18 capitulo (revisado)

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Volto para a praia como se nada tivesse acontecido. Uma coisa que aprendi muito bem foi a esconder meus sentimentos e expressões, mas quando o assunto é meu passado, eu não aguento os sentimentos que estão acumulados, especialmente o relacionado ao meu pai. Não gosto de parecer fraca, mas nem sempre consigo esconder.

Tenho cicatrizes em meu corpo e no meu coração, cicatrizes que, se eu olhar, me lembram da dor, do sofrimento, da perda e das lembranças. São cicatrizes para as quais não há remédio.

Meus monstros me perseguem aonde eu vá. Quando penso que consegui despistá-los, eles reaparecem.

Uma coisa que nunca contei a ninguém é que eu tenho um monstrinho ou um amigo imaginário. Sem ser amigo, eu tenho ele desde pequena. Não o via há uma semana, mas ele voltou.

Ele não é meu inimigo, mas também não é meu amigo. Ele gosta de ver o parquinho pegar fogo e me ensinou a ser quem eu sou.

Quando era pequena, não tinha amigos por causa dele. Sempre que falava dele, as crianças se afastavam de mim, então me acostumei com sua presença. Ele é legal, mas sempre está me seguindo. Eu devo ter criado ele com meu subconsciente como uma forma de proteção, por isso ele sabe como ativar meu modo mais frio e psicopata.

Há três anos, foi ele quem me ajudou a matar meu tio. Antes, ele me ajudou a planejar, foi aí que eu me tornei uma psicopata. Eu já era uma pessoa fria, ele só deu um empurrãozinho.

Se me abandonarem, eu sei que ele vai estar lá, já que ele sou eu. Ele é feio e estranho, mas eu relevo. Ele me diz para me acostumar com a solidão.

Eu sei que um dia ele vai sumir, mas só não quero acreditar. Ele ainda está vivo por causa do meu infantilismo. Sim, eu tenho mais, mas consigo controlar. Como eu tenho uma parte criança, ainda tenho uma imaginação fértil.

Eu gosto de pensar que ele é meu anjo-demônio, pois ele me salvou muitas vezes.

Eu tenho depressão e cortes em meu corpo que fiz por causa das lembranças e pesadelos relacionados ao meu passado. Nunca me relacionei com nenhum homem, pois eles me fazem lembrar do meu tio, da minha dor e do nojo, me fazendo querer vomitar.

Sempre que estou sozinha, converso com ele nas minhas crises. Ele me ajuda. Quando estou triste, ele está lá. Ele diz: "Vai chorar por causa disso?", "Se continuar, vai desidratar", "De novo esse drama?". Nas minhas crises, ele fala: "Respira, ou você desmaia", "Tô aqui, o anta não tá vendo?". Ele parece duro, mas tem vezes que ele diz: "Chora se guardar mais, você pode morrer. Eu tô com você", "Respira, não vai acontecer nada de ruim. Eu tô com você."

Ele me anima. Já tive uma queda pelo meu imaginário, mas faz muito tempo. Tá, ele não é tão feio assim, mas ele é esquisito. Tá bom, ele é lindo, mas não esperava menos do meu subconsciente. O Cain é lindo, fazer o quê, né?

Deito na cama olhando para o teto, minha mente em branco.

Cain: – Daqui a pouco o teto fura de tanto você olhar para ele.

S/N: – Gracista, você né?

Cain: – Sim, com muito amor. – Fala fazendo uma pose (a mão na testa com a cabeça virada de lado de um jeito sexy).

S/N: – Tá tentando me seduzir, Cain?

Cain: – Nem se eu quisesse, não dá para namorar comigo.

S/N: – Quem disse que para namorar precisa de contato físico? Eu estava zoando você. Eu prefiro a gente assim.

Cain: – Agora a gracista é você. Que vem para o circo?

Rio de seu comentário. Escuto a porta ser aberta.

S/N: – Fica quieto, escuto, Cain. – Falo sussurrando. Olho para quem é e era o Chishiya. – A que devo a honra de sua visita?

O Cain ri do que eu falei. Não posso evitar querer rir também, mas tenho que me concentrar.

Chishiya: – Só queria saber se você estava bem.

Cain chega perto de mim.

Cain: – Tem alguém preocupado com você.

S/N: – Cala a boca. – Falo bem baixo.

Chishiya: – O quê?

Ele não consegue ouvir o que eu falei.

S/N: – Nada. Estou bem, obrigada pela preocupação.

Chishiya: – Ok, então tenho que ir. – Ele fala relutante, mas vai.

S/N: – Você vai ver só, Cain. Você me paga, seu idiota. – Falo estressada, vendo o Chishiya levantar as mãos.

Cain: – Fiz nada demais. Ele não me escuta.

S/N: – Mas eu sim, idiota. – Deito na cama de novo e tento dormir.

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Obg por lerem



Alice in borderland {Hiatus}Onde histórias criam vida. Descubra agora