - tudo se encaixava em sua mente agora. Ela ficou um tempo em silêncio raciocinando o que ele disse - Só admite pra mim, Hinata. Sei que não me deve nada, mas preciso ouvir você dizer.
Hinata foi pega de surpresa. Não poderia mentir pra ele novamente. Mas também não queria acreditar que sentia algo pelo Uchiha.
- Eu não posso, por que não é verdade Naruto. Eu nunca deixei de amar você.
- Não deixou. Eu sei disso - respirou fundo - É minha culpa. É minha culpa.
- Do que você está falando?
- Estou falando de você também estar apaixonada pelo Sasuke.
- O que? - Como poderia mentir? Queria com todas as forças mentir pra ele e mentir para si mesma - Não. Isso não é verdade.
- Só quero que olhe nos meus olhos e diga que não sente nada por ele - os olhos dela encontraram com os azuis dele e sentiu seu corpo tremer. Não sabia mentir. Ela apenas desviou o olhar e ficou em silêncio - Eu sabia - Naruto socou uma árvore que estava atrás dele.
- Naruto. Eu… - seus olhos marejaram.
- Morena - o Uzumaki se comoveu com as lágrimas dela. Ele sabia como Hinata era frágil - Me desculpa. Eu… - ele a abraçou - Eu sou um idiota. Me perdoa.

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